Esse campeonato foi, sem dúvida o campeonato mais emocionante da história de todos os tempos, em qualquer esporte de qualquer lugar do mundo. A quantidade de possibilidades que o transcorrer do campeonato mostrou, provou que o Brasil é o lugar onde se tem um campeonato, de fato equilibrado, com muitos candidatos ao título, com uma disputa que realmente empolga e onde não há espaço para o cometimento de erros por parte das equipes. Aqui, de fato, ao contrário de outros campeonatos mundo afora há finais de campeonato semanalmente.
Para começar a ilustrar isso vamos comparar aqui as tabelas de classificação ao fim do primeiro turno e ao fim do campeonato para destacar algumas coisas:
Primeiro Turno
TIMES | P | J | V | E | D | GP | GC | SG | % |
1º Internacional | 37 | 19 | 11 | 4 | 4 | 26 | 11 | 15 | 64 |
2º Palmeiras | 37 | 19 | 10 | 7 | 2 | 31 | 17 | 14 | 64 |
3º Goiás | 35 | 19 | 10 | 5 | 4 | 37 | 26 | 11 | 61 |
4º São Paulo | 33 | 19 | 9 | 6 | 4 | 28 | 21 | 7 | 57 |
5º Atlético-MG | 32 | 19 | 9 | 5 | 5 | 32 | 25 | 7 | 56 |
6º Avaí | 30 | 19 | 8 | 6 | 5 | 28 | 22 | 6 | 52 |
7º Grêmio | 28 | 19 | 8 | 4 | 7 | 33 | 22 | 11 | 49 |
8º Corinthians | 28 | 19 | 8 | 4 | 7 | 23 | 23 | 0 | 49 |
9º Barueri | 28 | 19 | 7 | 7 | 5 | 38 | 28 | 10 | 49 |
10º Flamengo | 27 | 19 | 7 | 6 | 6 | 28 | 31 | -3 | 47 |
11º Santos | 26 | 19 | 6 | 8 | 5 | 34 | 34 | 0 | 45 |
12º Vitória | 25 | 19 | 7 | 4 | 8 | 27 | 29 | -2 | 43 |
13º Atlético-PR | 24 | 19 | 7 | 3 | 9 | 21 | 29 | -8 | 42 |
14º Cruzeiro | 22 | 19 | 6 | 4 | 9 | 19 | 28 | -9 | 38 |
15º Botafogo | 21 | 19 | 4 | 9 | 6 | 26 | 31 | -5 | 36 |
16º Coritiba | 19 | 19 | 5 | 4 | 10 | 26 | 32 | -6 | 33 |
17º Santo André | 18 | 19 | 4 | 6 | 9 | 21 | 29 | -8 | 31 |
18º Náutico | 18 | 19 | 4 | 6 | 9 | 22 | 37 | -15 | 31 |
19º Fluminense | 15 | 19 | 3 | 6 | 10 | 21 | 32 | -11 | 26 |
20º Sport | 13 | 19 | 3 | 4 | 12 | 24 | 37 | -13 | 22 |
Classificação Final
TIMES | P | J | V | E | D | GP | GC | SG | % |
67 | 38 | 19 | 10 | 9 | 58 | 44 | 14 | 58 | |
65 | 38 | 19 | 8 | 11 | 65 | 44 | 21 | 57 | |
65 | 38 | 18 | 11 | 9 | 57 | 42 | 15 | 57 | |
62 | 38 | 18 | 8 | 12 | 58 | 53 | 5 | 54 | |
62 | 38 | 17 | 11 | 10 | 58 | 45 | 13 | 54 | |
57 | 38 | 15 | 12 | 11 | 61 | 52 | 9 | 50 | |
56 | 38 | 16 | 8 | 14 | 55 | 56 | -1 | 49 | |
55 | 38 | 15 | 10 | 13 | 67 | 46 | 21 | 48 | |
55 | 38 | 15 | 10 | 13 | 64 | 65 | -1 | 48 | |
52 | 38 | 14 | 10 | 14 | 50 | 54 | -4 | 45 | |
49 | 38 | 12 | 13 | 13 | 59 | 52 | 7 | 42 | |
49 | 38 | 12 | 13 | 13 | 58 | 58 | 0 | 42 | |
48 | 38 | 13 | 9 | 16 | 51 | 57 | -6 | 42 | |
48 | 38 | 13 | 9 | 16 | 42 | 49 | -7 | 42 | |
47 | 38 | 11 | 14 | 13 | 52 | 58 | -6 | 41 | |
46 | 38 | 11 | 13 | 14 | 49 | 56 | -7 | 40 | |
45 | 38 | 12 | 9 | 17 | 48 | 60 | -12 | 39 | |
41 | 38 | 11 | 8 | 19 | 46 | 61 | -15 | 35 | |
38 | 38 | 10 | 8 | 20 | 48 | 71 | -23 | 33 | |
31 | 38 | 7 | 10 | 21 | 48 | 71 | -23 | 27 |
