(via sedentario e hiperativo)
Um filme perturbador não precisa obrigatoriamente conter cenas com sangue, assassinato e tortura, por exemplo. Apesar destes elementos contribuírem para a composição de um filme que possivelmente irá chocar o público, alguns roteiros podem deixar cinéfilos aterrorizados sem que nenhuma gota de sangue pingue no set de filmagens.
Pensando nisso, e com a ideia de postar uma lista que possa servir de indicação para os leitores do Cinefilia S/A, criei um ranking com os 10 Filmes mais Perturbadores da Década.
Sei que pelo underground do cinema existem diversos filmes mais escabrosos que os aqui citados, porém foquei em títulos que, apesar dos pesares, estão mais acessíveis ao grande público. Confira:
10º – Dançando no Escuro
Título Original: Dancer in the Dark
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Ano: 2000
País: Dinamarca / França / Rússia / Suécia
Título Original: Dancer in the Dark
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Ano: 2000
País: Dinamarca / França / Rússia / Suécia
O que esperar da junção Lars Von Trier e Björk? Acredito que nem os mais otimistas fãs da dupla poderiam imaginar que tal união daria tão certo. O drama de uma mãe solteira que está ficando cega aos poucos, e ainda tem que trabalhar para conseguir o dinheiro da cirurgia, que salvará o filho de 12 anos do mesmo problema genético, é de fazer qualquer um ficar desconfortável na poltrona. Com um final surpreendente, Von Trier nos faz enxergar melhor como deve ser ficar sem enxergar.
Dançando no Escuro venceu a Palma de Ouro de Melhor Filme e Björk faturou prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2000
9º – 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
Título Original: 4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile
Direção: Cristian Mungiu
Roteiro: Cristian Mungiu
Ano: 2007
País: Romênia
Título Original: 4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile
Direção: Cristian Mungiu
Roteiro: Cristian Mungiu
Ano: 2007
País: Romênia
4 meses, 3 semanas e 2 dias é o típico drama que vai te machucando aos poucos. Daqueles filmes que a gente começa comendo pipoca e acaba roendo as unhas. Na tela vemos Otilia (Anamaria Marinca) e Gabita (Laura Vasiliu), duas amigas universitárias que dividem um quarto em uma pensão. Gabita está grávida e junto com Otilia pensam no modo mais eficaz de fazer um aborto, prática ilegal no país. Desesperadas e inseguras encontram com um homem conhecido como Sr. Bebe que promete resolver o problema das garotas, porém ao saber que a gravidez de Gabita está mais avançada do que imaginava, Bebe começa a fazer outras exigências para que o “serviço” seja concluído.
Apesar do tema delicado e sempre polêmico que é o aborto, o filme apresenta, em meio ao caos da situação, uma grande demonstração de amizade e instiga o espectador com a pergunta: “Até que ponto você está disposto a ajudar um amigo?”
Dirigido por Cristian Mungiu, o longa faturou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2007.
8º – Ódio
Título Original: Rinjin 13-gô
Direção: Yasuo Inoue
Roteiro: Hajime Kado e Santa Inoue (Mangá)
Ano: 2005
País: Japão
Título Original: Rinjin 13-gô
Direção: Yasuo Inoue
Roteiro: Hajime Kado e Santa Inoue (Mangá)
Ano: 2005
País: Japão
Pouco conhecido no Brasil, apesar de lançado em DVD por aqui, e rotulado como uma combinação de Oldboy e Clube da Luta, o longa “Ódio” tem como seu ponto alto, o impiedoso e estiloso modo que o diretor estreante Yasuo Inoue conduziu e apresentou a trama. Baseado no mangá Rinjin 13-gô de Santa Inoue, a fita nos mostra a história de Murasaki um jovem que sofreu inúmeros maus tratos dos colegas nos tempos de escola (até ácido foi jogado no rapaz), e que anos depois arquiteta um plano para vingar-se dos antigos inimigos. Uma estranha dupla personalidade é o que move a violenta e caótica sede vingança de Murasaki.
A cara de louco e o talento de Shido Nakamura, que interpreta a personalidade 2 de Murasaki, já vale os 115 minutos de filme. Um soco no estômago ao melhor estilo de vingança oriental.
7º – Réquiem para um Sonho
Título Original: Requiem For a Dream
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Darren Aronofsky, Hubert Selby, Jr
Ano: 2000
País: EUA
Título Original: Requiem For a Dream
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Darren Aronofsky, Hubert Selby, Jr
Ano: 2000
País: EUA
Filmes que abordam a degradação de usuários de drogas já pipocaram aos montes em Hollywood, mas poucos fizeram os espectadores engolirem seco como Réquiem para um Sonho. Darren Aronofsky levou às telas o mundo de quatro pessoas onde suas vidas e seus sonhos são destruídos pelo vício das drogas.
Os loucos closes de Aronofsky associado à loucura dos personagens, formam um dos mais perturbadores retratos da destruição física e psicológica causada pelo consumo de drogas, ou pela falta dele. Um misto de dó e repugnância é o mínimo que você irá sentir na viagem de “Réquiem para um Sonho”.
6º – O Adversário
Título Original: L’ Adversaire
Direção: Nicole Garcia
Roteiro: Nicole Garcia, Frédéric Bélier-Garcia e Jacques Fieschi
Ano: 2002
País: França / Suíça / Espanha
Título Original: L’ Adversaire
Direção: Nicole Garcia
Roteiro: Nicole Garcia, Frédéric Bélier-Garcia e Jacques Fieschi
Ano: 2002
País: França / Suíça / Espanha
Dos presentes nesta lista, este foi o filme que mais de deixou mal, e o sono na noite em que vi custou a chegar. O motivo de tal aflição: “O Adversário” é baseado em fatos reais.
