terça-feira, junho 29, 2010

" Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia.”.

(por Rodrigo Constantino) 


Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam (Edmund Burke) 
Agora praticamente é oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo. 
Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?
Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional - Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso. 
Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios os mais abjetos para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto. 
Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste. 
Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. 
Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos. Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo bolivariano? 
Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca. 
Dito isso, assumo que votarei em Serra, Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. 
Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, 
ainda que momentâneo. 
Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto
temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização - o que não é muito, mas é o que hoje devemos e podemos fazer!

A ESCOLHA DE SOFIA - 


"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam." - Arnold Toynbee-
Como vocês sabem, a escolha de Sofia é a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha - qual será executado e qual será poupado. 
Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos. Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele. 
A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de decisão quase impossível de ser tomada. 



sábado, junho 26, 2010

Indicadores da Vida Comtemporânea

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segunda-feira, junho 21, 2010

E o Dunga hein?!

Se o dono do Blog me permite...
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Eterno (e inútil) confronto
seg, 21/06/10 por Lédio Carmona
O Brasil venceu a Costa do Marfim. Melhor ainda, convenceu. Não é fácil derrotar aqueles africanos parrudos, que tem Drogba e, além de jogar bola, distribuem pancada com absoluta presteza. Clima de festa. Não para todos. Após o jogo, Dunga botou todo seu rancor para fora. Xingou quem passasse a sua frente. Primeiro, o arbitro francês Stephanne Lannoy. Depois, Drogba, sabe-se lá por que. E, por fim, o companheiro e amigo Alex Escobar, que também nada fez e foi brindado com um vocabulário rebuscado. Na verdade, ao mirar em Escobar, Dunga queria mesmo acertar toda imprensa. Como fez em 1994, quando, no momento em que erguia a taça do tetra, disparou toda sua mágoa, ira e ressentimento contra o mundo da mídia. Perdeu o tempo dele. Ontem, hoje e provavelmente amanhã.
Dunga foi um ótimo volante. E se transformou num bom treinador de campo. Fora dele, está a léguas de se tornar um Franz Beckembauer, Michel Platini ou mesmo um Johann Cruyff. Craques em campo, lordes fora dele. Como treinadores, nunca se viu nenhum desse ícones ofender ninguém, bater-boca com jogador adversário… Eles não feriram a liturgia do cargo. Sabiam que técnico de seleção de ponta (ou de clube de ponta) tem obrigação elevada. Dunga, nesse caso, está mais para Diego Maradona. Precisa ir além do sistema tático e do grupo fechado. Ser altivo, superior, jamais confrontador, desafiador e ofensivo, como se estivesse num ringue de boxe disposto a derrubar quem simplesmente olhasse para ele ou ousasse lhe dizer “bom dia”.
A imprensa não é santa. Aqui mesmo, na África do Sul, há vários representantes da mídia brasileira que vacilam, perguntam mal, provocam, irritam, incitam e procuram levar uma resposta atravessada. Estamos atrasados em muitas coisas. Mas isso não permite a alguém (nem a Dunga) que ultrapasse os limites do bom senso, do comportamento justo e das boas maneiras durante uma coletiva oficial (ou não) da Fifa. Como diria minha saudosa avó, é preciso ter “modos”.
Dunga é um bom treinador. Não mudarei de opinião depois do que aconteceu ontem. Faz um bela trabalho e tem tudo para fazer carreira internacional como treinador. Não sei se mudará, mas seria muito interessante (e saudável) para sua carreira que abaixasse as armas, evoluísse e finalmente entendesse o papel da imprensa na sociedade. Não levo fé nessa última parte, mas quem sabe… Que tal aqueles que estão ao seu lado não o ajudem a entender essa realidade? Melhor do que botar mais fogo…
Dunga escolhe o que é melhor para ele e para a seleção. Mas, por onde passamos, aqui ou no Brasil, ouvimos muito repercussões sobre o repertório fora do tom da coletiva do que para os gols de Luís Fabiano. Não é o melhor dos caminhos. Mas tem gente que só consegue ser feliz e realizado na turbulência do confronto.
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Minha opinião: O Dunga vai entrar para história como o treinador do Hexa campeonato (Se Deus quiser), só que será lembrado como um cretino e otário! E vá! Ele tem se mostrado um verdadeiro otário! Ontem ele protagonizou duas cenas dignas de filme trash mexicano de quinta! Mal anão, muito mal!

domingo, junho 20, 2010

A ERA DO GRUNHIDO

Por Flávio Gomes no Blog da Copa (nem com muito orgulho, nem com muito amor)


O Brasil tem uma revista semanal, “Veja”, que se considera a maior do país. Deve até ser mesmo, sei lá quais são os critérios, não sei quantos leitores tem, quanto fatura, não me interessa. Deixei de assinar essa porcaria anos atrás, já não me lembro se por algum motivo específico, ou se foi, apenas, porque um dia peguei na porta de casa e me espantei: eu ainda gasto dinheiro com esta merda?
Tal revista perdeu a relevância, para estabelecer um marco, depois da queda de Collor de Mello. Naqueles anos de impeachment, as semanais deram vários furos, foram importantes, descobriram coisas. Depois, sumiram. Hoje, a “Veja” é reduto de uns caras chiliquentos como Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes. “Ah, você não lê, como sabe?”, vai perguntar alguém.
Eu de tudo sei, tudo conheço. Piadinha interna.
Mas não quero falar aqui dessas figuras ridículas que acham que escrevem bem e que se julgam parte de algum grupo de pensadores contemporâneos, já que são cheios de fazer citações by Wikipedia e com elas impressionam seus leitores babacas. O que escrevem e dizem, para não ofender demais, repercute entre eles três e seus leitores babacas, todos compartilhados. Eles detestam o Lula e o PT, e é tudo que conseguem exprimir com sua verborragia enjoativa e padronizada. Mas dali não sai, suas opiniões e ataques histéricos contra o que chamam de esquerda brasileira não têm importância alguma, não produzem eco algum.
Só que a capa da “Veja”, embora a revista seja uma droga indizível, tem importância, sim. Afinal, ela é vista por alguns milhões de pessoas, repousa amarrotada durante meses em mesinhas de consultórios médicos, dentistas e despachantes, e as pessoas a notam nas bancas de jornais, ao lado de mulheres peladas. E algumas pessoas ainda puxam assunto em mesas de bares e restaurantes dizendo “li na ‘Veja’”, e tal. São os “formadores de opinião”. Uau.
E aí aparece aqui na minha frente, no estúdio da rádio, a ”Veja” que foi hoje às bancas. Na capa, “CALA BOCA GALVÃO”, uma foto do narrador da Globo, e está dada a senha para uma pretensa reportagem séria de sete páginas, um “box” e três gráficos sobre o poder do Twitter, motivada por uma bobagem infanto-juvenil que nem os “tuiteiros” levam muito a sério, lançada no dia da abertura da Copa. Aliás, nem o Galvão levou a sério, claro, porque discutir um uma “hashtag” de Twitter é como sugerir um seminário para analisar a musicalidade de uma vuvuzela, ou um congresso sobre comunidades bizarras do Orkut.
Ontem morreu José Saramago. O maior escritor da língua portuguesa mereceu desse semanário indefensável meia página, com uma foto e uma legenda editorializada, porque ”Veja” tem opiniões formadas até sobre índice e numeração de páginas. Diz a legenda: “ESTILO E EQUÍVOCO”, reduzindo Saramago a isso, a alguém que tinha estilo e era equivocado, para atacar as posições políticas e religiosas do escritor, comunista e ateu.
Alguém ser comunista e ateu, para a “Veja”, é algo mais condenável do que estuprar a mãe no tanque. “Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política”, diz o texto pastoso, que nem assinado foi. Uma pobreza jornalística inacreditável. “Nos países cujos regimes ele defendia, nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranquila”, encerra o autor. Como é que alguém pode escrever uma merda desse tamanho? Será que essa gente não tem vergonha do que coloca no papel?
Pois todas as palavras ditas e escritas por Saramago, capaz de obras-primas da literatura universal como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Todos os Nomes”, “Memorial do Convento”, “Caim”, “Jangada de Pedra”, mereceram da “Veja” meia página, enquanto três palavras bobas espalhadas pelo Twitter foram parar na capa da revista e em sete de suas páginas.
O que mais me atormenta, quando vejo essas coisas, é saber que graças a decisões editoriais como essa, uma babaquice como o “CALA BOCA GALVÃO” assume, diante dos olhos e do julgamento dos retardados que levam tal revista a sério, uma importância bem maior do que a vida e a obra de Saramago.
Saramago pedindo um café a sua esposa tem mais conteúdo, provavelmente, do que todas as edições juntas de “Veja” dos últimos 15 anos. Ele tinha razão, quando falava do Twitter — não se enganem, Saramago tinha até blog, não era um velhote vivendo numa caverna. Numa recente entrevista por e-mail a “O Globo”, disse: “Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”.
Pois a “Veja”, hoje, inaugurou a era do grunhido impresso.
Autor: Flavio Gomes

quarta-feira, junho 09, 2010

Final de Lost: ep. 6x17/18 ‘The End’ – Easter eggs, curiosidades e repercussão


por Davi Garcia no dudewearelost

O que Lost representou para você? Pergunte isso para 10 pessoas e você provavelmente terá 10 respostas diferentes. Não é realmente fácil definir a série numa só leitura e isso diz muito sobre sua complexidade e o nível de envolvimento que cada um de nós desenvolveu com ela. Se para uns foram sempre as pessoas o elemento mais importante de Lost, para outras eram apenas os mistérios que interessavam. A discussão é infindável e bem vinda como sempre, claro. Contudo, para não me alongar demais, destaco uma frase do James Poniewozik da revista Time, que fez uma leitura bem interessante do que Lost significou de uma forma geral e abrangente: a iniciativa de entretenimento mais filosófica que a tv já viu. Gostando ou não de desfecho da série, dá para discordar?

Ao optar por deixar de lado os mistérios que mais atormentavam a turma docheck list concentrando-se na conclusão da jornada vivenciada em conjunto pelos personagens que conhecemos há seis anos, ‘The End’ derrubou todas as teorias mais prementes ao mesmo tempo em que subverteu uma das mais antigas, aquela ligada à ideia do que representa o que muitos chamam de purgatório, limbo ou qualquer outra coisa parecida. Ao construirem a revelação do que era a realidade paralela em cima desse conceito (um lugar para deixar o fardo para trás, recordar o que aprendeu e evoluir), os produtores - no melhor estilo Sawyer - aplicaram um belo golpe para dar desfecho à história dos personagens de forma bastante emocional e, no caso de Jack especificamente, cíclica.

Se Lost foi uma série sobre sobreviventes de um acidente aéreo que encontram numa ilha a chance de um recomeço, o nada previsível ‘The End’ foi o desfecho da história de um grupo que se encontrou na comunhão dos laços afetivos que criaram para poder dar o próximo passo e seguir em frente como disse Christian Shephard. Ao ousar apontar uma resposta para um dos maiores mistérios da humanidade (o que acontece quando a vida aqui acaba?), o teor da última e impactante mensagem que Lost deixa para nós é inquestionavelmente espiritual. Dito isso, você não precisa acreditar em nada daquilo para entender a mensagem. Basta pelo menos se permitir sentir o que foi mostrado nessa que foi a mais tocante celebração da natureza humana que a tv já produziu.