Ao fim do primeiro turno, todos os times já enfretaram uma vez todos cada um dos adversários (coisa que farão novamente no returno com os mandos de campo invertidos), o que nos leva a crer, que qualidade de cada time tivesse diferenças de nível bem marcados, ao fim do primeiro turno teríamos a ordem da classificação igual a classificação do final do campeonato. Mas isso denotaria a ausência total de equilíbrio em qualquer nível, e desconsideraria uma das maiores belezas do futebol que é o impacto do impoderável. Então o que em via de regra acontece ao redor do mudo históricamente, é que os times no final ficam na mesma posição que estavam na metade do campeonato, ou uma posição a frente ou uma atrás, com uns pouqíssimos times com subidas ou quedas mais relevantes. Estudemos o que houve nesse campeonato:
Flamengo - Subiu 9 posições
Internacional - Caiu 1 posição
São Paulo - Subiu 1 posição
Cruzeiro - Subiu 10 posições
Palmeiras - Cai 3 posições
Avaí - Manteve a posição
Atlético-MG - Caiu 2 posições
Grêmio - Caiu 1 posição
Goiás - Caiu 6 posições
Corinthians - Caiu 2 posições
Barueri - Caiu 2 posições
Santos - Caiu 1 posição
Vitória - Caiu 1 posição
Atlético-PR - Caiu 1 posição
Botafogo - Manteve a posição
Fluminense - Subiu 3 posições
Coritiba- Caiu 1 posição
Santo André - Caiu 1 posição
Náutico - Caiu 1 posição
Sport - Manteve a posição
O que dá uma média de alteração de posições entre o primeiro e o segundo turno de 2,3 posições por time ( o que é uma média muito alta para os campeonatos ao redor do mudo onde normalmente essa média é próxima de zero e raras vezes supera a unidade.
Nesse campeonato apenas três times mantiveram as mesmas posições no fim dos dois turnos.
Faltando meia hora para o fim dos jogos da última rodada, o time que foi campeão estava em terceiro. O quarto colocado (último a se classificar para a Libertadoras da América estava em quinto. O décimo-sétimo (primeiro rebaixado) estava em décimo-sexto e o time que estava em décimo-sétimo acabou terminando em décimo-quinto. Ou seja emoção e definições importantes ocorrendo até o último momento.
Tem mais: o time que segurou a lanterna por mais rodadas terminou na décima-sexta posição e se livrou do rebaixamento tendo um aproveitamento fantástico nos últimos 11 jogos, alcançando 9 vitórias e 2 empates (um aproveitamento de 87% dos pontos - bem superior ao aproveitamento total do time campeão). Enquanto isso o time que mais liderou o campeonato e terminou em quinto, fora até da classificação para a Libertadores, nessas mesmas 11 últimas rodadas, venceu 2, empatou 3 e perdeu seis (sendo o aproveitamento dos pontos nesse caso de 27% dos pontos disputados - mesmo percentual geral do lanterna ao fim do campeonato).
Todas essas variações, e as possibilidades que se colocaram com elas, geram o que? - Interesse do público crescente até o fim. Tivemos a maior média de público do campeonato desde 1987 (mesmo fazendo parte do campeonato clubes como o Barueri e o Santo André que tem torcidas nulas).
A quantidade de dinheiro que os clubes ganharam neste campeonato é incomparável com qualquer outro, e não é por acaso.
