domingo, dezembro 14, 2008

OK COMPUTER

Em 1997 então o Radiohead, alcança a maturidade, não que a Banda tenha envelhecido, mas sim se desenvolvido, com OK, Computer, o radiohead deixava para trás a puberdade e se tornando um jovem adulto...

Neste disco, o Radiohead, promove a reconciliação do Rock com os efeitos eletrônicos, com tal maestria, que integrantes de tribos diversas, e que ora se separavam cruelmente por barreiras de preconceito gigantescas, tiveram que parar, ouvir, refletir... e se render...

As harmonias, os andamentos, e os ritmos propostos neste disco, se não eram inteiramente novas (e eu acho que eram), eram pelo menos diferente de tudo o que estava se produzindo então. O disco foi um grito pela renovação da forma de se fazer e explorar a música na cena pop.

Os temas tratados nas letras da música, e a forma como foram tratados nela, mostram uma banda que definitivamente, vinha falar o que pensava, o que acreditava e o que queria, não deixando nenhum espaço para que alguém pensasse que eles estivessem falando o que o público, ou o mercado ou a indústria quisessem que eles falassem. O disco é forte, mas é suave. É impactante, mas agradável. É barulhento, mas harmônico. É carregado de influências, mas é novo. É diferente, mas Bonito. É profundo, mais dinâmico. É acima de tudo, autentico, verdadeiro.

Ok, computer mudou o mundo da música, mudou a indústria de forma tão avassaladora que só IPOD e o MP3, tiveram efeitos que podem ser comparados a esse rebuliço, que se dá no mercado fonográfico, pós Ok, computer.

O disco nasceu já histórico, apesar da vanguarda (ou talvez por causa dela).

Não há erros. Não há exageros. Não há omissões. É OK, Completo.

(com sua licença, e seu perdão amigo Rednei, me empolguei enquanto escrevia e não aguentei, usei essa expressão que é sua... mas ficou bacana, não ficou?)



quarta-feira, dezembro 10, 2008

The Bends

Em 1995 é lançado o The Bends. O Segundo Disco do Radiohead, dois anos depois do primeiro. Eu não fiquei, sabendo deste lançamento, assim como a grande maioria do Brasil... internet era coisa para poucos, e compartilhamento de música nem pensar, o máximo que a gente fazia era pegar uma caixa de fitas cassete BASF ou TDK, levar para a casa de amigos e fazer cópias dos CDs e LPs bacanas que eles tinham... Mas Radiohead, só no exterior... por aqui nem notinha no jornal ou revista especializada.

A gente talvez nem nunca tivesse ouvido falar desse álbum, não fosse a fantástica peça publicitária do Carlinhos, vocês se lembram?


Carlinhos vai à escola todos os dias. O amigo dele, não. Carlinhos faz natação.
O amigo dele, não. Carlinhos tem aulas de piano. O amigo dele, não. Ei este é o Carlinhos. Este é o amigo dele ele é um menino de rua. Milhares de crianças no Brasil precisam de sua ajuda. Os portadores da síndrome de Down só precisam do seu respeito. DOWN – A pior síndrome é a do preconceito...
Lembrou?

Não... então se lembre.

Aí você já sabe o Radiohead voltou com força para as rádios e aconteceu de pela primeira vez chegarem as lojas no Brasil...

Eu lembro que eu nem sabia que essa música da propaganda era do Radiohead, eu tinha visto de relance a propaganda uma vez e tinha me interessado fiquei na frente da Tv até ver de novo e fiquei todo arrepiado, o enredo muito bom a fotografia linda e aquela música que arrebentava... o andamento mudando e te preparando para cada informação nova... putaquepariu...

Um dia andando pela Avenida Paraná vejo na porta de uma loja Sem Nome, vejo um cartaz, "aqui tem o CD da música da propaganda do Carlinhos"... Botei a mão no bolso... 20 reais, deve dar.. entrei e segui o cartaz... que surpresa a banda era o Radiohead, depois de uns cinco anos procurando eu teria enfim o disco com aquela música que eu tinha ouvido num shopping uns cinco anos antes, procurei a listagem das músicas, mas ela não estava lá... (demorei mais uns anos para conseguir achar o Pablo Honey). Levei o disco mesmo assim e fui para casa ouvi-lo... fiquei ouvindo até o fim de semana acabar... estava de novo apaixonado pelo Radiohead, e agora eu conhecia um pouco mais e tinha até uma disco.

Fake plastic Trees é sensacional e principalmente para nós no Brasil que temos a ligação direta com o video da APAE, mas o disco tem mais, tem The Bends, tem Planet Telex, High and Dry, (nice dream), Just, My Iron Lung, Bones... Enfim

Meu Primeiro disco do Radiohead parecia ser um disco de um Banda já madura e evoluída, eu não tinha o conhecimento ainda do Pablo Honey, mas já enxergava grande evolução... eu estava errado é bem verdade... não sobre a evolução e o amadurecimento, ocorrido, mas sobre o diagnóstico de madura sobre a Banda... eles estavam apenas dando um primeiro passo rumo ao que se tornariam depois.. The Bends é um disco fantástico, maravilhoso e histórico... Qualidade irrepreensível e pela primeira vez um produto com personalidade da Banda Radiohead entranhada em si. Um Álbum que obrigatoriamente figura entre os mais importantes, marcantes e influentes na história do Rock e da música Pop mundial, se ele fica ofuscado dentro da própria discografia do Radiohead, é não por ser menor o menos importante, mas por ser difícil mensurar e comparar o Radiohead com o próprio Radiohead em suas produções sequentes...

Com o The Bends o Radiohead disse ao mundo, teve os Beatles, e eles foram e são importantes e geniais, teve os Rolling Stones eles foram e são importantes e geniais, teve também o Led Zeppelin, o Pink Floyd e por último o Nirvanna, todos eles fizeram coisas que não eram feitas antes e todo mudo copiou o que pode e o que não pode... Doravante esta é que será a Matriz a ser seguida.


(agradecimento eterno os publicitários da propaganda da Apae, por terem propiciado a chegada do Radiohead as prateleiras das lojas no Brasil e permitido que eu enfim começasse a minha coleção que se mantêm completa, até hoje)



Pablo Honey

O PRIMEIRO DISCO DO RADIOHEAD É O PABLO HONEY, DE 1993 (CARALHO, JÁ TEM 15 ANOS).
É UM BOM DISCO DE ROCK INGLÊS CONTEMPORÂNEO, MAS DE RADIOHEAD, SÓ O NOME FANTÁTICO (FANTASTICO MESMO, ALGUÉM QUE APAREÇA COM UMA BANDA CHADA RADIOCABEÇA, DEVE NO MÍNIMO SER OLAHDA COM ATENÇÃO). ERA AINDA UMA BANDA INCIPIENTE, A INFLUÊNCIA MAIS PRONUNCIADA DA BANDA, QUE PARA MIM É O JOY DIVISION, JÁ ESTAVA LÁ, APESAR DE QUE NUMA OLHADA MAIS SUPERFICIAL, NA ÉPOCA TALVEZ (TALVEZ É FIGURA DE LINGUAGEM) A PRIMEIRA IMAGEM COMPARATIVA SERIA DO DURAN, DURAN; OU QUANDO MUITOALGUÉM PUDESSE VISLUMBRAR UM THE CURE... TANTO PELO SOM QUE NÃO ERA AINDA MADURO, QUANTO PELA ARTE MARGINAL, APARENCIA E FORMA DE DIVULGAÇÃO (O QUE CLARAMENTE PODEMOS ATRIBUIR A PRODUTORES QUE NÃO CONHECIAM O PRODUTO QUE ELES TINHAM).

DESTE DISCO, O QUE DE PRINCIPAL FICOU FOI A FAIXA 2 "CREEP" . MÚSICA ESTA QUE JÁ TINHA A CARA DO QUE O RADIOHEAD SE TORNARIA, E QUE TINHA AO MESMO TEMPO ESSA COISA CONTEMPORÂNEA, QUASE DE ANTECIPAÇÃO QUE O RADIOHEAD TEM, MAS QUE AO MESMO TEMPO TINHA UMA AURA DE ANOS 80, PODERIA ATÉ MESMO SERVIR DE TRILHA SONORA PERFEITA PARA ALGUNS FILMES DOS ANOS 80 COMO "NAMORADA DE ALUGUEL", VOCÊS SE LEMBRAM?

EALIER 90S, EU CORTANDO CAMINHO, POR DENTRO O SHOPPING CIDADE, OUÇO UMA MUSICA AMBIENTE NO FUNDO... PARO LÁ NO MEIO (DO LADO DA VIDE BULA) E ESPERO MAIS DUAS MUSICAS ANTES DO RADIALISTA (ACHO QUE ERA DA ALVORADA), DAR O NOME DA MÚSICA E BANDA...

RADIOHEAD, CREEP....

PODEM DIZER QUE O MAIS ESQUISITO SOU EU QUE LEMBRO COM DETALHES DISSO,
POIS É, VOCÊS TEM RAZÃO....

FORA ELA NÃO SOBRAM HITS E NEM MÚSICAS MUITO DETERMINANTES NO REPERTÓRIO, OU NA TRAJETÓRIA DA BANDA....

MAS SÃO PARTE DA HISTÓRIA DELA...



Radiohead: duplicar e triplicar

(retirado de http://colunas.g1.com.br/zecacamargo - escrito e publicado por Zeca Camargo (só é pena o link para o artigo de 1997 não funcionar)

(Vem aí Vampire Weekend. Isso não tem nada a ver com o Radiohead, mas como essa vai ser uma das bandas de 2008, achei melhor falar logo dela – assim, quando você começar a ouvir esse nome por aí, por favor, lembre-se de mim (aliás, se quiser já ouvir alguma coisa agora, comece por “Mansard roof”, refresque com “Oxford comma”, e feche com “Apunk”, no MySpace).
Mas vamos lá: Radiohead!)