Como fã já saudoso da série, esse post foi especialmente difícil de ser feito. Não pela escassez de tempo ou por conta do tamanho do episódio, mas sim pela certeza de que cada nova imagem que eu capturava do vídeo e cada novo pequeno comentário que escrevia era a representação de mais uma despedida daquela história e daqueles já saudosos personagens.

Divirtam-se!


Na breve, porém não menos bela sequência que abriu o episódio mostrando a chegada do caixão de Christian Shephard ao aeroporto de Los Angeles e o ping-pong mostrando alguns dos personagens na realidade da ilha e naquela que mais tarde descobriríamos ser paralela só no nome, a trilha de Giacchino fez a mágica dando um tom melancólico e emocional da despedida que o episódio marcou.

O despertar dos personagens

De uma maneira geral, todos as sequências que mostraram o despertar dos personagens foram impactantes. Inevitavelmente, cada um tem sua preferida (ou preferidas), mas se há uma certeza sobre todas elas é que foram emocionantes, ainda que em graus diferentes.





    Marcado pela reaparição de Juliet, o despertar de Sun e Jin teve como gatilho as coisas mais importantes que a ilha lhes deu: a reconstrução de seu casamento (motivado pela redescoberta de seu amor) e sobretudo o fruto daquela relação: Ji Yeon. Curioso também notar que naquele plano, foi justamente Sawyer que apareceu para ‘protegê-los’. Logo ele, que na realidade da ilha chegou a se sentir culpado por suas mortes.
    Sim, sim, o despertar do iraquiano teve lá sua dose de emoção também, mas vamos combinar que ainda que seja compreensível que ele tenha ocorrido com Shannon (afinal, essa parecia ser a única forma mais orgânica de reintroduzí-la no desfecho da série), ficou um tanto quanto incoerente que o grande laço afetivo que Sayid tenha tido em vida fosse com a loirinha mimada em vez de Nadia (que Sayid havia prometido encontrar numa outra vida inclusive, lembram?). E ok, que a ‘lógica’construída tenha sido a da ligação nascida na ilha onde Nadia nunca esteve, mas mesmo assim, sei lá, ficou estranho. Ou não?
    Locke sempre fez parte do grupo e sempre se importou com eles, ainda que bem menos do que Jack, por exemplo. Analisando sob esse prisma, a verdadeira conexão de Locke nunca foi especificamente com alguém, mas sim com a própria ilha. Foi ela que promoveu o milagre de fazê-lo voltar a andar e transformou o antes fracassado John, num homem crente, confiante e fiel à natureza inexplicável, porém absolutamente marcante do lugar que lhe deu o que mais procurava em vida: respeito.

    Fora isso, vale destacar também a frase dita por Locke a Jack naquela ocasião: “espero que alguém faça por você, o mesmo que você fez por mim”. A frase ganha ainda mais impacto quando pensamos que no final de sua jornada na ilha, Jack poderia dizer esta mesma frase a Locke se ele estivesse vivo por lá.
    De todos os personagens, um dos mais perdidos em vida ao chegar à ilha era Charlie Pace. Mergulhado num vício, o astro de um sucesso só encontrou no amor que nutriu por Claire a conexão que já havia perdido com trabalho, amigos e família. Tê-la, foi a oportunidade de aprender a valorizar o gosto pelas coisas mais simples (quem não lembra do simbolismo daquela cena do pote de pasta de amendoim vazio?) e desenvolver um forte sentimento de proteção por ela e pelo então bebê Aaron. Um sentimento aliás, que culminaria num ato de desprendimento máximo traduzido pelo sacríficio que marcaria sua morte no final da 3ª temporada.

    Com relação a Claire e Kate especificamente, o simples ato de ‘reviverem’ a situação do parto de Aaron foi suficientemente forte o bastate para trazer a plena compreensão do que seu encontro representava naquele plano. A construção da cena foi praticamente idêntica àquela que culminaria no nascimento de Aaron na ilha e não menos emocionante, graças sobretudo ao belo trabalho de Evangeline Lilly, que conferiu muita autenticidade à emoção que o momento exigiu de sua personagem.

    Nota: Sinceramente não entendo a polêmica em cima de termos visto o ‘nascimento’ de Aaron ali. O fato é que Aaron não existiu naquele plano. Toda a recriação daquele mundo, levou em consideração a construção das mesmas situações que os fizeram se ligar. Assim, era natural que um evento daquela importância para aqueles três personagens fosse revisitado. Era o gatilho que precisavam para se recordar.
    Com a cena que começou com piadinha de Juliet com 
    Sawyer
     James (‘talvez você devesse ler os direitos da máquina’), vimos algo que culminaria num dos momentos mais marcantes e emocionantes desse final da série. A sequência que promoveu o reencontro dos dois, trouxe ainda a explicação inequívoca de que as últimas palavras de Juliet em vida (‘Deveríamos tomar um café’) eram mesmo reflexo da outra realidade. Já o ‘funcionou’ ouvido por Miles, muito mais do que a certeza de que outro plano existia (ainda que não provocado pela detonação da bomba), tinha a ver também com o fato de que uma reles máquina de guloseimas havia liberado uma barrinha de chocolate Apollo, que como você deve ter notado, ficara presa na posição 23.
    Relutante, Jack acabou sendo o último a despertar para o significado de todos aqueles encontros recheados de coincidências. Ver sua jornada naquele plano, foi quase um espelho de sua trajetória em vida na ilha, lugar em que um líder nato viu sua razão fria ser sugada pela falta de respostas lógicas e onde ele só encontrou a paz plena ao abraçar na fé e no desprendimento, a chance efetiva de consertar e se conectar de forma efetiva e principalmente afetiva com todas aquelas pessoas. Desta sequência, também não dá para deixar de falar da emoção do personagem ao finalmente poder se reencontrar de forma serena com o pai, Christian, justamente o responsável por dar o empurrão final para o choque de consciência no filho.