A audiência média desde o início e até o fim, as vendas do pay-per-view também cesceram, o que faz com que seja inexplicável o (re)surgimento da discussão sobre a fórmula do campeonato. Os pontos corridos são uma evolução fantástica do futebol Brasileiro e é tão estranho o assunto surgir, como foi patético o discurso do Márcio Braga, na festa dos melhores do campeonato defendendo o retorno dos mata-matas no Brasileirão. (mata-mata é para copas - e creio eu num futuro não muito distante considerarems como campeonatos brasileiros históricos apenas a partir de 2003- dando aos outros o mesmo peso das taçãs Brasil, o Robertão e tudo que os valham). É mais triste ainda se pensarmos que eu que não sou flamenguista, estava feliz pelo fim desse campeonato fantástico com o título do rubro-negro. Sim, fiquei feliz porque esse campeonato tão emocionante acabou ficando com a maior torcida e uma das mais apaixonadas do Brasil; e pelas biografias do próprio Márcio, que é com certeza o maior dirigente da história do flamengo (talvez do futebol brasileiro); do Andrade, pessoa simples, jogador e também técnico de alta classe, diferenciado de seus pares nessas duas classes; do Petkovic, que se sempre foi uma figura interessante, e jogador habilidoso, agora em seu fim de carreira, completamente desacreditado, depois de algumas temporadas totalmente apagadas, e já sem jogar a algum tempo, contratado apenas para facilitar o pagamento de dividas do clube junto a ele, viveu ali nada menos que o auge da sua forma técnica, a melhor e mais exuberante fase de toda a sua carreira; e finalmente do Adriano, pelo ser humano corajoso que ele é, de ser capaz de abrir mão de diversos holofotes e milhões de verdinhas, para viver a vida do jeito que ele gosta, simples - bonita a opção e a força de vontade desse rapaz.
Nada disso, nem o campeonato, nem a conquista do Flamengo, nem o próprio clube, mereciam aquele papelão do Márcio Braga.
Houve outras coisas estranhas nesse campeonato, que nos retornariam ao grande Kafunga, como o Barueri não escalar seus principais jogadores contra o São Paulo (e logo depois negociar com o próprio um deles) não importa a desculpa que tenham usado para isso. Me estranha também ainda o alto investimento de alguns clubes em técnicos medalhões mas que há tempo não entregam nada digno de nota, neste ponto destaco o Autuori e o Luxemburgo, pela fábula que eles cobram. Outro ponto a destacar (aqui sendo eu cruzeirense os rivais talvez digam que eu esteja é jogando contra) mas considero um erro e uma injustiça o tratamento dado ao Celso Roth ao fim do campeonato em que o Atlético-MG fez sua melhor campanha nos campeonatos desses moldes, e também o responsavel pela montagem do time e pela sua direção em boa parte do campeonato em que teve a sua segunda melhor performance (no ano de 2003).
Enfim eu sou Brasileiro e não desisto nunca, essa frase, que em princípio é de um ufanismo estranho, seja a que talvez melhor explique como e porque com tantos desacertos na direção, ainda assim, tenamos tido esse campeonato perfeito.
Mas é assim, no futebol, como na vida, no Brasil, o errado é que tá certo.
Flamengo - Subiu 9 posições
Internacional - Caiu 1 posição
São Paulo - Subiu 1 posição
Cruzeiro - Subiu 10 posições
Palmeiras - Cai 3 posições
Avaí - Manteve a posição
Atlético-MG - Caiu 2 posições
Grêmio - Caiu 1 posição
Goiás - Caiu 6 posições
Corinthians - Caiu 2 posições
Barueri - Caiu 2 posições
Santos - Caiu 1 posição
Vitória - Caiu 1 posição
Atlético-PR - Caiu 1 posição
Botafogo - Manteve a posição
Fluminense - Subiu 3 posições
Coritiba- Caiu 1 posição
Santo André - Caiu 1 posição
Náutico - Caiu 1 posição
Sport - Manteve a posição
O que dá uma média de alteração de posições entre o primeiro e o segundo turno de 2,3 posições por time ( o que é uma média muito alta para os campeonatos ao redor do mudo onde normalmente essa média é próxima de zero e raras vezes supera a unidade.
Nesse campeonato apenas três times mantiveram as mesmas posições no fim dos dois turnos.
Faltando meia hora para o fim dos jogos da última rodada, o time que foi campeão estava em terceiro. O quarto colocado (último a se classificar para a Libertadoras da América estava em quinto. O décimo-sétimo (primeiro rebaixado) estava em décimo-sexto e o time que estava em décimo-sétimo acabou terminando em décimo-quinto. Ou seja emoção e definições importantes ocorrendo até o último momento.