Antes de mais nada, é importante dizer que, diante de qualquer trabalho deles, nenhum fã da banda – ou mesmo que tem mesmo uma admiração reservada por ela – está livre da influência de “OK computer”. Quando esse CD apareceu, em 1997, o impacto foi tão grande que as reverberações podem ser ouvidas até hoje (parece que já chegaram em Saturno!). “OK computer” era (e é) tão genial, tão diferente, tão inesperado, tão honesto, um tapa na sua cara tão forte, que uma simples escutada contínua era capaz de deixar marcas permanentes em quem a ele emprestava seus ouvidos.
Eu, claro, não fiquei imune a isso – como pude checar novamente ao reler uma resenha sobre o disco, que fiz então. E durante todos esses anos, desde 1997, fui tomado por uma espécie de sebastianismo (Wikipédia – rápido!), aguardando o retorno messiânico “daquele” Radiohead. “Kid A”? Muito bom – nem que fosse pelos 4 segundos que abrem “Everything in its right place” (tudo, de fato, no seu devido lugar… que petulância começar o disco mais esperado do final do século 20 com aquelas notas glaciais!); ou simplesmente pela faixa mais injustamente esnobada por todos os DJs do mundo, “Idioteque”. “Amnesiac”? Mais um título sensacional, mais uma capa enigmática, mais um punhado de faixas desafiadoras – mas ainda longe de algo que pudesse encostar “OK computer”. “Hail to the chief” chega em 2003 e, como indicava a sua primeira faixa (“2 + 2 = 5”), suas partes não somavam muito bem: momentos belíssimos entrecortados por sonoridades confusas – um provável truque perverso do próprio Radiohead, como se a banda estivesse dizendo indiretamente aos fãs: “ainda não é isso, mas estamos tentado – e com afinco!”.
A cada um desses lançamentos, eu voltava para “OK computer”, só para ter a certeza de que ele continuava imbatível. Perguntava: seria possível mesmo superar aquele conjunto? A elegância de “Karma police” coexistindo com o desespero de “Let down”? A tempestade cerebral de “Paranoid android” anunciando a calmaria quase bucólica de “No surprises”? O conceitual-cabeça de “Exit music (for a film)” com o sensual-épico de “Airbag”? E a conclusão era sempre a mesma: “OK computer”, ainda na frente.
Entra, então, “In rainbows”. Oficialmente, ele chegou dia 10 de outubro do ano passado – um lançamento comentadíssimo, não apenas por ser exclusivamente virtual (o disco só estava disponível para ser “baixado” pelo site da banda), mas também pela proposta inovadora de deixar para os fãs a decisão de quanto eles deveriam pagar pelo prazer de ter o álbum em seu arquivo pessoal. Muito se falou dessa nova abordagem na relação artista e público (com o item “gravadora” perversamente fora da equação). Foram matérias e matérias com previsões abstratas sobre o futuro da indústria fonográfica e especulações vazias sobre quantos (e quanto) fãs pagaram de fato por “In rainbows” – estimativas bem “chutadas” colocam o “preço” médio do trabalho entre R$ 10 e R$ 16.
Este post, porém, não vai acrescentar nada a esse debate – desculpe. O que vem a seguir é um comentário à moda antiga… Como os próprios formatos para consumir música estão mudando, as maneiras de analisá-la também se renovam. Mas, se o Radiohead insiste num “velho” conceito chamado “álbum”, acho melhor acompanhá-los na intenção com uma crítica do disco. “Ah”, dirão os mais engraçadinhos, “por que você não fez isso em outubro?”.
Primeiro porque, como um bom quarentão, ainda tenho reservas quanto a “baixar” qualquer coisa da internet – mesmo que seja autorizada pelo autor (reparou as aspas no verbo “baixar”?). E, também como um bom quarentão, ainda gosto da minha música servida num CD – ou num vinil. Aliás, no caso de “In rainbows”, pude me empanturrar com os dois formatos: comprei, logo no dia primeiro de janeiro – quando já estava disponível nos Estados Unidos – a versão “metida” do álbum: o CD oficial, o CD de bônus (mais oito faixas inéditas, 26 minutos e 53 segundos fesquinhos!), um livreto com as letras, um “livrão” só com arte (fotos e grafismo, assinados por Stanley Donwood, colaborador de longa data da banda), e dois discos de vinil, com as dez faixas impressas em 45 rotações por minuto (pergunte ao seu tio o que significa isso).
Não posso, de fato, reclamar: ouvi “In rainbows” de tudo quanto foi jeito. Assim, aqui está o veredicto.
Não é um “OK Computer”. Mas também eu não tenho mais “só” 34 anos; nesses dez anos, já dei uma volta ao mundo e escrevi três livros; o cenário musical – brasileiro e internacional é outro; já passamos pela revolução do iPod; as Torres Gêmeas desabaram; o “BBB” chegou à oitava edição; o biocombustível não é mais uma alternativa, mas uma salvação; Britney Spears circulou uma dúzia de vezes o ciclo de ascensão e queda de uma celebridade; o mundo reconheceu a inventividade do cinema brasileiro; “mensalão” já veio e já foi como se nada tivesse acontecido; Los Hermanos apareceram, gravaram quatro discos e entraram em um hiato; e “esse” Radiohead já não é “aquele” Radiohead.
Esse pequeno panorama é, claro, uma mera alegoria apenas para lembrar que as coisas mudam, e que, sebastianismos à parte, não faz o menor sentido esperar por um novo “OK computer”. Deixei claro? Inclusive para mim mesmo? Acho que sim! Dito isso… “In rainbows” é sensacional – e se eu tiver de explicar esse adjetivo em apenas uma frase, vou pegar emprestado o verso de uma das faixas novas do próprio Radiohead (“Faust arp”): é exatamente “o que você sente agora”. Elaborando: da bizarra batida “disco” que abre o álbum (“15 step”) ao pseudo-reco-reco hipnótico que marca seu final (em “Videotape”), todo o conjunto de músicas é a tradução mais eficaz de tudo que você deveria sentir agora – e não apenas com seus ouvidos…
Um rápido faixa-por-faixa: do estranho convite à dança de “15 step” você é levado a um brilhante arremedo de u2 em “Bodysnatchers” – que na verdade é uma releitura de PIL pelo olhar sempre assustador de Thom Yorke; as coisas ficam mais calmas e chamam à reflexão em “Nude”, só para pegar um pouco mais de ritmo em “Weird fishes/Arpeggi” (achou o título estranho? Você não viu nada…), onde, dessa vez, o arremedo é de Coldplay – ou melhor, é o Radiohead mostrando como o Coldplay deveria ser desde o início; quem procura uma canção de amor, o mais próximo que eles têm a oferecer nesse disco é a música seguinte, “All I need”; aí surge “Faust arp” – e você finalmente se lembra por que se apaixonou (pela banda ou por uma pessoa qualquer) pela primeira vez (mais sobre essa faixa daqui a pouco); “Reckoner” é o momento mais distante do trabalho, mas quem se sente afastado logo é reconquistado com “House of cards” – uma bossa nova futurista, se é que eles alguma vez pensaram em gravar uma coisa assim (alerta “Bebel Gilberto” em potência máxima!); depois vem “Jigsaw falling into place”, cujo nome (mais ou menos, “Quebra-cabeças encaixando no lugar”) funciona como uma senha para entender o disco todo (musical e poeticamente); e o disco fecha com a aparentemente inofensiva “Videotape” – “aparentemente” porque você não dá nada na primeira vez que ouve, mas de perto, ela é a segunda melhor faixa de “In rainbows”, na minha humilde opinião.
E qual seria a primeira? Disparado, “Faust arp”. Passar aqui, num texto, a sensação de ouvir essa música é um exercício de frustração. Mas, como eu sou teimoso (e fiquei particularmente encantado com essa canção, que não parece fazer o menor sentido, mas que é simplesmente perfeita), vou tentar: numa melodia tão delicada e ao mesmo tempo coesa, que parece feita de fios de uma teia de aranha, as frases musicais se sucedem de maneira tão natural que nem parecem que foram compostas uma a uma – é como se a faixa tivesse nascido pronta, inteira, indivisível; a voz de Thom York reescreve palavras como “tingling” e reinventa expressões como “on again off again” – tudo dentro de uma de suas poesias mais inspiradas, com imagens intensas, que enchem os olhos pelos ouvidos e, sem nunca romper a fragilidade da canção, explodem como as tintas que ilustram o livreto do CD: um corpo morto do pescoço para cima, um elefante tropeçando na sala, alguém que cai como dominós fazendo belos desenhos no chão; e tudo isso duplicando e triplicando, duplicando e triplicando…
Esse comando – que é também um verso de “Faust arp” e que emprestei para o título deste post – é, para fãs como eu, uma leitura do desejo eterno de que sempre exista música boa no mundo. Talvez não tão boa quanto à de “OK computer”… mas bela o suficiente para nos inspirar por muitos e muitos anos. E quem melhor que o próprio Radiohead para desejar isso?


Se arrependimento matasse... ou: “Ok Computer” fez 10 anos

(retirado do http://artedamiseenscene.blogspot.com de Breno Yared
Manaus, Amazonas, Brazil - assinado por Rodrigo Castro )
(não é minha história e nem parecida, mas o arrebatmento é igual)


Quantas vezes em sua vida você teve uma grande oportunidade e a desperdiçou? Várias com certeza. Desde uma vaga de emprego. Passando por um encontro em que você chegou atrasado. Uma amizade que poderia ter sido feita. Outra que sempre deveria ter sido desfeita. E terminando com aquele disco que você ouviu e odiou de primeira.
Todos os dias, essas situações ocorrem e a tal frase, mais cedo ou mais tarde, será proferida pelos seus lábios com certo rancor ou até mesmo melancolia: “Ah se arrependimento matasse”.
Há mais de dez anos, proferi com orgulho essa frase. Após ler a minha Showbizz e gostar muito de um artigo feito pelo Zeca Camargo – você não está lendo errado, é o Zeca do Fantástico mesmo – sobre o novo disco do Radiohead – banda que me era mais conhecida pela excelente música “Creep” – Ok Computer.
O texto era tão bem feito que não pensei duas vezes: fui a uma loja que importava CDs – no tempo que o dólar tava um por um – e fiz minha encomenda. Dali a duas semanas aquela maravilha estaria em minhas mãos e faria parte de minha pequena, mas boa, coleção de CDs de rock.
Ouvindo mais um disco do Led Zeppelin, sou chamado pelo dono da loja para pegar o meu Ok Computer. Ansioso, separo o discman – lembra disso? – ponho CD pra rodar. Vou ouvindo as canções até chegar em casa. Dou o eject de um aparelho e coloco-o no meu aparelho de som.
Ouço uma, duas, três vezes. Leio duas vezes o artigo e chego ao veredicto: uma porcaria, o Zeca me enganou. Ligo para a loja, falo com o dono, pergunto se há possibilidade dele devolver metade do dinheiro se eu devolver o CD, ele concorda. Separo o disco e no caminho para a loja, arrisco a colocar a porcaria no discman, por total sorte, vou direto para “Paranoid Android”.
“Please Could You Stop The Noise. I Try to Get Some Rest” implora uma voz sofrida enquanto violões e uma sutil bateria fazem uma parede melódica de fundo. Outra frase da mesma canção me interrompe no caminho a loja: “Whats There? Whats There?”. Sentei na calçada e comecei a me perguntar: o que era aquilo?