O Assassinato que chocou a França, onde um homem que mentiu por quase 20 anos sobre sua profissão decide eliminar todos que descobrirem a verdade, nem que essas pessoas sejam seus filhos, pais e esposa – Uma dura realidade levada brilhantemente em cena por Daniel Auteuil um dos mais talentosos atores em atividade.
5º – Violência Gratuita
Título Original: Funny Games U.S.
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Ano: 2007
País: EUA
Título Original: Funny Games U.S.
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Ano: 2007
País: EUA
Uma crítica a violência como forma de entretenimento foi a base de Michael Haneke para escrever e dirigir Violência Gratuita, refilmagem americana (Funny Games U.S.) do seu cultuado filme (Funny Games) gravado na Áustria em 1997.
Em cena acompanhamos o sofrimento do casal (Tim Roth e Naomi Watts) e seu filho que só queriam descansar em uma casa à beira do lago, até que recebem a visita de dois sádicos jovens que procuram se divertir torturando e mantendo a família em cativeiro, realizando um violento jogo de tortura psicológica e física.
4º – Irreversível
Título Original: Irréversible
Direção: Gaspar Noé
Roteiro: Gaspar Noé
Ano: 2002
País: França
Título Original: Irréversible
Direção: Gaspar Noé
Roteiro: Gaspar Noé
Ano: 2002
País: França
A beleza estonteante de Monica Bellucci contrastada com umas das piores cenas de estupro já realizadas no cinema é o “chama-público” do polêmico Irreversível de Gaspar Noé.
A história (contada de trás para frente) apesar de simples, narra os passos de um homem (Vincent Cassel) que sai desesperado à procura do marginal que estuprou e desfigurou sua namorada – Além da angustiante cena do estupro que dura longos 9 minutos, outra cena (a do extintor) não deixará você esquecer deste filme.
3º – Anticristo
Título Original: Antichrist
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Ano: 2009
País: Dinamarca / França / Suécia / Itália / Alemanha / Polônia
Título Original: Antichrist
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Ano: 2009
País: Dinamarca / França / Suécia / Itália / Alemanha / Polônia
Lars Von Trier um dos mais polêmicos diretores do cinema atual aparece mais uma vez por aqui. Quem já conferiu o underground “Os idiotas” sabe que pode esperar qualquer coisa de Von Trier, mas ainda sim, “Anticristo”, seu mais recente trabalho, deve ter deixado chocado muitos fãs do dinamarquês.
Com cenas de sexo explícito, mutilação genital e muitas outras insanidades, Lars Von Trier ainda conseguiu filmar belas imagens que só servem para amenizar a tensão dos espectadores, que assistem o sofrimento de um casal que perdeu um filho em um acidente, e tentam se livrar da culpa isolando-se em uma cabana no meio da floresta.
2º – Visitor Q
Título Original: Bijitâ Q
Direção: Takashi Miike
Roteiro: Itaru Era
Ano: 2001
País: Japão
Título Original: Bijitâ Q
Direção: Takashi Miike
Roteiro: Itaru Era
Ano: 2001
País: Japão
De todos aqui citados este com certeza é o mais bizarro. A já conhecida fama de polêmico do realizador japonês Takashi Miike alcança seu auge nesta produção.
O que esperar de um filme no qual um pai jornalista que na tentativa de fazer uma matéria sobre sexo e violência, filma uma relação sexual que teve com sua filha prostituta, e registra seu filho sendo humilhado e agredido pelos colegas de escola. Além de uma mãe viciada em heroína que apanha do próprio filho, e tem estranhos fetiches com um desconhecido amante chamado Visitor Q. Um inusitado retrato da crise na família burguesa do Japão, que só poderia ter saído da insana mente de Takashi Miike.
1º – Mártires
Título Original: Martyrs
Direção: Pascal Laugier
Roteiro: Pascal Laugier
Ano: 2008
País: França
Título Original: Martyrs
Direção: Pascal Laugier
Roteiro: Pascal Laugier
Ano: 2008
País: França
Após conseguir fugir do cativeiro, a garota Lucie é resgatada e levada para um abrigo de menores onde conhece Anne, sua melhor e única amiga. Tempos depois, a jovem Lucie atormentada pelas lembranças das torturas que sofreu na infância e motivada pela vontade incontrolável de se vingar de seus agressores, segue com a ajuda da amiga para realizar seu plano.
Mártires é tão forte que um embrulho no estômago e um nó na garganta é inevitável apenas por lembrar das chocantes impiedosas cenas do longa. Tortura e Ultra-violência já não é um tema/estilo recomendável aos mais fracos emocionalmente, isso é fato. Porém neste caso, o filme questiona até os mais corajosos cinéfilos acostumados com o gênero: “Vamos ver até quando você consegue ficar na frente da tela.” – Os que conseguem ver até o final (como no meu caso), levarão na memória cada cena do filme, e elas não sairão de lá por um bom tempo, quiçá nunca mais.
Ficou com vontade ver? Boa Sorte!
-
Sei que muitos títulos importantes, que poderiam estar aqui, ficaram de fora – “Donnie Darko”, “Caché”, “O Operário”, “21 Gramas”,”Oldboy”, “Jogos Mortais” e “Fahrenheit – 11 de Setembro”; são alguns deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário