domingo, dezembro 27, 2009

O que me chamou a atenção no caso Sean






POR PAULO NOGUEIRA PARA A Época



Com o pai antes da confusão: a disputa foi motivada por amor de ambas as partes
ACOMPANHEI A história de Sean Goldman pela mídia estrangeira, sobretudo a americana. Vivo em Londres, e meu trabalho está conectado à situação internacional. Minhas leituras jornalísticas concentram-se quase que 100% nos noticiários de fora, sobretudo os ingleses, e em parte os americanos. Como assinalei no texto anterior, me chamou a atenção, negativamente, o tom exacerbadamente patriótico e claramente maniqueísta dado pela maior parte dos jornalistas americanos ao assunto. Parecia o bem contra o mal e quando é assim as decisões ficam mais fáceis. Mas não era este o caso. Como também escrevi, para mim era um segundo choque negativo em pouco tempo. Pouco antes, também fora rasamente nacionalista o tom dado ao julgamento na Itália da estudante 
americana Amanda Knox, condenada a 26 anos pelo assassinato de Meredith Kercher, com quem rachava uma casa em Perúgia, cidade universitária. Amanda foi tratada como vítima pela mídia americana, numa absurda inversão de papéis. Para que fique claro. Sou, há longo tempo, um admirador da mídia americana, para mim uma das melhores do mundo. Não passei um único dia de minha carreira, desde que ingressei na Veja garoto ainda em 1980, sem ler e consultar revistas americanas.  Depois da BBC, ninguém faz jornalismo tão bem quanto o New York Times. Aprecio, além disso, amplamente o espírito americano — empreendedor, democrático, meritocrata, informal. A flexibilidade da sociedade americana é exemplar: o dinheiro pode mudar de mãos se quem nasceu com 
muito for inepto e quem nasceu com pouco trabalhar firme e bem.  Muitas vezes, embora nem sempre, os Estados Unidos combateram o bom combate, como quando enfrentaram o nazismo e o imperialismo soviético, ou, em menor escala, quando fizeram carga contra o Muro de Berlim. De antiamericano nada tenho, portanto. Em minha carreira muitas vezes fui chamado de americanófilo, até por quem não sabia o significado disso. Se há preconceito em mim, é a favor dos Estados Unidos, e não contra. Isto posto, não sabia, ao chegar ao Brasil para as festas de fim de ano, o quanto o caso Sean apaixonara brasileiros e americanos. Só tive consciência disso na repercussão do texto que escrevi ontem, em que falava do Natal duro a que estava condenada a avó do garoto. Se antes já me impressionara a falta de objetividade dos jornalistas americanos, outras coisas me surpreenderiam depois. 
A primeira, a maior delas, foi o ódio de muitas pessoas à família brasileira de Sean. Sei o quanto é difícil gostar de advogados, ainda mais bem sucedidos, como é o padrasto brasileiro de Sean. E sobre avó materna que disputa com o pai a atenção de uma criança, bem, minha história é longa e não cabe contá-la aqui.Mesmo com todos os descontos dados a assuntos por natureza explosivamente emocionais, me deram um calafrio certas reações desumanamente  odiosas contra quem, afinal, foi derrotado numa causa tão complexa, em que o principal componente foi o excesso de amor. Muita gente, nos comentários ao texto de ontem, desejou que a avó sofra imensamente, e isso porque era Natal. Algumas pragas foram escritas em letras maiúsculas, o que significa berro. É inútil desejar sofrimento a quem com certeza sofrerá, mas isso não deteve quase ninguém. Também li que o lado brasileiro usou o garoto para certas fotos dramáticas. Pode ser, embora ache que isso 
se deva a desespero e não a cálculo. Mas por que medir de outra forma a imagem sorridente de Sean ao lado do pai? O que aconteceu aí, a meu ver, foi o duelo do marketing da infelicidade contra o marketing da felicidade, sendo que o último é desnecessário, uma vez que a causa já foi vencida. Outro ponto que sublinharam nos comentários foi o papel da mídia brasileira, “tão parcial quanto a americana”. Não acompanhei o caso pelos veículos brasileiros, como expliquei no primeiro parágrafo, mas de ontem para hoje pesquisei razoavelmente. Não vi, em nenhum lugar, a versão do pai tão bem contada como num vídeo de 7 minutos do Fantástico, que achei no twitter. Ninguém faz uma reportagem daquelas quando o objetivo é ser parcial; basta não dar voz ao pai se 
você  quer contar apenas a parte do drama que convém. Quem contava a história, ali, era ele mesmo, o pai, numa conversa com um repórter na casa (muito boa) que será  de Sean. O vídeo está aqui, para quem queira tirar a limpo minha afirmação. O que vi e ouvi reforçam minha impressão de que a justiça acertou: ali emerge um 
pai amoroso, dedicado, com plenas condições de dar uma vida boa ao filho. Se isso não ocorrer, todo mundo logo saberá, dada a notoriedade do caso. Também ficou reforçado em mim o sentimento de pena pela avó brasileira, que não apenas perdeu a companhia do neto,  já tendo enterrado a filha, como conquistou a raiva assassina de muita gente —  e não estou falando apenas de americanos. Pai e filho provavelmente se redescobrirão rapidamente, é é bom que assim seja. Para a avó, os dias e as noites serão longos, frios e escuros.



Comentário meu:

Caríssimo Paulo, quando você recebeu comentários sobre a cobertura parcial da mídia brasileira, isso aconteceu porque de fato foi assim que a cobertura aqui se deu. Realmente houve esse espaço no fantástico, mas não houve outros, e faz tempo que a família (a parte brasileira) e os advogados dessa ocupam espaços na mídia do brasil (e continuam ocupando). Mas o espaço para o pai de Sean, não é a pior parte dessa cobertura parcial.


Nenhuma palavra sobre o impedimento do contato da criança com o pai e demais membros do lado paterno da família (por 5 anos).


Nenhuma palavra sobre a lavagem cerebral a que foi submetida a criança manipulando os seus conceitos sobre seu pai e seu país de nascimento, que apesar de não ser tratado pela imprensa foi facilmente percebido pela audiência, pelo próprio comportamento da família e dos advogados no vídeo, e tudo isso pode ser também percebidos nos autos.


Mas sim eu considero normal, que a mídia brasileira, feita por profissionais brasileiros, empregados por empresas  brasileiras e com consumidores brasileiros seja parcial em favor de um lado brasileiro. Como também é normal isso acontecer do lado americano (não entendo sua decepção).


Sobre sua preocupação com o natal da avó, entendo e concordo que ele foi triste, como também será o próximo e o outro numa sequencia até o fim de seus dias, mas isso se dá pela própria postura dela e da falecida filha dela que não se esqueça SEQUESTROU o próprio filho porque a palavra é essa. Ela fugiu dos Estados Unidos com um filho cuja guarda era compartilhada com o pai, sem o conhecimento deste. Aqui, primeiro a mãe, depois o segundo marido dessa e a avó cercearam a liberdade dessa criança. Impediram o contato dessa com o pai (e aqui eu não falo de cartinhas respondidas, que o advogado mostrou aos berros, porque isso não é contato entre pai e filho). Assim sendo a separação ora traumática que acontece, assim o é porque a desastrada parte brasileira, desde a mãe até os digníssimos juizes que deram qualquer tipo de decisão favorável ao lado brasileiro, passando pelo padrasto, tio, avó, mídia brasileira e os patéticos advogados desse lado da querela; agora depois do dantesco espetáculo protagonizado e patrocinado pelo lado brasileiro da família de Sean quando da entrega, eles só poderão vê-lo seguindo as regras que serão definidas pelo judiciário americano (que assim como a imprensa, é muito mais desenvolvido que o nosso) e que provavelmente definirá por visitas com horário determinado e supervisionadas.


Colherá a avó, o que ela e os seus , plantaram, sendo no fim justo todo o sofrimento que ela agora, não apenas sente, como alardeia pela imprensa.


De fato, não me comove não.







quarta-feira, dezembro 23, 2009

Chegou o salvador da pátria

Por ALBERTO MURRAY NETO via blog do Juca Kfouri

Chegou o salvador da pátria ôô, chegou o salvador da pátria ôa!

Foi assim, parodiando versos carnavalescos que o Comitê Olímpico Brasileiro anunciou aos quatro ventos a contratação do super Steve Rush e de sua consultoria norte americana, a TSE/Consulting.

Naquele debate havido no Senado Federal, em que o presidente Nuzman retirou-se do recinto, seu substituto na mesa, acuado pelas perguntas dos senadores, tentava explicar que um dos grandes legados do Pan Americano teria sido o know how adquirido por brasileiros em organizar competições de grande porte.
Ora, o ex-jogador de vôlei sentado ao meu lado, levantou a bola de maneira tão perfeita, que não me restou outra opção que não cortá-la e fazê-la explodir no chão da quadra adversária.
Ao ouvir aquele comentário do representante do COB, eu retruquei sem pestanejar:
"Ora, se vocês aprenderam com o Pan a organizar eventos de grande porte, por que razão contrataram a empresa suiça EKS, a peso de ouro, sem licitação pública, para prestar assessoria para a campanha olímpica?".
Uma moça que estava sentada na platéia olhou para mim e sorriu.
Os senadores sacudiram a cabeça positivamente. E não houve resposta da outra parte.

Pois é, o COB adora contratar consultoria no exterior.
Agora quem vem por aí é o Mister Steve Roush, ex-diretor de alto rendimento do Comitê Olímpico dos Estados Unidos ("USOC") e sua empresa de consultoria TSE/Consultings.
Ele vem para alavancar os resultados olímpicos em 2.012 e 2.016.
Além de seus conhecimentos olímpicos que nos farão virar potência, o Mister Roush vai trazer a mulher barbada, um doberman albino e o homem de três pernas, além de uma belíssima loura que vai cortar em três pedaços dentro de uma caixa e depois do olhar atônito dos nossos pajés olímpicos, retirá-la do mesmo caixote sem um arranhão sequer.
Além de dar conselhos olímpicos, Mister Roush também entortará colheres com a força de seu pensamento e tirará um ornitorrinco de dentro de um ovo de cordorna.
Vamos passar a chamá-lo de o Mago Steve Roush, aquele que em um passe magistral de ilusionismo, transformou o Brasil em potência olímpica.

Não interessa se não temos esporte nas escolas.
Mister Roush não quer saber se o país tem alguma política esportiva de longo prazo levada a sério pelo governo federal, que possibilite o esporte para todos.
Mago Roush fará do Brasil um celeiro de medalhistas, com a mesma simplicidade com que transformará um lenço em um pombo branco.
Afinal de contas, Mister Roush esteve à frente da equipe norte americana em três edições olímpicas.
E ainda afirmou, na nota divulgada à imprensa, que "o cenário esportivo brasileiro atual é muito semelhante a situação que encontrei nos Estados Unidos em 1.999".

O Mago tem razão.
Em 1.999, assim como no Brasil, somente 12% das escolas públicas dos EUA tinham algum tipo de quadra esportiva.
Os "elefantes brancos" construídos pelo USOC apodreciam por falta de uso.
O povo não tinha acesso aos esportes.
As universidades padeciam pela falta de organização esportiva. 
Os atletas norte americanos deixavam de viajar por falta de dinheiro.
Tinha medalhista olímpico recebendo pouco mais de US$ 500 (quinhentos dólares) por mês para treinar e viver. 
Em 1.999, seguindo a brilhante coerência de pensamento do Mister Roush, as atividades esportivas no seu país de origem eram paupérrimas, assim como o são no Brasil atual.
A história do esporte dos EUA divide-se antes e depois do Mister Steve Roush.
Mesmo com aquela pobreza, já no ano seguinte, sob os auspícios do Mister Roush, os Estados Unidos tornaram-se, nos Jogos de Sydney, uma potência olímpica.
Que coisa estupenda esse Mister Roush!

É uma pena que, ao contrário do que afirmou o representante do COB no Senado Federal, não tenhamos no Brasil alguém capaz de cumprir esse papel para o qual foi escolhido o Mr. Roush.
Certamente, o Mr. Roush vai ensinar as Confederações de levantamento de peso, esgrima, canoagem, remo, tênis, tênis de mesa, rugby, golfe, ginástica a formar medalhistas.
Será esse Mago estadounidense de grande utilidade para o esporte brasileiro.

O Mago e sua consultoria serão pagos com dinheiro do povo, que recheia os cofres do COB.
Se ele foi contratado com licitação pública, como obriga o artigo 4 do decreto que regulamenta a lei Piva, o COB não divulgou em sua nota à inprensa.
Também não divulgou o valor do contrato.
Isso será, portanto, matéria para o Ministério Público Federal.

Qual será a próxima super contratação do COB?
Se não der certo com esse Mister Roush, ali na Barra Funda tinha a placa de um mágico argentino radicado no Brasil, que se via da rua.
É o Lipan Magic Show. Deve ser bem mais baratinho.


terça-feira, dezembro 22, 2009

O Terrorismo Pisco-ecológico

Antes de começar e descrever este raciocínio que tive, vou antes de mais nada dizer que creio no aquecimento global, acho que sem dúvida ele está acontecendo, e acho também inquestionável que há influênia da atividade humana nessa situação. Mas há outras coisas em que acredito, como outras influencias concomitantes, a capacidade do proprio planeta de se adaptar e outras tantas crenças. Respeito também quem crê em situações outras, diferentes das minhas e/ou da maioria.

Terminada a COP15, devo dizer que fiquei triste por ela não ter tido resultado nenhum (vão tentar reduzir a magnitude desse fracasso porém inutilmente, porque foi sim estrondoso), eu estou longe de ser um eco-chato, mas já há mais de 20 anos, desde a infância que tenho posturas ambientalmente preocupadas (reduce, reuse, recicle), uso inteligente de energia e outros insumos, descarte cuidadoso de materiais tóxicos e/ou recicláveis, isso tudo muito antes dessas coisas estarem assim tão em voga. E sempre agi assim, mas só na atitude, nunca fui de discursos, pregações ou algo que os valha. Eu de fato gastaria que fosse estabelecida uma nova ordem mundial mais ecologicamente correta. Acho que seria bom para o ambiente, para a economia e para o desenvolvimento de países pobres. Acho que seria bom até para a solução de conflitos internacionais e/ou regionais.

Mas nesse texto aqui, serei como Michael Moore. Cético.
Não vou falar dos e-mails roubados com indicios de manipulação de dados para convencer o mundo dos perigos do aquecimento. (isto porque acredito que em politica é assim, uns forçam para um lado, outros para o outro, então creio, há manipulação de dados tanto por quem acredita na influencia do homem no aquecimento global e em seus perigos, como também há na trincheira oposta - cabe então a cada um filtrar essas informações todas, ver o que lhe parece mais factível e coerente e nester ponto ter suas conclusões, que quero crer que para a maioria das pessoas não será nos extremos defendidos por qualquer parte.)
Não. O que tratarei aqui, parte só de argumentos confessáveis do lado dos ecologistas.

Para começar, vamos nos lembrar de décadas passadas, que como eu tem mais de 30 anos deve se lembrar da última grande tricheira ambiental mundial, e todos os impactos até agora discutidos, falo da camada de ozônio. O ozonio é um gás de fórmula O3, que apesar de ser formado apenas por átomos de oxigênio, não deve ser respirado podendo ser até mesmo letal, mas é um gás leve, que na atmosfera forma uma camada, a ozonosfera, que é parte da estratosfera. Essa camada forma um escudo contra os raios ultra-violeta emitidos pelo sol e tidos como cancerígenos.
Eis que há um outro gás, o Clorofluorcarboneto, que até a década de 80 era bastante usado em geladeiras e aerossois, que era bastante reagende ao ozônio, e quebrava essa molécula e teria criado então um gigantesco buraco na camada de ozônio.
Na época o discurso era que no ano 2000, as pessoas não poderiam sair a luz do dia sob pena de ter câncer de pele. Já naquela época, não deveríamos tomar sol entre as 11:00 e as 14:00 e deveríamos usar protetores solares com alto fator de proteção (o máximo que existia à época era o fps 15), isso é o que nos era dito lá pelo ano de 1987. As pessoas mais acostumadas ao sol, morenadas pela praia, usavam protetores co fps 2, 4 as vezes 6. Só os branquelos de pele sensivel (leia-se que viravam pimentões ardentes sob efeito do sol), usavam protetores com fator 10, 12 ou 15 (eu sempre usei o 15 e sempre fiquei todo vermelho). Mas não vi toda a propalada ocorrencia de cancer de pele aumentar, aliás estamos em 2009 e eu continuo podendo saiir no sol. Sabe outra coisa interessante, hoje vejo indicações de que não se deve tomar sol das 9:00 as 15:00, e os FPS hoje são 30, 35 e 50 e todo mundo usa.
Lá na década de 80 eram as mesmas pessoas e entidades que hoje berram contra o aquecimento global, que antes brigavam pela camada de ozônio e fizeram o CFC ser totalmente banido de qualquer indústria. Ótimo, beleza, não há mais CFC, mas continuamos não devendo tomar sol, hoje até devemos nos proteger mais do que antes, apesar de não haver nenhuma incidência alarmante de câncer, é assim que devemos proceder e procedemos. Só isso seria suficiente para desqualificar o discurso dessas pessoas? Não é claro que não.

Mas passemos a dados. O tal buraco da camada de ozônio tem hoje metade do tamanho que tinha na década de 80 (devido ao banimento dos CFCs), torna-se completamente incoerente então a indicação de cuidados maiores hoje com os raios ultravioleta, do que na década de 80 quando seus efeitos eram já conhecidos e a ameaçã era maior pelo tamnho do buraco na camada de ozonio. Em segundo lugar, o ozonio lá em sua cada estratosférica,absorve os raios ultravioleta, e então se aquece, sendo portanto um poderoso gás de efeito estufa. Tendo esta camada de gás no exterior da atmosfera se aquecendo por radiação ela impede que o calor deixe a terra por convecção e contato, o que acontece então o tal buraco, sobre a antártida permite que o calor da terra deixe o planeta por aquela região permitindo que o continente gelado assim permaneça, ajudando a regular a temperatura de todo o globo. Com sua redução em tamanho, diminui também esse efeito sobre a Antartida, assim a periferia do continente tem se aquecido e descongelado gerando efeitos em todo globo, enquanto o interior do continente continua protegido pelo buraco na camada de ozonio, mantêm-se gelado, por enquanto. Acontece que o buraco na camada de ozonio continua a diminuri e deve, até o fim do século a camada estar totalmente recomposta, aquecendo ainda mais a antartida e por consequencia o mar e por fim o mundo.

Não é portanto, uma conclusão totalmente errada que o aquecimento global, tal como demonstrado hoje, pode ter uma de suas causas, na luta dos mesmos ambientalistas que hoje o combatem, ao combaterem no passado os CFCs. Não tendo resolvido um problema que nem mesmo chegou a se demonstrar, do câncer de pele, nem de cuidados relativos ao sol, podem ter acelerado a questão do aquecimento do globo, talvez até de forma definitiva.

E devo dizer, que não me assustaria, e até acharia engraçado, quando acontecer, e eu acho que vai acontecer de alguém aparecer com a idéia de lançamentos massivos de CFCs na atmosfera como forma de conter e/ou reverter o aquecimento global (e aí com grande impacto no valor de empresas de protetores solares que então passarão a FPS 150, 200 e 500).




Copenhague, uma conferência histórica


Por Eduardo Nunes no blog do Nassif


Cheguei a Copenhagen vindo de uma visita de trabalho ao Haiti (onde a presença brasileira é também apoiada e criticada, mas é reconhecida como determinante). Por mais distantes que a pobre Porto-Príncipe e sofisticada Copenhagen estejam uma da outra, ambas estão mais perto do Brasil e do novo sistema de poder internacional do que nos fazem crer os parciais editoriais.
Por dever profissional (trabalho em uma ONG Internacional de Desenvolvimento), estive em algumas conferências e reuniões de alto nível da ONU, desde a primeira, a ECO-92. Mas, não estava preparado para o que ocorreu na semana passada, na COp15, em Copenhagen.
Muitas foram as surpresas. A primeira foi perceber que a reunião da qual estava participando era vista de forma totalmente parcial pelos que a acompanhavam daqui do Brasil (talvez, do mundo?). A imprensa mostrou manifestações (alias, como se isto fosse algo ruim), conflitos e um impasse improdutivo. Eu participei de outra COP. Saí como a maioria, frustrado com a não assinatura de um acordo “amplo, justo e legalmente vinculante”. Mas, pouco vi manifestações (confinadas a determinadas áreas e horários). Presenciei avanços impensáveis, há pouco. E testemunhei um marco da mudança profunda na geopolítica global.
Vi uma conferência que além da intensa participação das “partes” (Estados Nacionais), contou com uma inédita forte presença de setores corporativos (com destaque para o financeiro), não-governamentais e multilaterais. Houve e sempre haverá conflitos. Mas avançou-se em iniciativas concretas [ara redução de emissões de diversos gases (a imprensa desprezou os importantes avanços em “green-house emissions’, CFC e outros). Na mesma conferência, centenas de projetos foram apresentados, discutidos, ampliados e acordados. Parcerias de todos os tipos foram celebradas. Representam além de alguns bilhões de euros, novos mapas de ação que coordenam setores privados-governamentais-multilarais-sociedade civil. Projetos que suplantam fronteiras nacionais e criam novas geografias de cooperação.
Tudo isto é ainda insuficiente. Mas, diante das dificuldades de um mundo real, não é pouco. Fora as frases de efeito dos chefes de estado, aqueles que prestaram atenção aos discursos veriam que a maioria deles apresentou fatos e ações que já estão em curso. Somados, elas representam avanços importantes.
As manifestações (que não interferiram com os trabalhos, dentro do Bella Center) e a desorganização comum a eventos deste porte (atrasos em credenciamento, mudanças de salas de reuniões, etc.) não mudam o que ocorreu. No caso das manifestações, a imprensa deveria perceber que elas representam uma tentativa (ainda débil, reconheço) de abrir o sistema de decisões internacional a críticas. Mesmo restringida (mas, nunca proibida) nos últimos dias do evento, a participação ampla de observadores privados e não-governamentais também mostra um progresso. Democracia provoca uma dinâmica que alguns setores conservadores insistem em chamar de “bagunça”. Protestos, impasses e discordâncias são do processo democrático.
Por fim, e talvez mais importante, foi a constatação de que esta não foi uma conferencia sobre clima. Foi uma reunião sobre o novo sistema de poder internacional. Nunca, como brasileiro, havia me sentido no centro de uma discussão. Para o bem e para o mal. Antes, ou éramos vistos como irrelevantes, ou como “bonzinhos bem intencionados”. Mas nunca como líderes. Nunca como protagonistas. Até agora. Colegas de outras ONGs internacionais me buscavam para ter informações e conseguir falar com a delegação brasileira. Todos que me encontravam tinham uma posição a expressar. Um apoio, uma crítica. Todos sabiam e reconheciam o novo papel.
Todos menos a imprensa brasileira.
Desde o início, era sabido que o Brasil teria posição protagônica em qualquer resultado da COP15. China e Índia também. Não houve reunião importante na qual o Brasil não estivesse presente. A diplomacia brasileira, com um profundo conhecimento do intricado e burocrático sistema decisório e processual da ONU, conseguiu barrar a maioria das manobras dos países ricos. Como os dois textos “fantasmas”, plantados pela presidência dinamarquesa da conferencia. É só rever as gravações que se perceberá que ambos textos foram desmontados a partir de falas dos representantes brasileiros.
EUA e EU (Japão e Rússia tiveram papel tímido nesta COP) estavam acostumados a ditar tudo. Controlavam as estratégicas relatorias das comissões, enquanto colocavam diplomatas de países pobres nas burocráticas presidências dos grupos. Compravam pequenos e dependentes países com acordos de cooperação. Desta vez não. Brasil e China assumiram um papel de liderança dos “emergentes”, negociaram e apoiaram os países menos desenvolvidos. Quando EUA e EU começaram a ceder alguma coisa (no fim da 6af, dia 18), mesmo com a concordância do Brasil, Índia e China, foi a vez dos liderados dizerem não. Outra novidade. Mostra que o Brasil não exercerá o tipo de liderança dos EUA, hegemônica. Não é, juntamente com Índia, uma nova potência. É um novo tipo de liderança. Expressão de um mundo mais complexo e multipolar.
Dentro destes líderes, a China ainda mantém uma postura mais tradicional de liderança porque tem países em sua órbita de dominação.
Força e potencial econômico, biomassa e petróleo, diplomacia com prioridades nas relações SUL-SUL, carisma pessoal do presidente, etc. Cada um pode e deve discutir os motivos que levaram o país a assumir esta posição (que não é relativa ao clima, é no cenário internacional como um todo). Se bom ou ruim, cada um faça seu juízo. Mas, não é possível que estejamos ignorando este novo papel global e discutindo suas implicações.


segunda-feira, dezembro 21, 2009

Replicar e Treplicar

A long, long time ago, in a galaxy far, far away...

Este blog foi iniciado, e no princípio, apenas textos originalmente escrito para ele eram postados. Fossem meus, dos administradores convidados, ou das pessoas que escrevem para o blogdoed@gmai.com, depois de um tempo, comecei a buscar textos desses  colaboradores em suas próprias páginas. Mais a frente comecei a colocar textos que encontrava pela rede e que julgava interessante  para este espaço.

Esse processo foi se estabelecendo e se enraizando, até que eu passei um tempo distante desse espaço, e minhas leituras foram se acumulando até que ontem, num esforço para colocar as coisas em dia, publiquei, publiquei e publiquei coisas que não eram minhas...

Julguei agora que cabia uma explicação, sobre o que levou às mudanças de procedimento nas decisões de publicação aqui.

Não é como muitos poderão pensar, que seja preguiça de gerar conteúdos, que me faz utilkizar conteúdos outros para este blog (e não é mesmo, porque, creiam, dá muito trabalho, procurar e peneirar esses conteúdos e publicá-los aqui com a devida citação e linkagem). A mudança é de entendimento da rede, desse espaço e do mundo virtual. Eu continuo e quero continuar sempre, gerando conteúdo, na medida em que o tempo me permita, e as idéias surjam e sejam postas em prática. Mas o poder concedido a nós internautas e blogueiros, na sociedade da informação compartilhada é, e deve ser maior do que isso.

Ao replicar um texto de outrem, seja um peródico de grande circulação, uma coluna de personagem bem posto na sociedade, ou de um blogueiro que atualiza vez por ano sua página, não estou simplesmente, me utilizando do trabalho deste para preencher o espaço do meu blog (mesmo porque não sendo meu blog uma atividade profissional, eu não teria nem mesmo que colocar nada, e nada que eu coloque me retorna em dinheiro, prêmios ou qualquer outro benefício). Quando aqui publico algo de outra pessoa, estou compartilhando com ela, o meu público (é pequeno, eu sei), a minha credibilidade, a minha reputação. Como cito e linko, dou a oportuidade, a quem me lê, de conhecer e ler o que o escritor diz. Digo a esses, que vale a pena, que concordo (pelo menos em parte), ou que discordo frotalmente, quando cito para desconstruir depois, mas que respeito, e que prezo pela discussão em alto nível.

Ao copiar textos que traduzam meu pensamento, que coincidem com meus interesses e posturas, faço reverberar na sociedade, não apenas a virtual, mas a sociedade como um todo, o mundo inteiro as crenças e atitudes com as quais me coaduno. Digo assim para os grandes geradores de conteúdo, seja jornalístico, seja entretenimento, o que é que me interessa, o que eu gosto, como eu acho que deve ser...

Replico e treplico, porque esta é apenas mais uma das formas que tenho e uso, para ajudar a fazer com que o mundo seja da forma como eu gostaria, e acho que deve ser.


Eu não compro mais nada na UZ Games (atualizado)

de Alexandre Maron no seu blog

Faz tempo que não escrevo aqui. Correria, correria total. Volto irritado com a dura realidade de que morar aqui no Brasil significa ser mal atendido, por gente despreparada e que trabalha sem padrões básicos de como atender clientes.

Deixa eu explicar. Comprei um Lost Via Domus, do X-Box 360, usado, na unidade da UZ Games do Shopping Eldorado. Faço isso há anos, mas sempre comprei jogos nos Estados Unidos e na Inglaterra. Aqui a coisa é diferente, né?

O fato é que o jogo veio com defeito. Não rodava direito e eu fui na loja trocar. Me desloquei no dia seguinte até o Eldorado, cheguei na loja e eles não tinham aquele título. “Vamos pedir o jogo em outra loja e você vem aqui amanhã pegar.” Mas eu não queria voltar no dia seguinte, precisava resolver naquela hora. Propus trocar por algum outro jogo e eu pagaria a diferença. Não. Não pode.

Como assim não pode? Eles não tinham o título, eu não queria ter que voltar outro dia. Era simples. Troca-se por outro jogo e pronto. Voltar lá significaria pagar estacionamento de novo, gastar gasolina ou condução, perder mais umas duas horas da minha vida.

Mas não. Não pode.

Como assim? Sabe por que em outros países mais arrumadinhos eu conseguiria trocar? Por um motivo simples. As pessoas resistem a comprar esses produtos usados. Para resolver essa desconfiança, você precisa fazê-lo acreditar que a compra de um jogo usado é algo seguro. Tratá-lo com desconfiança, como se ele fosse desonesto apenas o afasta de você. É preciso, enfim, ter uma política seríissima de relacionamento com seu cliente

A UZ Games não tem. O funcionário não tentou entender meu problema, não quis saber e foi peremptório: Não pode. Azar o meu.

Eu não compro mais na UZ Games e pronto. Apesar de ter comprado alguns jogos com eles antes, apesar de ser um cliente sério, apesar de ter um problema legítimo, eles não se importaram comigo, o cliente que confiou neles e comprou um jogo usado. Eles me mandaram voltar depois. Nao volto nunca mais.

Atualização: Fiz a troca. O funcionário, em vez de simplesmente me entregar a outra caixinha com o Lost, começou uma operação de teste do jogo. Algo completamente sem sentido. Se eu estava trocando pelo mesmo jogo, se eu me desloquei até lá, o teste (pelo menos usando o meu tempo) era inútil. Para que eu teria o trabalho de ir lá outra vez para trocar o mesmo jogo se ele estivesse funcionando?

Eu avisei que não ia adiantar nada ele testar. O jogo não roda no meu XBox e pronto e eu tinha que ir embora. Por que não simplificar? Entrego meu jogo, você me entrega o substituto. Peguei a outra caixinha e fui embora.


O que é ILIMITADO nas planos da VIVO ???

por Eduardo Coutinho no meudejavu


É isso o que a falta de concorrência faz. As operadoras de telefonia (fixa ou móvel) estão totalmente descoladas das práticas mundiais em relação ao serviço de Banda Larga mas de que adianta reclamar ? Trocar de país não é uma opção e de operadora só irá mudar o endereço de quem me faz raiva.

De qualquer forma fui vítima esse mês do já famoso plano ILIMITADO COM LIMITAÇÕES da VIVO e queria muito saber como eles se justificavam por isso. Bem, segue a resposta da empresa:
Prezado Senhor, bom dia!
Em atenção ao seu e-mail, informamos que toda utilização é contabilizada para a medicação dos dados trafegados, tanto uso de páginas quanto downloads e ao atingir 2G poderá ter a sua velocidade reduzida para 128Kbps até o inicio de sua próxima franquia quando sua velocidade será restabelecida para a velocidade padrão, conforme o parágrafo 4.3 do Contrato de Adesão ao Serviço Vivo Internet que diz que nos pacotes de dados ilimitados a velocidade de acesso pode ser reduzida quando atingido determinado o volume de dados trafegados no ciclo vigente.
Vale lembrar que é uma prática de mercado, que vem sendo utilizada também por outras operadoras (Tim e Claro reduzem a velocidade em 1GB - metade do volume utilizado pela Vivo).
É importante que fique clara a diferença entre tráfego de dados e velocidade para que entenda que a redução na velocidade não interfere na quantidade de dados que poderá trafegar até o término do seu ciclo de faturamento.
Tráfego de dados é a quantidade de arquivos que acessa, baixa, etc, já a velocidade refere-se a taxa de dados para que o tráfego ocorra, portanto no tráfego de dados é medido o tamanho do arquivo que acessa (como ler notícias na web, receber ou enviar e-mails, utilização do Messenger, download de fotos, vídeos, etc) e na velocidade qual a taxa de dados utilizados para que acesso a estes arquivos.
Desta forma estando com a velocidade de 1Mbps ou 128Kbps, conseguirá baixar arquivos da mesma forma, independente do tamanho do arquivo, o que mudará e a velocidade em que o download ocorrerá, o que explicita claramente que não há restrição de dados em seu plano.
Esclarecemos que Plano Ilimitado quer dizer que seu plano não possui limite para a utilização de dados trafegados, o que não tem relação direta com a velocidade, pois independentemente da velocidade que está atingindo, ainda assim não há limite para o tráfego de dados sem qualquer cobrança adicional.
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Equipe Fale Conosco
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Em resumo, ILIMITADO MY ASS !!!







8 regras (sem sentido) seguidas por todos os filmes de quadrinhos

por Isabela Cabral no giiblog via crisdiasweblog


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Hollywood é uma terra de dinheiro e covardia. Todo grande filme é uma aposta de 150 milhões de dólares, então tendem a seguir uma fórmula de sucesso para garantir segurança. Isso está mais do que evidente. Nos filmes baseados em HQ’s, é sempre seguida a maioria, se não todas, das oito regras a seguir.

8. O primeiro filme requer uma história de origem tediosa


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Por alguma razão desconhecida, a tradição estabelece que o primeiro filme deve consistir em algo que ninguém pagou para ver: o super-herói como ele vivia antes de poder fazer as coisas legais de super-herói.
Outros gêneros não têm essa necessidade; Duro de Matar não gastou metade do filme com John McClane praticando pontaria, Rambo não mostrou o Rambo em treinamento básico por uma hora. Por que não podemos ir logo ao que interessa? Ao invés disso temos que assistir Peter Parker dando duro como fotógrafo, e Bruce Banner trabalhando quietinho como cientista, como se tivéssemos que primeiro apreciar o tédio de suas vidas normais antes de vê-los pulando de um prédio que explode.
origin3E para duplicar o problema, normalmente ainda entram na história de origem de um ou mais vilões, também. Veja! Aqui está um super-vilão fodão quando ele era apenas um cara descontente de jaleco.
Frequentemente, para poupar tempo, juntam essas duas histórias de origem, colocando o vilão principal para matar os pais do herói (independente disso ter acontecido ou não na HQ), simultaneamente iniciando suas respectivas carreiras no heroísmo e na vilania. Um jovem Coringa mata os pais do Bruce Wayne, os do Robin morrem fazem trapezismo, o Rei do Crime mata os pais do Demolidor.
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E também…
Em Homem-Aranha 3, a história de origem anterior é modificada para que o atual vilão (o Homem de Areia, Marko Cain) seja o assassino do Tio Ben, uma idéia inteiramente baseada na premissa de que nenhum dos fãs tem um DVD do primeiro filme.

7. As sequências devem apresentar múltiplos vilões

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Para o primeiro filme, a franquia sempre reserva o vilão mais promissor da galeria de desonestos. Eles não têm escolha, milhões estão em jogo, e se um vilão menor for usado, pode ser que nem sequencias tenham. Infelizmente, isso significa que teremos um decrescente grau de vilões pelo resto da série.
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Deixe-me introduzir a Regra dos Múltiplos Vilões B: Considerando que o melhor vilão foi usado no primeiro filme, todas as sequencias deverão usar no mínimo dois vilões menos populares. Quantidade para compensar qualidade.
Batman de Michael Keaton lutou contra o Coringa primeiro, e então se viu combatendo simultâneamente Pinguim e o milionário Max SherckSuper-Homem lutou com Lex Luthor no primeiro filme, e no segundo esteve contra Lex e mais três super vilões.
Às vezes não cumprem essa regra, tentando trazer de volta o primeiro vilão, independente dele ter morrido ou não no primeiro filme. Filmarão flashbacks se necessário. Lex LuthorMagnetoDr. Destino e o Duende Verde apareceram em quase todos os filmes de suas respectivas franquias – dois deles voltando dos mortos, provando que nada é impossível num mundo em que tanto dinheiro está em jogo.
E também…
Curiosamente (ou desconcertantemente, dependendo do ponto de vista) os vilões muitas vezes aparecem em um padrão previsível: o Crânio, o Corpo e o Atrapalhado.
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O Crânio é o planejador e quase sempre cria o principal conflito que o herói deve resolver. Contudo, uma vez que o plano é geralmente muito simplista e leva uns dois segundos na tela para ser explicado, o Crânio passa a maior parte do tempo abusando verbalmente, ou até mesmo fisicamente, o Atrapalhado.
O Corpo costuma estar lá para expor desunião, vestir roupas de couro apertadas e mostrar nudez parcial. Algumas pesquisas de mercado sugerem que é um recurso para os fãs de quadrinhos.
O Atrapalhado começou como apenas isso, um personagem que anda por aí, normalmente arruinando até a mais simples das tarefas. No entanto, esse papel evoluiu para um mudo ou retardado com enorme força física, mas meio no caminho do Cérebro. Porém, eles ainda são alvo de piadas e abuso por parte dos outros personagens. Além disso, fornecem muito do alívio cômico do filme, que pode ou não ser horrível.
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Ninguém sabe por que essa fórmula tem sido usada tantas vezes. Talvez seja algum tipo de ímpeto primitivo na humanidade em que três faces representam as três eras do homem.  Talvez haja algum profundo conforto psicológico em triângulos ou grupos de três. Talvez seja uma representação subconsciente da Santíssima Trindade ou uma imagem subliminar da Pirâmide Maçônica. Ou, talvez os executivos de Hollywood pensem que somos completos imbecis.

6. Na parte 2, o herói deve revelar sua identidade a alguém

Olha, Hollywood, toda a coisa da “identidade secreta” existe por uma razão. Nos quadrinhos, a identidade secreta dos heróis é a única forma de prevenir que seus inimigos enviem bandos de capangas atrás deles e de suas famílias e amigos.
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Ainda assim, nas adaptações cinematográficas, identidades secretas são frequentemente a primeira perda. Elas normalmente são reveladas no segundo filme da franquia, a uma namorada, alguém da família ou até mesmo ao vilão. Por exemplo, em Superman 2, um Super-Homem desesperado para pegar a Margot Kidder revela sua identidade, submetendo-se a radiação para se livrar de seus poderes, com possibilidade de danos genéticos permanentes, anda do Pólo Norte até o Alaska, e ainda apanha pra cacete no caminho. Espero que ela tenha valido a pena, cara.
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Michael Keaton, também querendo pegar alguém, revela sua identidade secreta em Batman – O Retorno para sua namorada e para o Pinguim, também revelando um fato sobre Batman até então desconhecido: sua máscara é feita de Fruit Roll-Ups.
reveal3Embora nenhum deles possa chegar perto de tocar Peter Parker em Homem-Aranha 2, ele revela sua identidade para:
a) Harry Osbourne
b) Mary Jane Watson
c) Dr. Octopus
d) Um metrô cheio de passageiros


5. A parte 3 deve retratar uma versão maligna do herói

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Hollywood odeia escoteiros, então quase todos os heróis devem se tornar maus, ao menos temporariamente. Quase sempre, essa mudança ocorre no terceiro filme da série. Normalmente, o herói tem que, de alguma forma, combater sua versão do mal, demonstrando com o simbolismo mais tosco do mundo que o verdadeiro vilão está dentro de nós. Sacou?!
A maioria de nós ainda tem tido pesadelos com Homem-Aranha 3, ondePeter Parker, sob o controle da roupa alien, de um nerd pacífico transforma-se em um emo irritante e sem noção. alien do mal, então, junta-se a Eddie Brock para se tornar Venom, a versão maligna do Homem-Aranha, e eles lutam até a morte.
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Apenas levemente menos ridículo foi Superman 3. Incapaz de descobrir o “ingrediente secreto” para kryptonita, Gus Gorman o substitui por alcatrão de cigarro na fórmula, o que faz com que o Super-Homem se torne uma máquina de sexo movida a álcool. Isso então causa a divisão entre um Bom e um Mau Super-Homem, os quais, adivinhe… lutam um contra o outro até a morte.
E também…
Encontram outra maneira de lidar com isso em X-Men 2. Tendo um grupo de heróis, puderam misturar um pouco, fazendo com que alguns dos heróis se transformassem uns nos outros. Deste modo, Fênix deve combater umCiclope com lavagem cerebral, um Professor X com lavagem cerebral quase mata todo mundo, um Noturno com lavagem cerebral quase mata o Presidente, e Wolverine deve lutar contra uma Lady Letal com lavagem cerebral.
Outra variação ocorre em Batman & Robin, em que Batman e Robin, com suas mentes aparentemente manipuladas por Hera Venenosa, discutem. 


4. O herói deve perder seus poderes em algum momento

Ah, brilhante Hollywood! Para tornar o trabalho árduo do herói mais dramático, o super-herói deve perder seus poderes. É a única maneira encontrada pelos roteiristas para espremer drama da história, considerando que a premissa é que o personagem principal é praticamente invencível e não há drama algum nisso. Ainda assim, por alguma razão, isso sempre é tratado da forma mais desajeitada possível.
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Super-Homem, é claro, tem a coisa da kryptonita, mas parece que não sabem determinar direito o que a kryptonita faz com ele. Teoricamente, ele deveria ainda ter todos os seus poderes, mas tornar-se ineficiente em usá-los. Como no primeiro filme, em que a pedra faz com que Christopher Reeve não consiga nadar direito, mas ele ainda é indestrutível (ou então Lex teria o matado com um tiro) e hábil a usar sua super-sexualidade para seduzir um dos vilões a ajudá-lo. No entanto, em Superman – O Retorno, a kryptonita tira seus poderes de invulnerabilidade, permitindo que Luthor o fira.
A franquia Batman lida com isso de forma um pouco diferente, já que oBatman é essencialmente uma pessoa normal com desejo de vingança e obsessão por gadgets. Fora a super-conta-bancária. Mas então, invariavelmente, devemos vê-lo encarando o vilão enquanto está sem sua fantasia. No primeiro filme, Michael Keaton é baleado pelo Coringa em sua sala de estar. Em Batman Begins, o herói leva uma surra vestindo um smoking na Mansão Wayne, e precisa ser deprimentemente resgatado por seu mordomo.
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Talvez o maior dos maiores mistérios de perdas de poderes esteja emHomem-Aranha 2, em que os poderes do herói começam a diminuir aparentemente do nada, e ainda convenientemente quando Mary Jane é sequestrada pelo Dr. Octopus.
Ainda pior, temos a sequencia de O Quarteto Fantástico, onde o elenco todo tem seus poderes trocados pelo Susfista Prateado, de alguma forma, em uma série de eventos muito sem sentido para ser relembrada aqui.
E também…
Essa regra tem ainda mais um detalhe: enquanto sem poderes, o herói normalmente deve realizar um ato heróico. Clark defende a honra de Lois do intimidante Alaskan Diner, e se entrega de mão beijada para ele. Peterresgata uma garotinha asiática de um prédio em chamas.
Aparentemente, isso é Hollywood tentando nos distrair do fato de que prezamos esses super-heróis por terem poderes que obtiveram totalmente por acidente.