Antes de chegar a uma conclusão real a voz sentencia: “Ambition Makes You Look Pretty Ugly. Kicking, Squealing gucci little piggy. ”. E as coisas começaram a abrir em minha cabeça. Aquilo era a resposta contra a mesmice que o roque havia se tornado após Seattle. Esse CD era a volta do que realmente prestava no estilo que sempre mais gostei: renovação e experimentalismo junto a excelentes letras e uma produção impecável.
Eu não sabia – mas muita gente que comprou “Revolver” e “Physical Graffiti” antes de todo mundo também não deveria saber - mas ali em meus ouvidos eram tocadas as melhores músicas daquele ano e olha que o Depeche Mode já havia voltado das trevas e feito o excelente “Ultra”. Mas Ok Computer ia além: viajava pelo espaço sonoro em “Subterranean Homesick Alien”, relembrava o Queen, com a já citada “Paranoid Android” e ainda fazia uma das canções mais tristes que ouvi em minha vida: “Exit Music (For A Film)”.
E olha que não chegamos nem a metade do disco. Levantei da sarjeta, sorri comigo mesmo e fui fazendo o caminho de volta para casa. De repente uma chuva caiu, como se me limpasse e imediatamente outro trecho de “Paranoid Android” em que Thom Yorke suplica por ela “Rain down, rain down. Come on rain down on me. From a great height. From a great height... height...” me veio a lembrança.
Sem nem mesmo dar o pause, fui me secando com uma toalha e lembrando de que um dia fui criança, daquelas que corre para o pátio quando a chuva cai e toma um banho daqueles enquanto ouvia a maravilhosa, melancólica e desafiante “Let Down”.
Stop. Eject. Tira o CD. Põe o CD no aparelho de som do quarto. Aperta o play. Pula para a faixa 6 e um mantra começa a ser emitido, “Karma Police”. A música é tranqüila, sua letra é pessoal e com certeza ali, naquela linda canção, no momento em que o som pára, é que tive discernimento do quanto aquele disco – sou velho e nesse tempo as pessoas nem sonhavam com o MP3 – seria importante para dezenas de outras bandas.
A fórmula “piano, voz amargurada, cantor com estilo excêntrico de cantar e subida de tom em momento chave da canção” seguida por Keane, Coldplay, Muse e muitas outras foi criada em “Karma Police”.
Você pode reclamar da informatização de “Fitter Happier”, da “pauleira” de “Electroneering”, da canção perfeita para um filme de David Lynch (“Climbing Up The Walls”), da segunda viagem espacial da banda em “Lucky” e da nostalgia de “The Tourist”. Mas todas essas faixas são necessárias para que o sentido de se ouvir um dos melhores discos de roque já feitos seja completo.
E olha que eu não vou nem falar de um clássico instantâneo que se chama “No Surprises”, talvez a mais linda canção já feita por uma banda nos últimos 30 anos e que tem tudo para entrar em uma daquelas compilações das “músicas mais marcantes de cada década”.
Escrevi todo esse texto para você: que não conhece esse material do Radiohead, que é apaixonado por Keane, Coldplay e Muse, que quer ouvir algo diferente, moderno e que possa inspirar você por alguns bons minutos da sua existência. E também porque não vi nenhum, se tiver favor indicar, artigo do ano passado que falasse de “Ok Computer” em pleno seus dez anos de lançamento.

Ouça sem alarmes e tenha muitas surpresas.

ED


sexta-feira, agosto 22, 2008

Ouçam!





terça-feira, maio 27, 2008

Rocky Balboa


"...O mundo não é ensolarado e cheio de arco-íris. É um lugar muito rude e traiçoeiro que vai lhe deixar de joelhos e fazer você ficar de joelhos pra sempre se você deixar. Nem você, nem eu, nem ninguém dá porradas mais fortes do que a vida. Mas não importa o quão forte é a porrada que você dá; o que importa é quanta porrada você pode tomar e continuar marchando. Quanto você consegue aguentar e continuar seguindo em frente. É assim que se vence. Agora, se você sabe o quanto você vale, então vai lá e lute pelo que você merece. Mas você tem que estar disposto a aguentar a porrada, e não ficar apontando o dedo dizendo que você não consegue por causa dele, dela ou de ninguém..."


Rocky Balboa é um personagem fantástico, o trabalho feito por Sylvester Stallone como criador roteirista produtor diretor e interprete do personagem é magnífico e deve ser reverenciado. Nos seis filmes sobre o personagem a trajetória foi de altos e baixos, mas começou com um filme excelente, super premiado e com retorno financeiro sensacional, teve a sequencia com os ótimos segundo e terceiro filme, o bom quato filme, o quinto filme e o estupendo sexto filme fechando a saga. Ele veio fechar a história do grande Rocky Balboa, da forma como ele merecia, permitindo que os fãs pudessem dar (e receber) o "Adeus" ao ídolo de um jeito tão altivo e bacana, como fez por exemplo o Guga em Rolland Garros, jogando já sem condições, mas com brilhantismo como retratado neste vídeo ou no artigo publicado por Mats Wilander na imprensa francesa.

(desculpem a ênfase no paralelo para a vida real)

É uma pena que a crítica não tenha se despido dos preconceitos para avaliar este último filme. Não que tenham apedrejado o filme, isso não ocorreu, mas não lhes renderam as homenagens que ele merecia, enfim...
Festivais de cinema costumam premiar pessoas "pelo conjunto da obra" ou com um outro prêmio especial como uma forma de tentar reparar injustiças de premiações anteriores. Por tudo que ele é eu acho que Rocky Balboa enquanto personagem merece um prêmio pelo conjunto de sua história, um prêmio de melhor personagem.

Eu poderia, aqui, discorrer sobre os recados que o Stallone tentou passar com os filmes, dar detalhes tecnicos das produções ou destacar os panos de fundo históricos de cada filme e as ideologias reforçadas por eles, mas não o farei. Poderia também, como muitos outros fãs resenhistas, traçar o paralelo entre as trajetórias do Rocky e do seu criador Stallone (essas resenhas são ótimas), mas também não irei por aí...

Vou escrever sobre como minha visão sobre ele evoluiu com o passar do tempo. O personagem e o primeiro filme foram criados alguns anos antes de eu nascer, o segundo filme foi feito no ano em que eu nasci, os doi seguintes durante a minha infância, o quinto durante minha adolescência e o último feito agora quando eu me aproximo dos trinta anos.