    Outros momentos marcantes
    “Ei doc, que tal descer da montanha e contar o que o arbusto ardente tinha a dizer?” Na cena que abriu definitivamente o episódio, Sawyer fez graça ao perguntar a Jack o que eles deveriam fazer dali para frente. Sua menção ao tal arbusto (Jacob)? Uma referência ao livro do Êxodo da bíblia, que em passagem do capítulo 3, destaca a representação de Deus como sendo uma sarça (espécie de arbusto) ardente conversando com Moisés.

    Dentre as várias referências que a série fez a Star Wars, as duas ditas por Hurley foram especialmente significativas. A primeira, “(Jacob) é pior que o Yoda”, representou de forma perfeita tudo o que o ex-protetor da ilha era: um ser de grande sabedoria adquirida pelos longos anos na ilha, mas que preferia complicar as coisas quando poderia simplificá-las. Já a segunda menção, “Tenho um mau pressentimento sobre isso”, foi uma alusão direta à mesma frase dita pelo menos uma vez em todos os filmes da saga galática criada por George Lucas.
    E o hotel que Hurley chegou em sua hummer com Sayid onde foi ‘convencer’ Charlie (usando dardo tranquilizante) a ir para o concerto, hein? É exatamente o mesmo que Sayid usava como esconderijo e onde acabou sendo atingido por um tranquilizante bem parecido em determinada passagem dos flashforwards. Esse mesmo hotel também já havia aparecido num flashback do Locke quando ele tentou propor casamento a Helen.
    Embora Rose e Bernard nunca tenham sido regulares no elenco de Lost, depois do 2º ano da série, era uma tradição incluí-los nos encerramentos de cada temporada. Assim, se vê-los nesse desfecho não chegou a ser tão surpreendente uma vez que a teoria apontando que eles pudesse ser o casal de esqueletos na caverna já havia caído, pelo menos tivemos a confirmação de que os dois não ficaram ‘presos’ no passado da ilha. Vivendo quase como afamília Robinson (série dos anos 70 sobre uma família de náufragos que passa a viver numa ilha), foi o casal que ajudou Desmond a sair do poço dando-lhe abrigo até o momento que (F)Locke aparece ameaçando matá-los caso Desmond não o acompanhasse. Agora sabendo como a história terminou, como será que os dois viveram no período que Hurley foi o protetor da ilha, hein?
    Além desse belíssimo cenário (que faz parte de um tour organizado por uma empresa de turismo em Oahu), uma das coisas que mais sentirei falta da série são os geralmente fortes diálogos envolvendo Jack e Locke. E nem importa se aquele ali não era o verdadeiro Locke. O nível de tensão entre os dois personagens era o mesmo.

    Ainda dessa sequência, destaque para a frase de (F)Locke a Jack: “você era a escolha mais óbvia”, quase um reflexo do que muitos fãs disseram depois dos acontecimentos do penúltimo episódio.
    Vi alguns questionamentos apontando que era incoerente (F)Locke saber localizar o coração da ilha de uma hora para outra. Para esses pergunto: por que ele não saberia? A questão é que antes ele não tinha nenhum mecanismo tão singular como Desmond em mãos para que enfim pudesse tentar extinguir a luz que mantinha o equilíbrio da ilha (mais sobre isso daqui a pouco). Daquela cena, veio também o que seria uma das últimas dicas sobre a real natureza da outra realidade através das palavras de Desmon, “ há um lugar onde podemos ficar com nossos entes queridos.”
    Outro grande momento desse final da série veio na fala de Jack, que reconhecendo mais uma vez a importância do verdadeiro John Locke em sua jornada até ali, disse o seguinte a (F)Locke: “Você desrespeita a memória do Locke ao usar o rosto dele, mas não é nada parecido com ele. No final, ele estava certo sobre quase tudo. Pena que eu não disse isso enquanto ele estava vivo.” Palavras absolutamente marcantes para um personagem que passou tanto tempo consumido pelo orgulho, não?
    Uma homenagem elegante a um daqueles momentos da história da série que certamente figura na lista de todo fã. Assim foi a construção da cena que mostrava (F)Locke e Jack observando o fundo daquela caverna de luz fazendo espelho daquela que marcou o encerramento da 1ª temporada quando a escotilha foi finalmente aberta. Excelente sacada do roteiro e principalmente do diretor Jack Bender.
    E não é que aquela história de que se não há corpo não há morto fez todo sentido para Lapidus? Pois é, agora cá entre nós: o personagem só existiu durante toda a temporada para que pudesse ser o piloto do avião Ajira que tiraria algumas pessoas com vida da ilha. E da rápida sequência no mar, veio aquela constatação: a temporada e a série acabou e a explicação do quem estava atirando nos losties durante um dos saltos temporais na 5ª temporada não foi dada. Sabe aquela história de que Lost é/foi uma série brilhante, mas ainda assim passível de tropeços? Pois é.

    Em destaque na imagem acima, o momento em que Richard Alpert finalmente percebe com alegria que havia se livrado do que para ele era uma verdadeira maldição: o fato de não poder envelhecer. Com a certeza de que sua vida teria fim um dia, Alpert soube valorizar num simples cabelo branco, o desejo de poder realmente viver.
    Tá certo que perto da revelação final (e sobretudo por conta do que Locke disse* a Jack logo após seu despertar), a descoberta de que Juliet seria a tal ex-mulher de Jack naquele plano e mãe de seu filho, David, até perdeu o brilho. Dito isso, não dá para ignorar o fato de que há uma certa coerência de que Jack pudesse ter algum envolvimento com a loira dado que essa possibilidade foi bem explorada ao longo da 3ª temporada.