3. Os vilões devem invadir o esconderijo secreto do herói

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A anteriormente mencionada invasão e queimada da Mansão Wayne esbarra em outra regra, que diz que em algum momento, normalmente numa sequencia, os vilões devem invadir o esconderijo do herói.
Essa aqui não se limita aos filmes de super-heróis, é uma regra de Hollywood em que, se o herói começa o filme com algum tipo de fortaleza impenetrável, mais tarde ela virará bagunça na mão de um bando de bad guys (assista Eu Sou a Lenda para um exemplo não cômico). Como a regra anterior, essa também facilita o drama e o senso de perigo para o público. Infelizmente, isso também chama a atenção para o quão superficiais são essas camadas.
A Fortaleza da Solidão do Super-Homem é invadida duas vezes em cinco filmes (ambas por Lex Luthor). Com a Batcaverna é a mesma coisa, bombardeada pelo Charada e Duas Caras em Batman Para Sempre, e queimada por Ras Al Ghoul, como já foi mencionado. O apartamento doHomem-Aranha é atacado duas vezes em três filmes, uma por Norman Osborn e outra pelo alien. A Escola Xavier para Jovens Superdotados também é atacada duas vezes, uma pelo exército americano e outra pela Fênix Negraem X-Men 3.
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Essa regra tem a seguinte variação: Se o super-herói está tendo dificuldades, deixar a mocinha “invadir” seu quartel-general sempre dá um jeito (videSuperman 2Batman e Quarteto Fantástico 1 e 2).


2. Um vilão deve se redimir

Todo mundo adora ver uma boa história de redenção, então uma maneira fácil de atrair a emoção do público é com um vilão que de repente tem uma mudança de coração. Acreditamos que esse método de contar histórias foi inventado pelo mundo da luta-livre profissional.
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Temos então Eve Teschmacher ajudando o Super-Homem no primeiro longa,Mística se tornando uma informante do governo em X-Men 3 e Dr Octopussacrificando sua vida em Homem-Aranha 2. Mas um filme em particular levou essa regra aos extremos: Homem-Aranha 3.
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Primeiro você tem Harry Osborn. No primeiro filme ele é um personagem lamentável, ignorado pelo pai e gradativamente perdendo sua namorada. Na parte dois, ele é um bêbado, um tolo e um maníaco vingativo. Já no terceiro filme, o cara ganha redenção ao salvar o Homem-Aranha, sacrificando sua vida no processo. Mas acima de todos você tem o Homem de Areia, que passa por uma similar série de passos, mas exclusivamente no terceiro longa.
E também…
Há cerca de 40% de chance que a “redenção” se revele parte do plano secreto do vilão. Tínhamos Lex Luthor fingindo ajudar o Super-Homem no filme 2,Magneto e Mística temporariamente ajudando os X-Men na segunda parte, até que se aproveitam da situação em seus próprios benefícios. Isso, então, satisfaz a outra necessidade emocional do público, que é acreditar que as pessoas más são más e nunca deveríamos confiar que eles poderiam ser diferentes.

1. O terceiro filme reinicia a franquia

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É raro uma franquia que faça mesmo quatro filmes, então talvez apenas por fazer isso haja uma medalha de honra. Ou não. O problema é que cada filme em uma franquia de super-herói tem que sempre cobrir o anterior, e quando o quarto é alcançado, é muito difícil desviar-se do ridículo.
Consequentemente, usando a lógica de Hollywood, se o primeiro filme se tornar impopular e rejeitado, a única maneira de reparar o dano é recomeçar tudo do zero, ignorando filmes anteriores.
Por exemplo, Superman 4 teve a audácia de provar que todos as críticas estavam erradas ao dizer que nenhum filme de super-herói poderia ser pior do que Superman 3. Foi tão ruim que os estúdios deixaram de lado o elenco por quase duas décadas. Então Superman – O Retorno precisou adquirir um novo elenco, já que Cristopher Reeve sofreu aquele terrível acidente e morreu, e Margot Kidder foi considerada louca, provavelmente por conta do horror de trabalhar em Superman 4. Deste modo, nenhum ator dos quatro longas originais apareceu no quinto, exceto Marlon Brando, que foi trazido de volta dos mortos especialmente para esse longa.
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É claro que Superman 4 não segurou o título de pior filme de super-herói da história por muito tempo, já que o quarto Batman (Batman & Robin) veio com tudo para tomá-lo, com os produtores tentando encher o filme de tantos vilões, fantasias e sets, que a coisa virou uma bagunça apavorante. Assim, quando chegou a hora do quinto filme reiniciar, a decisão foi de fingir que os quatro filmes anteriores nunca aconteceram, jamais.
Acho que o que estamos tentando dizer é que se fizerem Blade 4, corra para as montanhas. E aí volte alguns anos mais tarde para o reboot.
E também…
A reinicialização do quinto filme não se aplica apenas aos filmes de super-herói, embora talvez devesse. A franquia  Rocky foi ficando cada vez mais enfatuada ao longo dos quatro filmes, culminando com Rocky, um lutador de box retardado, pondo fim a Guerra Fria. Stallone tentou fazer um reboot “de volta as suas raízes corajosas” (duas vezes), mas os resultados foram menores do que Batman Begins. E caso você tenha pensado que não há volta do quarto Karatê Kid estrelando Hillary Swank, prepare-se para um novoKaratê Kid dirigido por Will Smith e estrelando seu filho Jaden. Sério.
Se o padrão se manter, devemos estar preparados para reboots das franquias Duro de Matar e Alien a qualquer momento. Não nos desaponte, pessoal.