Ainda criança, eu, enquanto conhecia o Rocky apenas de ouvir falar, não simpatizava com o personagem, considerava-o aquele prototipo de herói americano, desde sempre tão batido. Quando eu enfim vi o Rocky, percebi que era diferente do que eu esperava, e achei o filme muito bom, e o personagem era fantástico. Não é que o Rocky não fosse um herói americano, ele era; mas não era como o "Capitão América" ou o "Super-Homem", como era comum naquela época. O Rocky era mais como "Homem-Aranha", um cara que vencia não por causa de sua qualidades, mas apesar das suas fraquezas. E a luta ainda termina empatada, para sair, ainda mais, do lugar comum. Fantástico galera.

O Segundo filme, acabou se tornando uma necessidade, com o empate na luta do primeiro filme, sentimos a necessidade de um tira-teima entre o Rocky Balboa e o Apollo Creed e ele vem no segundo filme, que segue a mesma fórmula, com a mesma estética , o que poderia fazer o filme ficar repetitivo ou enfadonho, porém excelentemente bem construído, o filme envolve o espectador em seu início, e faz a platéia chegar ao fim do filme como torcedores do Rocky. Ele enfim vence a luta e se torna pela primeira vez o campeão mundial dos pesos pesados. Se o Rocky já era um personagem bacana, alí ele já começava a ficar etrnizado na história do cinema.

Para o terceiro filme eu tinha motivos para ter preconceitos negativos sobre o filme, a insistência na fórmula e o Mr T. por exemplo, mas com a experiência que eu já tinha em Rocky, não me arrisquei a criticar ante de ver, no que fui muito feliz. Rocky, no início, perde o título mundial, o treinador morre e Rocky fica deprimido, e o Apollo Doutrinador é quem vem para treinar o Rocky para recuperar o título. O filme coloca, de forma ainda mais forte que nos outros, o Boxe como apenas um esporte, importante para os personagens, mas apenas uma parte de suas vidas. Neste filme também fica completamente descontruída aquela imagem de que os adversários representam o mal, são apenas pessoas, as vezes com objetivos avessos uns dos outros, mas que podem mudar como o de qualquer um, e portanto o adversário de um dia pode ser aliado no dia seguinte, sem que para isso alguém tenha que ter sido corrompido. Mais um pítulo fantástico na saga do Rocky.

O quarto capítulo, se peca pelo fundo Guerra Fria, prima pela forma brilhante que retrata a amizade que surgiu entre Rocky e Apollo. O filme tem lá seus defeitos, mas a saga do Rocky prossegue ele continua cada vez mais carismático, é verdade que imaginar os russos gritando o nome dele na luta contra o Draco em Moscou, é realmente superestimar o carisma dele, mas no fim é mais um filme bacana do Rocky.

O Boxe é o esporte mais retratado no cinema em todos os tempos. E muitos dos personagens dos filmes de boxe estão entre os maiores da história do cinema, e dentre todos eles Rocky é o personagem mais forte. E ainda tinha mais.

O quinto episódio é de todos o pior,mas tem suas contribuições, mais do que os outros mostra um Rocky com problemas de pessoas normais, é o menos romântico dos seis filmes, e era triste enquanto pensávamos que era o capítulo final da história, pois o Rocky merecia mais...

E teve mais, destinado desde sempre a apoteoses fantásticas Rocky Balboa aparece no Sexto filme, já velho aposentado, e sua grande luta é em princípio contra os efeitos da passagem do tempo, e acaba se tornando uma jornada de auto-conhecimento e aceitação. Sua grande mensagem é aquela citada em epígrafe. O filme é sensacional e fecha essa saga fantástica de forma excepcional.

É mais um sinal da inexorabilidade da passagem do tempo se mostra para nós, Rocky Balboa enfim parou definitivamente, assim como Fidel Castro se aposentou, só o Silvio Santos continua Sécula Seculorum Amen...



quarta-feira, maio 14, 2008

PHILIP K DICK, RIDLEY SCOTT, E O CAÇADOR DE REPLICANTES

O Gênero ficção científica, é dentre todos, o que mais é capaz de gerar polêmica em seu público, por dois grandes motivos, o segundo é pela forma bem caracteristica em que a crítica da sociedade contemporânea a obra feita. O primeiro, e mais primordial, é a própria crítica. Assumindo, esta primeira premissa, fica fácil definir que o gênero teve, na história da humanidade, quatro grandes gênios: Júlio Verne, o precursor de todos eles, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Philip K. Dick, são os grandes representantes novescentistas (o século mais afeito a este tipo de linguagem).

(Aqui cabe explicar aos não iniciados, que o gênero ficção científica consiste em elaborar uma realidade alternativa, em via de regra no futuro,, e dentro desta realidade criar uma trama para destilar uma crítica consistente velada sobre uma característica presente e determinante da sociedade em que está inserido o autor da obra de ficção). Dentro disso os quatro nomes citados são grandes monstros sagrados incomparáveis, cada um em seu estilo característico, em especial, Philip K Dick, objeto deste ensaio.

Já li bastante coisa do Dick (entre elas: "Do Androids Dream of Eletric Sheep" ou numa tradução livre "Será que Andrides Sonham com Ovelhas Elétricas) e vi ainda algumas outras coisas adaptadas para o cinema. De tudo que eu vi, o Philip deve se nenhuma injustiça ser classificado como um gènio escritor de ficção científica ou, um esquizofrênico incontrolável (ou pelo menos integrante de um grupo de risco para assim ser classificado).

(Aqui cabe nova explicação; pela qualidade, profundidade ,tipo e enfoque das críticas realizadas em obras de ficção científica, os grupos de pessoas que se interessam pela obra são facilmente identificáveis e classificáveis como NERDS, ARTISTAS, FILÓSOFOS, LOUCOS ou cientistas que tenham em sua linha de pesquisa algum parâmetro similar ao de algo que tenha sido citado na obra), exatamente por isso as pessoas que tomam estas obras como referências importantes sejam, injustamente não levadas a sério pelas pessoas em geral, assim como seus autores, que muitas vezes ficaram estigmatizados como autores menores, pelos críticos de seu tempo.

Determinadas todas as qualidades da proposições filosóficas que Philip K Dick é capaz de nos colocar, e todas as condições que levam (ou levaram) os intelectuais (ou pseudo-intelectuais) a menosprezar sua obra, quero aqui dizer alguma coisa sobre o grande tratado de filosofia e sociologia que é "Do Androids Dream of Eletric Sheep". Quero dizer principalmente, que se trata de um livro que através das técnicas bem desenvolvidas de literatura de ficção científica, desnuda completamente a condição, os desejos e as necessidades humanas, em contraposição as regras determinações e politicas vigentes em seu tempo. Enfim, em toda sua obra Philip é genial, neste produto em especifico é simplesmente sublime.

Ridley Scott é um diretor de cinema raro. Não é um fantástico diretor de atores, como foi o sensacional Glauber Rocha, que definia cobrava e exigia cada detalhe das atuações. Não Scott pelo contrário dá toda liberdade para os atores viverem as realidades de seus personagens,nunca perdendo o controle sobre a história que será contada, porque todo o mundo em que se passa a história, o roteiro, os detalhes de como a história será contada e até a escolha do elenco que viverá os personagens da história ficam sob responsabilidade deste diretor, que sempre monta cenários perfeitos, com enquadramentos e ritmos muito bem colocados, para atores escolhidos com esmero inigualável. Enfim para sobrepujar este grande diretor em qualquer dos seus trabalhos, o mínimo que seria necessário é a genialidade, e essa pode ser suficiente para superá-lo em quase toda a sua obra, mas não no caso desta obra em que trato nestas linhas.

A história contada na tela Grande, de Deckard e os replicantes que ele é incumbido de caçar é simplesmente inigualável sobre todos os aspectos, não é somente uma obra prima do escritor do livro, do roteirista que adaptou, do diretor, do produtor, de um dos atores ou todos os atores; mas um caso único de obra prima de todos os envolvidos, desde o diretor aos contra-regrados atores aos figurinistas, do compositor da trilha sonora aos maquiadores. É insuperável.

Enfim, Blade Runner é uma história fantástica, contada por um sensacional contador de histórias, com uma equipe magnífica, numa jornada extremamente bem aventurada.


Para mim que conheço profundamente a obra, e já apreciei três versões que foram lançadas do Blade Runner e um documentário sobre a produção, além de diversos textos e outras críticas em mídias diversas, o que eu mais gostaria e desejo ver, seria a primeira versão (a de quatro horas), a totalmente sem cortes, que o Ridley e seus assistentes mais próximos viram antes de fazer os primeiros cortes para levar aos financiadores. Deve ser Quaquer coisa.





ED


domingo, maio 04, 2008

Blog

Você que agora me lê já parou para pensar no que leva uma pessoa a escrever um Blog?

Existe blog para todo gosto: discutir tecnologia politica esporte, para fazer propaganda de algum produto ou idéia, para exaltar filhos, cônjuges, parentes, amigos ou grupos de amigos, ou instuições que fazem parte da vida do autor, como escola empresa ou igreja. Se exalta e se discute e até se disponibilizam midias de artistas e obras que são motivos de outros blogs. Tem gente que faz um blog como se fosse um diário. Tem gente que o faz para auto-promoção. Tem pornográfico, non-sense, enfim...

Muitos blogs sem nenhum objetivo econômico, e outros criados com o claro objetivo de faturamento, apesar de que eu acho que tanto os blogs que tentam vender produtos quanto os blogs jornalísticos, me parecem dar menos retorno que outras formas que essas pessoas poderiam utilizar para ganhar dinheiro. Quem utiliza de publicidade para tentar faturar, vá lá , é logico que é válido, e enfim, pode ser uma forma até interessante de ganhar um extra.

Eu vi outro dia, o Diogo Mainardi, no Manhattan Conection tipo de mídia como fonte de informação, por causa da falta de um certo controle, da proteção do anonimato do escritor, ou da falta de se impor uma responsabilidade a quem publicita informações ao mundo inteiro através da internet, as vezes, sem cuidados, que são desejáveis.

Mas esse não é o foco deste artigo, então, retomemos...

Financeiramente, não creio que seja um negócio assim tão lucrativo, para explicar a existência destes blogs, apenas pelo retorno financeiro que eles dão. E dos muitos blogs que não lucram, será que há algum fator que explica a disseminação desta mídia.

Dirão alguns, que o fator prepoderante seria a intimidade do blogueiro com com as novas ferramentas tecnológicas de mídia. Nesta explicação eu não acredito. Tenho conhecimento de muitas pessoas muito mais linkadas a tecnologias modernas de comunicação, que têm muita coisa a dizer, e não tem blogs. Além de outros tantos muito menos afeitos do que eu, à informática e à rede mundial de computadores, que muitas vezes nem tem tanto a dizer e que mantêm seus blogs.

Minha teoria é a seguinte (e pode-se chamar de teoria do bigode):

A causa pode ser uma sinapse mutante que acontece num ponto do cérebro, sem explicação conhecida, que leva o portador a tomar uma decisão ilógica, como deixar crescer o bigode, ou criar um blog.


Acho que essa explicação me satisfaz.


E O MALA CASOU

Acontecimento cheio de significados simbólico.
Não é meu primeiro amigo que se casa, mas mais fortemente do que outros, me joga na cara (de novo) a questão da passagem do tempo (tô falando de mais nisso, e pior vou continuar falando para frente).
Foi uma cerimônia bacana, uma oportunidade legal de rever uns amigos e até de conhecer pessoas novas.
Mas mais do que tudo, foi para mim mostrado, pelos noivos, cada um a sua maneira, uma profissão de fé de esperança. não vou explicar isso. Quem os conhece acredito que entendeu.

Márcio e Júlia, parabéns para vocês. E toda sorte do mundo.


quinta-feira, maio 01, 2008

O Blog na Rede (mês de abril de 2008)

Este mês foi apenas uma publicação, mas que publicação! Vê ela aí:


Foi muito bacana tudo até aqui, e tomará fique sempre cada vez mais bacana daqui pra frente, seguindo nossas diretrizes que repito novamente:






Apresentação


Este Blog é espaço para um tributo à liberdade de todos nós.
Discutiremos tudo. Sem censura. Escreva pra mim. Eu publico seu texto e respondo. (concordando ou discordando que da MINHA liberdade eu não abro mão) .

Como também não abro mão da SUA liberdade o assunto você decide (futebol politica e religião são bem vindos, não temos medo de polemica).

MANTENHAMOS UM BOM NÍVEL, POR FAVOR.

Quer publicar um texto?
Escreva para: 
blogdoed@gmail.com

Polemize aqui não haverá linha editorial ou tendência exponha seus argumentos e os veja confrontados (ou reforçados). Quer falar bobagem? Expor sua arte? Tente colocá-la aqui.

Nosso lema: "Defenderei até a morte o direito de dizê-lo, mas não concordo com nada do que disse."

Muito obrigado pela sua atenção.

ED
Publicado originalmente em 14/04/2006




quarta-feira, abril 23, 2008

LAVOURA ARCAICA

Esse mês eu vi já pela décima vez o filme Lavoura Arcaica. Eu e esse filme temos uma história de atração mútua, mas em princípio não vou falar aqui da minha história com este filme, vou sim exaltá-lo ao ponto que eu acho que ele merece. Não é um filme que tenha sido muito visto, e entre os que já o viram, sei que existem alguns que não terão dele as mesmas impressões,mas enfim.


Pra começar o básico do filme que chama a atenção de cara no filme é a fotografia, a ambientação, locação guarda roupa; tudo que podia ser feito com para dar o clima da época e da estrutura social em que os personagens estão inseridos e todo o clima do ambiente; foi feito com tal esmero e qualidade, que definitivamente sobre este aspecto Lavoura Arcaica é de longe o filme Brasileiro mais bem feito da história, e sobre isso eu acho que ninguém discutirá.