Tem mais: o time que segurou a lanterna por mais rodadas terminou na décima-sexta posição e se livrou do rebaixamento tendo um aproveitamento fantástico nos últimos 11 jogos, alcançando 9 vitórias e 2 empates (um aproveitamento de 87% dos pontos - bem superior ao aproveitamento total do time campeão). Enquanto isso o time que mais liderou o campeonato e terminou em quinto, fora até da classificação para a Libertadores, nessas mesmas 11 últimas rodadas, venceu 2, empatou 3 e perdeu seis (sendo o aproveitamento dos pontos nesse caso de 27% dos pontos disputados - mesmo percentual geral do lanterna ao fim do campeonato).
Todas essas variações, e as possibilidades que se colocaram com elas, geram o que? - Interesse do público crescente até o fim. Tivemos a maior média de público do campeonato desde 1987 (mesmo fazendo parte do campeonato clubes como o Barueri e o Santo André que tem torcidas nulas).
A quantidade de dinheiro que os clubes ganharam neste campeonato é incomparável com qualquer outro, e não é por acaso.
A audiência média desde o início e até o fim, as vendas do pay-per-view também cesceram, o que faz com que seja inexplicável o (re)surgimento da discussão sobre a fórmula do campeonato. Os pontos corridos são uma evolução fantástica do futebol Brasileiro e é tão estranho o assunto surgir, como foi patético o discurso do Márcio Braga, na festa dos melhores do campeonato defendendo o retorno dos mata-matas no Brasileirão. (mata-mata é para copas - e creio eu num futuro não muito distante considerarems como campeonatos brasileiros históricos apenas a partir de 2003- dando aos outros o mesmo peso das taçãs Brasil, o Robertão e tudo que os valham). É mais triste ainda se pensarmos que eu que não sou flamenguista, estava feliz pelo fim desse campeonato fantástico com o título do rubro-negro. Sim, fiquei feliz porque esse campeonato tão emocionante acabou ficando com a maior torcida e uma das mais apaixonadas do Brasil; e pelas biografias do próprio Márcio, que é com certeza o maior dirigente da história do flamengo (talvez do futebol brasileiro); do Andrade, pessoa simples, jogador e também técnico de alta classe, diferenciado de seus pares nessas duas classes; do Petkovic, que se sempre foi uma figura interessante, e jogador habilidoso, agora em seu fim de carreira, completamente desacreditado, depois de algumas temporadas totalmente apagadas, e já sem jogar a algum tempo, contratado apenas para facilitar o pagamento de dividas do clube junto a ele, viveu ali nada menos que o auge da sua forma técnica, a melhor e mais exuberante fase de toda a sua carreira; e finalmente do Adriano, pelo ser humano corajoso que ele é, de ser capaz de abrir mão de diversos holofotes e milhões de verdinhas, para viver a vida do jeito que ele gosta, simples - bonita a opção e a força de vontade desse rapaz.
Nada disso, nem o campeonato, nem a conquista do Flamengo, nem o próprio clube, mereciam aquele papelão do Márcio Braga.
Houve outras coisas estranhas nesse campeonato, que nos retornariam ao grande Kafunga, como o Barueri não escalar seus principais jogadores contra o São Paulo (e logo depois negociar com o próprio um deles) não importa a desculpa que tenham usado para isso. Me estranha também ainda o alto investimento de alguns clubes em técnicos medalhões mas que há tempo não entregam nada digno de nota, neste ponto destaco o Autuori e o Luxemburgo, pela fábula que eles cobram. Outro ponto a destacar (aqui sendo eu cruzeirense os rivais talvez digam que eu esteja é jogando contra) mas considero um erro e uma injustiça o tratamento dado ao Celso Roth ao fim do campeonato em que o Atlético-MG fez sua melhor campanha nos campeonatos desses moldes, e também o responsavel pela montagem do time e pela sua direção em boa parte do campeonato em que teve a sua segunda melhor performance (no ano de 2003).
Enfim eu sou Brasileiro e não desisto nunca, essa frase, que em princípio é de um ufanismo estranho, seja a que talvez melhor explique como e porque com tantos desacertos na direção, ainda assim, tenamos tido esse campeonato perfeito.
Mas é assim, no futebol, como na vida, no Brasil, o errado é que tá certo.
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