    * Sobre o fato de David não existir, segundo Locke, uma boa interpretação pode ser a seguinte: sendo aquila realidade um mundo criado pelos espíritos dos personagens para que eles pudessem se reencontrar, Jack teria um filho para que pudesse através dele resolver seu dad issue colocando-se justamente na posição inversa que experimentou em vida e o traumatizou. Mas e a Juliet, o que tem a ver com isso? Ora, um de seus maiores traumas em vida na trajetória da ilha não era a de ter quase sempre encarado decepções com gestações que nunca se concluiam? Talvez tenha sido essa a saída dela para apaziguar parte desse sofrimento: experimentar ela própria uma gravidez que chegou ao fim.
    Excelente termos visto que o coração da ilha não era só uma ‘fontezinha de luz’ saída de um parque temático qualquer como alguns apontaram depois do ‘Across the Sea’ (que contextualizado com esse final ganha ainda mais importância, mas divago). Indicando de novo que outros povos/civilizações passaram pela ilha muito antes daquela protetora que manipulou dois jovens irmãos, o interior da caverna nos revelou a existência de um mecanismo construído por homens para tentar manter em equilíbrio pleno, as forças que regiam a ilha.

    Daquela sequência, destaque claro, para a decepção de Desmond que até ali achava que o contato com a fonte de eletromagnetismo o faria ‘viajar’ de novo para bem longe dali e para o fato de que extinta a luz (pelo menos momentaneamente), (F)Locke/homem de preto finalmente viu sua humanidade ser reestabelecida ainda que toda maldade fruto da tragédia que se abateu sobre ele permanecesse. E foi com aquele evento que acabamos chegando à...
    ... bem orquestrada sequência (que começou com um plano lembrando o filme ‘300’) de Jack com o homem de preto no penhasco. Daquela selvagem briga que culminaria com Kate atirando e matando o homem de preto, destaques mais que óbvios (de novo) para a boa direção de Bender, que soube mesclar cortes secos com boas panorâmicas, que aliadas à fotografia acinzentada e consequentemente sem vida, remetia exatamente à sensação de que um dos dois personagens encontraria seu fim ali.
    Ainda daquelas cenas, os ferimentos à faca sofridos por Jack remeteram instantaneamente àqueles que tanto intrigaram o personagem em vários momentos dessa última temporada naquela outra realidade. Tendo aparecido ainda no episódio “LA X” (lembra do Jack observando um seu pescoço ainda dentro do avião?), não deixa de ter sido uma pequena dica bem sutil dos roteiristas da série já àquela altura apontando para onde iriam, afinal, foi um daqueles ferimentos, a facada no abdomem, o responsável pela morte de Jack, o que por tabela deu todo sentido àquela história de Jack não se lembrar de onde ela teria surgido.
    É muito justo dizer que os atores do elenco de Lost cresceram com a série e que ficaram maduros profissionalmente entregando (salvo raras exceções) interpretações muito mais marcantes e significativas do que antes. Além de Josh Holloway e da própria Evangeline Lilly, Jorge Garcia foi um dos que mais evolui em seu trabalho ao longo desses seis anos. Assim, se lá no início vê-lo tendo que fazer cenas que exigiam emoção do personagem era certeza de que algo ficaria faltando, ao encerrar seu trabalho na série o ator conseguiu se mostrar muito mais à vontade e competente para transmitir o tom certo que as mais variadas situações exigiam. A cena que marcou a transmissão do cargo de protetor da ilha de Jack para ele foi um desses grandes momentos do ator/personagem na série. Hurley realmente se importava com os outros e nunca aceitou com facilidade a ideia de sacrifícios alheios ainda que feitos em prol de um bem maior poderiam ser a última saída. As lágrimas de Hurley não eram provocadas pelo medo de ter que assumir a responsabilidade de proteger algo que ele ainda sequer compreendia em sua plenitude, mas sim pelo temor de ter que se despedir de um amigo, o que sempre diz muito sobre quem foi aquele carismático dude.
    Uma das certezas que o final de Lost nos trouxe foi que o ‘te vejo em outra vida, irmão’ ganhou seu sentido definitivo principalmente por conta da cena que marcou o salvamento de Desmond por Jack e da despedida entre os dois. Foi também naquela sequência que marcou a restauração do equilíbrio da ilha, que Jack começou a deixar suas dores de lado para vislumbrar a satisfação do dever cumprido.
    A decolagem do Ajira levando Sawyer, Kate, Claire, Miles, Alpert e o próprio Lapidus, claro, foi outro daqueles bons momentos de ‘The End’. A construção da cena que terminaria com o avião alçando voo trouxe pro lado de cá da tela a mesma tensão que os personagens transmitiram ao se mostrarem nervosos e agarrados em suas poltronas. Ou vai dizer que você passou incólume às emoções daquela sequência?
    Não sei você, mas se eu tivesse que fazer um ranking das cenas mais impactantes e emocionantes de ‘The End’, essa entre Locke e Ben na parte externa daquela ‘igreja’ figuraria fácil fácil no meu top 3. E se já é lugar comum dizer que Michael Emerson e Terry O’Quinn são dois grandes atores, chega a dar um certo aperto só de pensar que dificilmente veremos na tv cenas tão fortes, emocionantes e vibrantes como a que marcou o pedido de perdão de Ben a Locke. E se a cena já não era suficientemente perfeita só por aquele momento, ver John se erguendo da cadeira de rodas que tanto o prendeu em vida foi a coroação final de uma dessas cenas inesquecíveis na história da tv.

    “Ainda tenho coisas a resolver.” Foi por isso que Ben não se juntou aos demais naquele lugar. De suas maiores pendências, pedir perdão a Danielle Rousseau e a Alex por tudo que fez a elas certamente era a maior, assim como se reencontrar com o próprio pai, Roger, cuja vida o próprio Ben tirou.

    Nota: Se as cenas entre Locke e Ben agora só existirão nos DVDs da série e nas nossas memórias, voltar a ver O’Quinn e Emerson atuando juntos de novo não é um sonho muito distante. A possibilidade vem circulando já a alguns meses, por isso não custa dar um destaque à nota do Digital Spy (em inglês) que aponta chances reais de que um projeto de série (que não tem nada a ver com Lost, diga-se) pensado por O’Quinn possa ganhar vida num futuro próximo. Vale a torcida desde já, não?
    Desde que apareceu na série, nós nunca conseguimos saber quando Ben estava ou não usando a máscara da mentira e da manipulação. Nesse panorama e dado o desfecho do personagem, seu conselho, “faça o que você sabe fazer de melhor, Hugo. Cuidar das pessoas”, soou absolutamente verdadeiro. E ao compreender que não estava destinado a ser o ‘dono’ da ilha, Ben pôde finalmente se envolver com o lugar de um jeito que nunca havia experimentado antes, o que de certa forma acabou ajudando-o a encontrar parte de sua redenção particular na posição de consiglieri de Hurley, o novo Jacob.

    E com conversa que os dois personagens tiveram do lado de fora daquele lugar (falando de si próprios no passado), veio também o que seria a última dica sobre o real significado daquela realidade. Agora, se você ficou curioso(a) para saber o que pode ter acontecido na ilha durante o ‘reinado’ de Hurley auxiliado por Ben, vale destacar que o DVD/Blu Ray dessa 6ª temporada trará um segmento de aproximadamente 14 minutos que fará um epílogo da trajetória dos dois personagens ali depois que Jack morreu. Assim, com a promessa de que Walt também vai aparecer num dos extras, não acha nada difícil que vejamos a conclusão de sua história ocorrendo na ilha onde chegaria para substituir Hurley. Seria uma boa saída para amarrar as coisas, não?
    Bom, a essa altura você certamente percebeu que aquele local que marcou a reunião definitiva dos personagens não era uma igreja normal, né? A evidência mais forte disso veio com a sala repleta de objetos representativos de crenças e fés absolutamente distintas, mas sobretudo com o vitral decorado com símbolos dessas mesmas crenças.

    1. Islamismo, fé difundida pelo profeta Maomé. 2. Judaísmo, representado pelo selo de criado por Salomão comumente conhecido como estrela de Davi. 3.Hinduísmo, prática nascida na Índia e que prega a experimentação da divindade em tudo o que nos cerca. 4. Cristianismo, a união do pai (Deus), com o filho (Jesus) e o espírito santo. A crença mais difundida no ocidente. 5.Budismo, representado pela roda Dharmica, é a crença que prega o equilíbrio entre compreensão, pensamento, fala, ação, meio de vida, atenção, sabedoria e visão. 6. Taoísmo, representado pelo Yin-Yang prega o equilíbrio entre duas forças diametralmete opostas.
    Sobre o emocionante reencontro final que alguns lamentavelmente preferiram reduzir a questionamentos ligados ao paradeiro de Michael, Walt e Eko, por exemplo, vale dizer que, 1) o Ator que fez o Mr. Eko não aceitou o convite para gravar participação no fim da série (queria ganhar 5 vezes mais do que lhe foi oferecido) e 2) Estando espiritualmente preso na ilha, seria incoerente mostrar Michael aparecendo naquele plano e principalmente naquele momento. E quanto ao Walt, não seria nenhum exagero imaginar que ele não tenha sequer morrido ainda para finalmente dar o próximo passo. E quanto aos demais que apareceram na série ao longo daquela jornada? Ora, já havia ficado bem claro que alguns (como Ana Lucia por exemplo) ainda não estavam prontos para lembrar e poder seguir em frente.
    Dito isso, que os críticos classifiquem e digam o que bem quiserem daquele momento, mas fato é que para mim (e para milhares ao redor do mundo, tenho certeza) aquele reencontro foi uma das experiências mais catárticas que a história da tv já proporcionou.
    Pensei em algumas coisas para descrever o sentimento dessa última cena de Jack, mas lendo um comentário do leitor e professor de direito, André Coelhoem seu blog Filósofo Grego, me deparei com a visão mais representativa daquele momento.

    “A cena final de Lost é trágica ao estilo grego: O heroi, deitado no solo da cena inicial do seriado, prestes a morrer em autosacrifício, sozinho a não ser pela tocante companhia do cachorro Vincent, contempla no avião que passa no céu o cumprimento de seu destino de salvar a ilha para assim salvar as pessoas, sem, no entanto, ser bem sucedido em salvar-se a si mesmo, a não ser no sentido simbólico de uma redenção martírica.”
    E para encerrar (triste dizer isso), destaque para a pequena polêmica provocada por uma decisão da rede ABC de incluir imagens dos destroços do avião durante os créditos de ‘The End’. O que para alguns significou o easter egg definitivo que apontaria que todos estavam mortos desde o acidente, não passou de uma homenagem da emissora ao cenário onde tudo começou: o set da praia com a fuselagem do avião.

    Então, resumindo: tudo o que vimos ao longo desses seis anos na ilha e fora dela nos flashbacks e nos flash forwards aconteceu mesmo. Os personagens estavam vivos durante todo o período que passaram na ilha, que era um lugar de propriedades singulares, mas absolutamente real. Todas as dores, sofrimentos, conquistas e aprendizados que Jack e cia tiveram na convivência que estabeleceram ali, foram fundamentais para que tivessem aquele desfecho. Os mistérios que ficaram para trás? Parte do legado que a série deixa e que a vida tem aos montes para que a discussão nunca termine.

    Obrigado Lost por seis anos inesquecíveis.

    Repercutindo o episódio

    “...Lost se tornou esta série tão memorável em função de seus personagens... E por mais que seja um cético na "vida real", confesso sem embaraço algum que ver todos aqueles indivíduos - não, mais! Aqueles meus amigos - se reencontrando no pós-vida, felizes por voltarem aos braços uns dos outros foi algo que me fez despedir de Lost com lágrimas, mas também com um imenso sorriso de agradecimento. Eu estava feliz por eles, mas também por mim, que tive a honra de conhecê-los e acompanhá-los por seis inesquecíveis e fantásticos anos.

    Pablo Villaça – Cinema em Cena

    ***

    “E no fim não mais importaram os números, as teorias, os mistérios ou mitos. A realidade paralela foi apenas um ponto de encontro daqueles que a todo custo viveram juntos e não queriam morrer sozinhos, a “antessala” do paraíso para os que precisam dar um nome a tudo. Mas o maior feito deste final foi o de criar algo atemporal, completo e ainda assim aberto para (milhões de) interpretações.”

    Bruno Carvalho – Ligado em Série 

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    “No fundo, a gente precisa das pessoas. São elas que dão sentido à tudo. E os melhores momentos da vida são aqueles que a gente passa com quem a gente ama. O resto, é tempo perdido.”

    Rosana Hermann – Querido Leitor 

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    “Não, as grandes perguntas não foram respondidas – o que é, antes de mais nada, um modo muito inteligente e orgânico de manter a mitologia da série viva ab aeternum (para citar outro pedaço da mitologia). Mas A grande pergunta que os show runners Damon Lindelof e Carlton Cuse decidiram abraçar neste fim de série – a própria natureza humana e seu destino – foi completamente respondida, com a eficácia dos bons contadores de história , em volta da fogueira, desde o princípio dos tempos.”

    Ana Maria Bahiana – Hollywoodianas

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    “Um final que vai dividir os fãs. Mas talvez por um tempo, até que o impacto passe e as idéias sejam organizadas. Então, todos nós estaremos novamente juntos. De certa forma, tivemos sim um final aberto e podemos usar nossas crenças, ou não-crenças, para encontrar uma resposta. Mas sempre terá uma nova pergunta...”

    Leco Leite – Teorias Lost

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    “Respostas não recebi, mas tive toda a emoção que eu precisava. Tive duas horas e meia de televisão espetacular que honrou uma das melhores séries da mesma e terminei plenamente satisfeito com as decisões criativas que foram tomadas. Talvez a imagem mental que eu formei desse fim mude daqui a alguns anos, e sinceramente, não interessa. Estou feliz. Feliz por Jack, Locke, Kate, Sawyer, Hurley, todos presentes e não presentes na igreja, pela imagem final remetendo ao começo da série e por Vincent, que colocou a cereja no topo do bolo e quebrou na hora qualquer fã que tenha um coração.”

    Mateus Borges – Série Maníacos

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    “The End foi o melhor final de todos os tempos? Colocando no contexto histórico da tv, eu diria que não. O final de Newhart e talvez o de M*A*S*H e até de O Fugitivo foram mais precisos. Dito isso, o final de Lost foi muito melhor do que o de muitas outras séries contemporâneas tanto de drama quanto de comédia. E como forma de encerrar essa vasta fantasia, Lost trouxe um final que refletiu nossos tempos turbulentos: foi reconfortante e seguro. Teve até um cachorro que me fez, por um instante, derramar uma lágrima.”

    Ken Tucker – Watching Tv 

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    “A última temporada de Lost foi sobre ter o tipo de fé necessária para aceitar que as coisas farão sentido mesmo quando isso não acontece, sobre entender que o mundo às vezes é um lugar trágico onde coisas ruins acontecem e algumas vezes um lugar lindo onde as pessoas podem criar coisas maiores que elas próprias ao simplesmente caminharem juntas e construirem algo. Falei aqui sobre como adoro coisas que remetem ao senso de comunidade, sobre os caminhos que as pessoas podem trilhar juntas em direção a outra coisa. E no fim, Lost era sobre isso também. Só é uma pena que tenha deixado para mostrar isso tão tarde.”

    Todd VanDerWerff – Show Tracker
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    “... não foi à toa que os mistérios e a mitologia ganharam corpo na trama de Lost. Eles são elementos sempre presentes na jornada humana. Mas, assim como na vida, no enredo da série eles nunca foram mais do que acessórios para a história que realmente importa: a da nossa busca por realização. Realização que passa necessariamente por dores, lutas, lágrimas e incompreensão. Mas que, mais cedo ou mais tarde, chega sempre a um fim, no qual poderemos olhar para trás e dizer: "Valeu a pena!", enquanto confraternizamos com as pessoas cujas lutas, derrotas e vitórias se tornaram parte essencial de nossa própria caminhada.”

    Romário Fernandes – Espírito da Arte 

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    “The End foi um épico que me sugou emocionalmente e me fez chorar com quase todos os momentos que marcaram o ‘despertar’ dos personagens. Além disso, foi um um desfecho que me fez refletir sobre o verdadeiro significado da realidade paralela, que foi revelada como sendo uma espécie de purgatório criado pelas próprias almas daqueles que um dia estiveram perdidos. (Purgatório! Que ironia!) Fiquei tão feliz de ver a ilha sendo salva. Fiquei muito tocado pelo heroísmo, pelo sacrifício de Jack e pelo glorioso significado de ver seu caminho (na ilha) se encerrar onde tudo começou.”

    Jeff Jensen – EW

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    “... Jack, o grande protagonista da série, foi um show a parte. Tente lembrar de como conhecemos o médico 6 anos atrás: O homem da ciência!! Até chegar onde chegou, Jack precisou perder amigos, precisou sofrer, lutar, cair. Mas o mais importante de tudo é que ao abraçar o destino, Jack fez o mais importante…salvar a ilha. Com isso, despediu-se do mundo real deitando perto do mesmo local, com o mesmo cachorro, no mesmo estado físico do episódio piloto. Jack fechou os olhos com a certeza de que seus amigos estavam a salvo e com a confiança de que cumpriu sua missão. Parabéns Jack, você fez exatamente o que todos os fãs esperavam, foi um líder e que grande líder.”