Vamos falar um pouco da história então: O livro é simplesmente sensacional, uma história, densa, filosófica e polêmica, contada de uma forma que que te prende cheia de recursos ritmicos, vocabulares e gramáticos que te ajudam a entrar não somente na história, mas tambem na cabeçados personagens, de uma forma tão impressionante, que você entende todos os personagens e suas atitudes, de formas que o leitor acaba tendo a impressão da inescapabilidade daqueles destinos todos (ou pelo menos quase todos).
E além disso, tem o tempo. O tempo, senhor de todos os destinos, é agente central da trama, e dele nasce as condições e as reações que dão forma ao livro. Tudo isso extremamente bem trabalhado pelo autor, que com seus recursos linguisticos brinca com o tempo deixando o leitor sempre numa condição psicológica que maximiza a reação causada pelo que o desenvolvimento da trama causará.
Puta texto, do puta escritor que é o Raduan Nassar. Leitura Obrigatória.
No filme,a história está perfeitamente colocada. Nas, sei lá, tipo 3 horas da pelicula, você vai ter as mesmas sensações que a leitura do livro lhe causa. Não tenho dúvida em dizer que nunca houve história mais bem adaptada para o cinema do que esta, no máximo pode ser igualada em algum caso. Para um expectador desavisado ou de julgamento mais apressado, o filme parecerá lento e esquisito. Mas para quem vai um pouco mais preparado, ou analisa de forma mais detida vê que diretor mexe com ritmo, muda os enquadramentos, insere e mescla flashbacks, narrações e monólogos que completam a ação do filme, para levar ao expectador não apenas uma história, mas a história que o Raduan Nassar contou, e da forma como ele contou.

Já ficou claro que eu penso que o diretor fez uma trabalho fantástico assim como a equipe técnica toda, fotografia, edição, montagem guarda-roupa, maquiagem, roteiro enfim, com tudo isso seria uma bela produção, mas não ainda, um filme tão bacana.
Mas os atores que trabalharam neste filme (todos eles), atuaram de forma tão consonante com toda a qualidade da produção e assim fizeram deste filme esta obra incrível. Para não me alongar muito vou dizer que do Raul Cortez que de coadjuvante que era encarnou tão bem o personagem que só não roubaou a cena, porque Selton Melo (o protagonista) teve uma atuação assustadora de tão perfeita. E a atuação mais incrível ainda é a de Simone Spoladore, uma das melhores atuações que já vi. E ela não diz uma palavra. Caralho!

Eu definitivamente considero este filme qualquer coisa....
Sei que muita gente, talvez quase todos vão dizer que só falei bobagens...
Mas eu digo, minha análise desse filme é completa, e se eu sei que não é um filme para qualquer um; também sei que, para quem ele for; ele não será UM, mas sim O filme.

Enfim.eu disse o que eu acho e o que penso que devia ser dito.Se alguém discorda, que diga o que pensa. Agora quem não viu, talvez devesse ver, pra descobrir o que pensaria, mas já sabendo de antemão, tudo que eu disse, de que o filme assim como livro pode ser tudo, menos fácil.

É isso aí.

ED


terça-feira, abril 01, 2008

O Blog na Rede (mês de março de 2008)

O mês de março veio e com ele quatro novas publicações aqui no blog. Muito bacanas aliás... foram essas:







  • Arthur C. Clarke
  • A Lenda
  • ENTREVISTA COM UM MÉDICO
  • PASSEIO SOCRÁTICO

  •    E o blog vai indo bem, com uma frequência e uma regularidade das publicações cada vez maiores.
  •    Continuamos aí querendo como sempre fazer, aquilo a que nos propomos desde o início e que aqui repito...:




  •    Apresentação


       Este Blog é espaço para um tributo à liberdade de todos nós.
    Discutiremos tudo. Sem censura. Escreva pra mim. Eu publico seu texto e respondo. (concordando ou discordando que da MINHA liberdade eu não abro mão) .

    Como também não abro mão da SUA liberdade o assunto você decide (futebol politica e religião são bem vindos, não temos medo de polemica).

    MANTENHAMOS UM BOM NÍVEL, POR FAVOR.

    Quer publicar um texto?
    Escreva para: 
    blogdoed@gmail.com

    Polemize aqui não haverá linha editorial ou tendência exponha seus argumentos e os veja confrontados (ou reforçados). Quer falar bobagem? Expor sua arte? Tente colocá-la aqui.

    Nosso lema: "Defenderei até a morte o direito de dizê-lo, mas não concordo com nada do que disse."

    Muito obrigado pela sua atenção.

    ED
    Publicado originalmente em 14/04/2006





quinta-feira, março 20, 2008

Arthur C. Clarke

Eu não ia ter como escrever tudo que eu acho que merecia a ocasião. Não pode passa em branco a despedida deste homem que foi um ídolo da minha infância, que com certeza foi figura importante na formação do meu caráter e do meu pensamento na vida adulta. Colocarei aqui textos de dois outros Blogs, que me foram enviados pelo amigo e chefe Coutinho. Meu sentimento é imprescionantemente parecido com o dos redatores. Espero que se eles souberem da minha citação, não fiquem chateados.

"Arthur C. Clarke, O Profeta do Futuro
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica.”
Morreu ontem no Sri Lanka um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos, o grande e imortal Sir Arthur C. Clarke, que profetizou em mais de uma centena de livros muitas invenções que se tornaram realidade como o satélite artificial, o ônibus espacial, os super computadores e os sistemas de comunicação instantânea que todos nós conhecemos tão bem.
Nos anos 40, Sir Arthur defendeu a tese de que o homem iria pisar na Lua até o ano 2000, algo que era considerado impossível naquela época. Algum tempo depois, foi convidado para participar como comentarista das transmissões das missões lunares da Apollo 12 e Apollo 15.
Além de ter influenciado a criação de diversas tecnologias que usamos no dia a dia, Sir Arthur também foi uma enorme influência para diversos escritores, diretores de cinema e produtores de séries de TV. Em 1964 trabalhou com o grande diretor de cinema Stanley Kubrick para adaptar seu conto “O Sentinela”, que acabou se tornando o magistral filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”.
Seus escritos despertam a paixão pela tecnologia em milhões de crianças ao redor do mundo, inclusive no blogueiro que digita estas linhas. Eu tenho uma enorme dívida de gratidão com Clarke por ele ter criado obras geniais como por exemplo “Encontro com Rama”, e posso dizer que se não tivesse tido um contato precoce com as obras de Sir Arthur e do seu velho amigo Isaac Asimov, eu jamais teria criado um blog sobre novidades tecnológicas.
Ele e Asimov inclusive criaram um tratado pessoal muito curioso, que estabelecia que sempre iriam indicar o outro como o melhor escritor de ficção científica do mundo. Nada mais justo, afinal, ambos estavam certíssimos.
Sir Arthur também é famoso pelas suas frases, simplesmente geniais. Citando o mestre: “Se nós tivermos aprendido algo da história de invenções e descobertas, é que, a longo prazo – e muitas vezes a curto prazo – as profecias mais audaciosas parecem ridiculamente conservadoras.”
Outro assunto que mexia com Sir Arthur era a questão da religião e o absurdo do Criacionismo, ele cunhou esta pérola: “Eu até defenderia a liberdade de adultos criacionistas praticarem qualquer perversão intelectual que eles quisessem na privacidade de suas casas, mas também é necessário proteger os jovens e os inocentes.”
Ainda falando sobre religião, Sir Arthur disse: “O conceito de que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança é como uma bomba relógio nas fundações do Cristianismo”.Sir Arthur cunhou as Leis de Clarke, que estipulam:
1. Quando um cientista renomado e experiente diz que algo é possível, ele está quase certamente certo. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
2. O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se além dele, através do impossível.
3. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica.
Em reconhecimento ao seu legado, Clarke ganhou os prêmios Nebula Award em 1972, 1974 e 1979; e o Hugo Award of em 1974 e 1980, além de ter se tornado o Grande Mestre dos Escritores de Ficção Científica da América em 1986.
Seu último livro, The Last Theorem, co-escrito com Frederik Pohl, deve ser lançado no final deste ano.
Sir Arthur viverá para sempre no coração dos seus fãs, e nas estrelas de onde buscou inspiração para sua magnífica obra. Descanse em paz, Mestre, nós sentiremos muito a sua falta."
Visite o site da Clarke Foundation.
Confira aqui uma entrevista com o mestre, feita em 2004.
Via AP e BBC.
Do blog DIGITAL DROPS - http://www.digitaldrops.com.br


