quinta-feira, junho 30, 2011

Brasil, onde se compra o carro mais caro do mundo (2/3)

Por que o carro é mais barato na Argentina e no Chile?



Por Joel Leite às 17h47
28/06/2011
Colaboraram Ademir Gonçalves e Luiz Cipolli



Do Blog Mundo em Movimento
http://migre.me/58PZ0





Por que o carro é mais barato na Argentina e no Chile?
- Veja o que as montadoras falam (e o que não falam) sobre o assunto


- O Lucro Brasil não fica só na montadora, mas em toda a cadeia produtiva


A ACARA, Associacion de Concessionários de Automotores De La Republica Argentina, divulgou no congresso dos distribuidores dos Estados Unidos (N.A.D.A), em São Francisco, em fevereiro deste ano, os valores comercializados do Corolla em três países:


No Brasil o carro custa US$ 37.636,00, na Argentina US$ 21.658,00 e nos EUA US$ 15.450,00.


Outro exemplo de causar revolta: o Jetta é vendido no México por R$ 32,5 mil. No Brasil esse carro custa R$ 65,7 mil.


Por que essa diferença? Vários dirigentes foram ouvidos com o objetivo de esclarecer o “fenômeno”. Alguns “explicaram”, mas não justificaram. Outros se negaram a falar do assunto.


Quer mais? O Gol I-Motion com airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui custa R$ 46 mil.


O Corolla não é exceção. O Kia Soul, fabricado na Coréia, custa US$ 18 mil no Paraguai e US$ 33 mil no Brasil. Não há imposto que justifique tamanha diferença de preço. 


A Volkswagen não explica a diferença de preço entre os dois países. Solicitada pela reportagem, enviou o seguinte comunicado:


“As principais razões para a diferença de preços do veículo no Chile e no Brasil podem ser atribuídas à diferença tributária e tarifária entre os dois países e também à variação cambial”.




Questionada, a empresa enviou nova explicação:


“As condições relacionadas aos contratos de exportação são temas estratégicos e abordados exclusivamente entre as partes envolvidas”.


Nenhum dirigente contesta o fato de o carro brasileiro ser caro. Mas o assunto é tão evitado que até mesmo consultores independentes não arriscam a falar, como o nosso entrevistado, um ex-executivo de uma grande montadora, hoje sócio de uma consultoria, e que pediu para não ser identificado.


Ele explicou que no segmento B do mercado, onde estão os carros de entrada, Corsa, Palio, Fiesta, Gol, a margem de lucro não é tão grande, porque as fábricas ganham no volume de venda e na lealdade à marca. Mas nos segmentos superiores o lucro é bem maior.


O que faz a fábrica ter um lucro maior no Brasil do que no México, segundo consultor, é o fato do México ter um “mercado mais competitivo” (?).


Um dirigente da Honda, ouvido em off, responsabilizou o “drawback”, para explicar a diferença de preço do City vendido no Brasil e no México. O “drawback” é a devolução do imposto cobrado pelo Brasil na importação de peças e componentes importados para a produção do carro. Quando esse carro é exportado, o imposto que incidiu sobre esses componentes é devolvido, de forma que o “valor base” de exportação é menor do que o custo industrial, isto é: o City é exportado para o México por um valor menor do que os R$ 20,3 mil. Mas quanto é o valor dos impostos das peças importadas usadas no City feito em Sumaré? A fonte da Honda não responde, assim como outros dirigentes da indústria se negam a falar do assunto.


Mas quanto poderá ser o custo dos equipamentos importados no City? Com certeza é menor do que a diferença de preço entre o carro vendido no Brasil e no México (R$ 15 mil).


A conta não bate e as montadoras não ajudam a resolver a equação. Apesar da grande concorrência, nenhuma das montadoras ousa baixar os preços dos seus produtos. Uma vez estabelecido, ninguém quer abrir mão do apetitoso “Lucro Brasil”.


Ouvido pela AutoInforme, quando esteve em visita a Manaus, o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, respondeu que, retirando os impostos, o preço do carro no Brasil é mais caro que em outros países porque “aqui se pratica um preço mais próximo da realidade. Lá fora é mais sacrificado vender automóveis”.