    Caio Mello – Apaixonados por Séries
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    “Eu realmente queria ser emocionalmente recompensada e me sinto sortuda o bastante por ter recebido isso. Se aqueles últimos minutos não te emocionaram, respeito isso. Já passei por essa situação com outras séries. Sei como é ter uma reação fria com algo que você realmente queria gostar.”

    Maureen Ryan – The Watcher (Chicago Tribune)

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    “O tocante e profundo final que Damon Lindelof e Carlton Cuse nos deram, conseguiu responder o desafio (de apontar o significado das duas realidades exploradas nessa temporada). O da ilha, conforme vimos, importava muito para o destino físico daquelas pessoas. (E os puristas ligados ao sci fi que malharam o final espiritual, deveriam pelo menos considerar isso: o que acontece, realmente aconteceu). Já o daquela outra realidade importava porque representava o desfecho espiritual, moral e das almas daqueles personagens.”

    James Poniewosik – Tuned In (Revista Time)

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    “Como um episódio estendido de Lost, penso que grande parte dele funcionou com grande impacto. Mas, como alguém que passou pelo menos parte dos últimos seis anos convivendo com questões que não foram respondidas... Não posso dizer que tenha achado ‘The End’ totalmente satisfatório, nem como fim de temporada nem de série.”

    Allan Sepinwall – Hit Fix 

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    “Analisando o final sob a perspectiva da mitologia, não foi a melhor encerramento. analisando sob a perspectiva da trama, provavemente também não foi o melhor... Mas, analisando sob a perspectiva emocional, esse final da série foi uma obra prima.”

    Ryan McGee – Zap2It

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    “Era humanamente impossível oferecer respostas práticas a todas as dúvidas, grandes ou pequenas, levantadas ao longo da série. Mesmo porque, muitas delas podem ter sido incluídas apenas como signos interpretativos, sem intenção de uma explicação racional. Assim sendo, no último episódio, os roteiristas trocaram a história pelos personagens. Nunca tiveram, de fato, a intenção de oferecer respostas que pudessem contentar a maioria. Assim, os roteiristas e produtores optaram em responder algumas dúvidas acerca dos personagens (situações e relações), dando aos fãs, a quem eles sempre agradeceram pela companhia, uma despedida sentimental.”

    Fernanda Furquim – Revista TV Séries

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    “ Nós, fãs de Lost, perdemos nossa ‘constante’ – a série com a qual nos conectamos com a alma de forma profunda por seis anos, e parece que não perdemos apenas uma série de tv, mas sim um verdadeiro amigo... Obviamente, cada um reage de forma diferente frente esse final, mas para mim particularmente, foi a experiência de tv mais catártica que já tive.”

    Kristin dos Santos – Watch with Kristin 

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    “Quanto às respostas que ficaram no ar, confesso que apenas esperava pela resposta final: a de como as duas realidades iriam se encontrar. Isso, sim, era importante para mim, a ponto de me forçar a reexaminar a trama da realidade paralela, a temporada e a série como um todo. E daí que não responderam por quê Walt era importante, ou por quê as grávidas morriam? Não estou nem aí para Walt; e penso que este último episódio foi uma verdadeira homenagem aos fãs da série - e à série em si.”

    Daniel Levi – Papo Série 

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    “A quem pensava (como eu) que a ciência explicaria tudo resta um grande “só lamento”. Mas não é difícil compreender esta explicação do final e fazê-la encaixar com todas as seis temporadas anteriores. Pensando bem, quem acreditou nessa hipótese durante toda a duração da série deve estar com um grande sorriso no rosto até agora. E, ah, como eu queria nunca ter desistido desta ideia!”

    Camila Saccomori – Fora de Série

    ***

    “E qual o sentido de no além a galera ter outra vida, casar com outras pessoas? E o filho do Jack é quem, alguém pode me dizer? Um anjinho que foi fazer figuração para o coração do Jack se alegrar? Aí eles encontraram as almas das pessoas que tinham amado na, hã, outra vida e, com um toque mágico, despertam para a realidade, digo, para o além, para onde estavam e ficaram prontos para fazer a travessia, e entenderam que o que viveram na ilha foi a parte mais importante de suas vidas. Era esse o mistério da realidade paralela? Alguém REALMENTE achou isso genial?”

    Claudia Croitor – Legendado

    ***

    “Lost contou a história da experiência humana, como todo mundo por aí tem tentado fazer. Imaginação é fazer isso através de um conjunto de histórias fabulosas, fantásticas, literárias, ao invés de me apresentar uma minissérie HBO sobre a Idade da Pedra. É fazer um tratado sobre a circularidade do tempo enquanto joga elementos quase despretenciosos aqui e ali durante seis temporadas. É deixar pontas soltas porque a vida não amarrou todas elas. Boa parte da literatura moderna surge a partir de um grupo de pensadores que descobriu que não há coerência em ser coerente. Aviso novamente àqueles que não prestaram atenção: a vida não amarra pontas.”

    Vana Medeiros – Spoiler Cotidiano

    ***

    “Nada vai nos roubar a emoção de estar naqueles abraços que celebraram o amor e a paz que envolvem os que seguem juntos dos seus para um voo maior. Nada vai nos tirar a sensação de que, após uma saga de dúvidas e fé, desilusão e esperança, quando os olhos se fecharam, a luz de “Lost” se fez presente não pela última e mais bela vez, mas para sempre. Para todo o sempre.”

    Carlos Alexandre Monteiro – Lost in Lost

    ***

    Por que era tão importante salvar a ilha e qual o significado da mesma aparecer submersa naquele outro plano? Essas e muitas outras questões estarão no Dudecast #55 que vai pintar por aqui ainda nesse final de semana. Tá imperdível, garanto!