"Arthur Clarke (16.12.1917-19.03.2008)
Ele morreu e, como meus maiores ídolos (Sagan, Asimov…), não quis funeral religioso.
É bom, porque adoram inventar que grandes ateus da história humana ficaram religiosos perto do fim. O que não é verdade.
Arthur Clarke foi grande. Mudou minha vida, junto com alguns outros autores relevantes de ficção e divulgação científica. Quando eu era adolescente, cheio de idéias subversivas de que o mundo não era exatamente como andavam me dizendo que era, foram ele, Asimov, Sagan, Stephen Jay Gould e alguns outros cientistas e escritores que me ajudaram a entender que eu não estava só. Que aquelas idéias não eram tão estranhas e absurdas. Tendo sido criado numa família católica, eles foram minha vela na escuridão.
Todos foram embora. Ontem foi a vez de Clarke, o último deles. Deixou um legado indiscutível."
Do Blog de Alexandre Maron -http://www.alexmaron.com.br


A Lenda

Eu vi a lenda.
Em seu terno prateado,
eu vi a lenda.
Empunhando a sua guitarra,
eu vi a lenda.
Atacando ferozmente o piano,
eu vi a lenda.

Eu vi a lenda e sua lendária voz
quase sumindo.
Eu vi a lenda num hercúleo esforço
para cantar.
E eu vi que todos viram o mesmo.
E vi que as pessoas reconheceram
e reverenciaram o seu esforço.

Eu vi e ouvi a lenda
cantando as suas lendárias canções.
Vi e ouvi todos cantarem juntos
a plenos pulmões.
Eu vi a lenda tocar dezenas de novas músicas.
E relegar dezenas de clássicos a ficarem ressoando
apenas na memória dos fãs.
Como se a sua história começasse ali.
Como se a lenda não fosse lenda.

Eu vi a lenda e sua lendária sisudez.
Eu vi a lenda e sua energia magnética.
Eu vi a lenda e o brilho em todos os olhares.
E os corações crepitando de entusiasmo.
E senti o Mundo pulsando em seus acordes e letras.
Eu vi a lenda e senti todos os gigantes dos séculos
tocando a mão sobre a sua cabeça
e dizendo: "Estamos contigo."

Eu vi a lenda, e vi que a lenda é mortal.
Eu vi a lenda e que ele é apenas um garoto das terras do Norte.
Eu vi a lenda e que ele é apenas mais um homem triste e solitário.
Eu vi a lenda. E a lenda se chamava Bob Dylan.





Mendelson



segunda-feira, março 10, 2008

ENTREVISTA COM UM MÉDICO

Um médico sincero foi questionado sobre vários conselhos que sempre nos são dados...

Pergunta: Exercícios cardiovasculares prolongam a vida, é verdade?
Resposta: O seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só... não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo gasta-se eventualmente Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais: isso é como dizer que você pode prolongar a vida do seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca !!!

P: Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
R: Você precisa entender a logística da eficiência... .O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos? Coma frango. A carne de porco pode fornecer 100% da sua cota diária recomendada de vegetais.

P: Devo reduzir o consumo de álcool?
R: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinhodestilado, o que significa que, eles tiram a água da fruta de modo que vc tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar!

P: Quais são as vantagens de um programa regular de exercícios?
R: Mi nha filosofia é: Se não tem dor...tá bom!

P: Frituras são prejudiciais?
R: VOCÊ NÃO ESTÁ ME ESCUTANDO!!! !... Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Na Verdade ficam impregnadas de óleo vegetal. Como pode mais vegetal ser prejudicial para você?

P: Flexões ajudam a reduzir a gordura?
R: Absolutamente não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente de tamanho.

P: Chocolate faz mal?
R: Tá maluco? !!!! Cacau!!!! Outro vegetal!! É uma comida boap´ra se ficar feliz !!! E lembre-se: A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca - Cerveja em uma mão - tira gosto na outra - muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: VALEU !!! QUE VIAGEM!!!!!! !!!!!!


domingo, março 09, 2008

PASSEIO SOCRÁTICO

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo,criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão. Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia? Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela... Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade. Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc. Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja. Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Frei Beto


sábado, março 01, 2008

O Blog na Rede (mês de fevereiro de 2008)


  • Agora em fevereiro foram 5 publicações, que orgulhosamente
  • apresentamos:


  • OK RADIOHEAD
  • PALINDROMO
  • AMANHÃ A NOIVA NÃO IRÁ AO ALTAR
  • ACIDENTES ECOLÓGICOS: TRISTE DIVERTIMENTO
  • Colunista britânico defende 'Plano Marshall' para salvar a Amazônia



    E é com o mesmo orgulho, e com muita alegria que apresentamos
    também esse espaço e o motivo a que viemos:





    Apresentação


    Este Blog é espaço para um tributo à liberdade de todos nós.Discutiremos tudo. Sem censura. Escreva pra mim. Eu publico seu texto e respondo. (concordando ou discordando que da MINHA liberdade eu não abro mão).

    Como também não abro mão da SUA liberdade o assunto você decide(futebol politica e religião são bem vindos, não temos medo de polemica).

    MANTENHAMOS UM BOM NÍVEL, POR FAVOR.


    Quer publicar um texto?
    Escreva para: blogdoed@gmail.com


    Polemize aqui não haverá linha editorial ou tendência exponha seus argumentos e os veja confrontados (ou reforçados). Quer falar bobagem? Expor sua arte? Tente colocá-la aqui.

    Nosso lema: "Defenderei até a morte o direito de dizê-lo, mas não concordo com nada do que disse."

    Muito obrigado pela sua atenção.

    ED


    Publicado originalmente em 14/04/2006