Ele disse que o fator câmbio pesa na composição do preço do carro no Brasil, mas lembrou que o que conta é o valor percebido. “O que vale é o preço que o mercado paga”.


E porque o consumidor brasileiro paga mais do que os outros?


“Eu também queria entender – respondeu Takanobu Ito – a verdade é que o Brasil tem um custo de vida muito alto. Até os sanduíches do McDonalds aqui são os mais caros do mundo”.


“Se a moeda for o Big Mac – confirmou Sérgio Habib, que foi presidente da Citroën e hoje é importador da chinesa JAC - o custo de vida do brasileiro é o mais caro do mundo. O sanduíche custa US$ 3,60 lá e R$ 14,00 aqui”. Sérgio Habib investigou o mercado chinês durante um ano e meio à procura por uma marca que pudesse representar no Brasil. E descobriu que o governo chinês não dá subsídio à indústria automobilística; que o salário dos engenheiros e dos operários chineses não são menores do que os dos brasileiros.


“Tem muita coisa errada no Brasil – disse Habib, não é só o preço do carro que é caro. Um galpão na China custa R$ 400,00 o metro quadrado, no Brasil custa R$ 1,2 mil. O frete de Xangai e Pequim custa US$ 160,00 e de São Paulo a Salvador R$ 1,8 mil”.


Para o presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Gomes, os preços dos carros no Brasil são determinados pela Fiat e pela Volkswagen. “As demais montadoras seguem o patamar traçado pelas líderes, donas dos maiores volumes de venda e referência do mercado”, disse.


Fazendo uma comparação grosseira, ele citou o mercado da moda, talvez o que mais dita preço e o que mais distorce a relação custo e preço:


“Me diga, por que a Louis Vuitton deveria baixar os preços das suas bolsas?”, questionou.


Ele se refere ao “valor percebido” pelo cliente. É isso que vale.


“O preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado”, disse um executivo da Mercedes-Benz, para explicar porque o brasileiro paga R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente a R$ 75 mil.


“Por que baixar o preço se o consumidor paga?”, explicou o executivo.


Amanhã a terceira e última parte da reportagem especial LUCRO BRASIL: “Quando um carro não tem concorrente direto, a montadora joga o preço lá pra cima. Se colar, colou”.


Leia abaixo a 1º parte da reportagem





Joel Leite 
Siga o @joelleite no Twitter 



quarta-feira, junho 29, 2011

Brasil, onde se compra o carro mais caro do mundo (1/3)

Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo
Por Joel Leite às 17h42
27/06/2011
Colaboraram Ademir Gonçalves e Luiz Cipolli


Do Blog Mundo em Movimento
http://migre.me/58PZ0


O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.


A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.


A indústria culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento do custo de produção: gastos com funcionários, que deveriam ser papel do estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir, como condução, assistência médica e outros benefícios trabalhistas.


Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.


Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades.


Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?


Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa”. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.  




A carga tributária caiu e o preço do carro subiu


O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.


Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.


Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.


Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento.


Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.


As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.  




A margem de lucro é três vezes maior que em outros países


O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos, têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados. Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.


O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5 mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%. No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure custa 9,3% a mais.


O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.


O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.


Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.


Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.


Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.


Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600), segundo o Auto Blog.


Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson 2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por ele: R$ 88 mil. 


Leia amanhã a 2º parte da reportagem especial LUCRO BRASIL: Por que o mesmo carro é mais barato na Argentina e no Chile?


Joel Leite 
Siga o @joelleite no Twitter 



sexta-feira, junho 10, 2011

Os Serviços Públicos no Brasil (em especial na minha querida Belo Horizonte)

Em frente da minha minha casa, na Rua Barão de Leopoldina, número 500, CEP 30.530-080 há dois anos tinha uma [arvore morta. A prefeitura avisada, todos os protocolos desses avisos bem guardadinhos aqui para evitar qualquer responsabilização de nossa parte, uma vez que é a prefeitura quem devia vir fazer a retirada da árvore.

Dois anos passaram e nem notícia de retirada de árvore nenhuma, outro dia, lá no parque municipal, uma árvore caiu e matou uma pessoa só porque a prefeitura não quis fazer um levantamento de quais árvores estavam saudáveis e quais não estavam.

Depois de ontem quando deu aquela chuvarada que deixou boa parte da cidade sem luz e muitas árvores no chão. Enfim eles vieram. retiraram a árvore, sem nenhum cuidado causando danos a minha casa, e pior deixaram  um pedaço de tronco que deve pesar mais ou menos uns 10 quilos pendurado na fiação elétrica.







E o pior, avisamos a prefeitura através do número de telefone 156, já diversas vezes nesse dia, esperando que algum atendente, tenha um pouco mais de discernimento, para saber que a responsabilidade por qualquer atitude nesse caso tem que ser sim da prefeitura que é quem deu causa ao risco e ao provável dano que dele decorrerá, mas não obtivemos qualquer sucesso. O tronco está lá, a qualquer momento pode cair, pode matar um ou mais de um. A rede elétrica ou telefônica ou de internet, TV a cabo sei lá tá pode se romper e a prefeitura, inclusive a ouvidoria (que disse que pode tomar uma providência entre 10 e 15 dias), só dá de ombros. 

A prefetura pediu que comunicássemos a concessionária de energia, número em que somos atendidos por uma secretária eletrônica que nos dá apenas quatro opções: 1-comunicar falta de energia 2- consultar débitos, 3-solicitar religação de energia e 4- repassar leitura do relógio.

Parabéns por sua prodigiosa equipe sr prefeito Márcio Lacerda.

quarta-feira, junho 08, 2011

Subjetiva


Publicado: Junho 4, 2011 por Daisy Carvalho em Crônicas no blog da dai


A Vida é Bela
Pessoas andam perguntando por que eu “parei de escrever”. Sem querer ser subjetiva, mas eu diria que quem nasce flertando com a literatura, mesmo dormindo, pratica lá sua arte. Eu disse arte? Parece pretensão. E é. Na internet conheci muitos bons escritores. Contistas, romancistas, poetas, cronistas (crônica é arte?). Graças a eles tantas vezes pus em xeque, o meu talento. Entretanto, escrever é uma compulsão que nasceu, não comigo, mas antes de mim. Meu primeiro conto – eu era criança – falava de coisas que não existiam na época, como sequestro e venda de drogas nas escolas. Uma amiga kardecista diria, e disse mesmo, que seria eu a reencarnação de algum escritor que não “cumprira sua missão literária”. Apazigua, mas não convence, com todo respeito. Era só criatividade mesmo.
O assunto deste post, definitivamente não é religião. Também não quero falar de mim.
Saudades. Este é o tema.
É um sentimento ingrato, sutil devorador de almas, não? Por exemplo, eu estava com saudades de escrver no meu bloguinho, saudades dos amigos virtuais. Saudades de mim aqui (eu de novo).
Muitas vezes, um dia chuvoso traz lembranças. Em outras, um retrato, um e-mail. Porém a mais trágica das saudades é aquela quando perdemos para sempre alguém que amamos. Tipo parente, amigo, um cachorro de treze anos. Um filho.
A morte (o assunto não é morte) é a beleza da vida em oposto. Quer dizer, a vida teria tanto valor se não existe a morte? O cristão diz que sim, que era para sermos eternos. De certa forma somos. Na lembrança de alguém, em um livro que deixamos escrito. Ou lá, no coração de Deus.
Saudades é o que vou sentir do meu último irmão que se foi semana passada. O primogênito de minha mãe que se despede deste mundinho. Diante da Eternidade tudo fica tão pequeno… Todavia, matar saudades pode ser fácil. É questão de escolha. Escolho ser feliz e viva! Celebrando todas as minhas experiências com a vida e com a morte. Ser alegre e ter esperanças. Ser eterna. Do meu jeito. Por isso jamais vou parar de escrever.
Para Augusto Cesar, meu primeiro crítico literário, in memorian.