quarta-feira, outubro 07, 2009

Ficha suja ou voto limpo?

Por Joaquim Falcão no Blog do Noblat.
Independentemente do destino que vier a ter no Congresso Nacional, o projeto de lei de Iniciativa popular, proibindo candidaturas de políticos com processos na justiça, a possibilidade do voto limpo já é real.

O movimento iniciado o ano passado por Mozart Valadares da Associação dos Magistrados do Brasil já é vitorioso. E já para estas eleições de agora. Por um motivo simples.
O Tribunal Regional Eleitoral (TER) do Estado de Minas Gerais decidiu colocar no seu site já para estas próximas eleições, a relação, on line, com o nome de todos os candidatos e informações pertinentes aos processos judiciais de que façam parte.

Se todos os tribunais eleitorais, federais, estaduais ou trabalhistas tomarem a mesma atitude, o eleitor em todo o país terá todas as condições de estar bem informado ew decidir pelo voto limpo.

Não precisa que o Congresso Nacional faça uma triagem ou assuma a responsabilidade que no fundo é do próprio eleitor. Proibir esta ou aquela candidatura. Vetar este ou aquele candidato, com o risco de ferir o princípio da presunção de inocência.

Quem terá esta responsabilidade será o decisor maior, o juiz maior: o eleitor bem informado. Basta acessar a informação disponível. A grande novidade é justamente esta.

Antes estas informações estavam escondidas nos diários oficiais, de linguagem codificada, difícil e fragmentada em cada vara, e em cada tribunal.

Com exemplo do TRE de Minas Gerais, sobretudo se a configuração do site for de fácil acesso e de linguagem simples e compreensível, a informação se faz luz do dia. Imediata e disponível igualmente a todos. Não haverá informações privilegiadas. Maior democracia não há.

Evidentemente se mais tarde o Congresso passar legislação mais restritiva, como pondera o presidente Michel Temer, exigindo pelo menos condenação em duas instâncias para a proibição da candidatura, e evitar injustiças, melhor ainda.

Num país onde a pena é o processo, onde a denúncia irresponsável muita vez vale por condenação definitiva não devemos menosprezar a presunção de inocência.

O problema surgiu pela impaciência do eleitor com a lentidão do judiciário em tomar suas decisões e do corporativismo do Legislativo. É o que sugere a pesquisa de O Globo que diz que 83% dos eleitores querem proibir candidatura logo na primeira instância, e 49% bastando ter um processo em andamento.

Este projeto de lei de Iniciativa Popular é a evidência maior de até onde podemos ir em radicalidades, quando a justiça é lenta e não funciona. Trata-se de nítida reação popular, um by pass, a lentidão judicial.

O melhor de tudo é que ao colocar nas mãos do eleitor a informação que ele precisa para saber se o candidato tem ou não ficha suja, o problema deixa de ser o candidato, o político, a ficha. O problema passa a ser os critérios que o eleitor adota.

Nenhum candidato de ficha suja chega ao Congresso com voto limpo. Será cada dia mais difícil haver esta dicotomia às vezes muito cômoda: eleitor limpo e candidato


Saiba os cuidados que blogueiros devem ter na hora de fazer campanha na rede

Por Guilherme Felitti, do IDG Now!

Ainda que a reforma eleitoral dê liberdade para blogs, fóruns e redes sociais, os internautas precisam seguir algumas recomendações durante eleições.
A pressão popular diante da votação das emendas referentes ao uso da internet na reforma eleitoral forçou o senador e relator do Projeto de Lei 141 de 2009, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a mudar o texto do artigo que estipulava restrições ao uso da web durante as eleições.

Para ser aprovado no Senado, o texto final do antes polêmico artigo 57-D foi condensado em seis linhas que garantem a liberdade de manifestação de pensamento por sites, serviços, blogs e redes sociais, com eventuais problemas por utilização indevida sendo apreciados conforme a Constituição federal.

Isso quer dizer que você está totalmente livre de problemas legais quando manifestar apoio a seu candidato ou criticar outros postulantes a cargos públicos em blogs, redes sociais e fóruns? Longe disto.

O IDG Now! compilou dúvidas e possíveis distorções referentes às duas principais restrições presentes no texto final da reforma eleitoral - o anonimato e o direito de resposta. Essas informações podem ajudar blogueiros a evitar problemas durante o pleito de 2010.

Anonimato
O intuito da proibição ao anonimato nas eleições tem fundo nobre, como lembraram por seguidas vezes senadores presentes na plenária que aprovou a reforma eleitoral: trata-se de uma maneira para coibir ataques e ofensas feitas contra candidatos por quem se esconde atrás do anonimato.

Há, no entanto, um problema quanto à definição vaga de anonimato no texto, argumenta o pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, Marcelo Träsel.

"O problema é que esse parágrafo não define o que é anonimato", afirma. Ele argumenta que até mesmo aqueles que blogam usando apelidos (ainda que suas identidades sejam amplamente conhecidas) podem ser classificados como anônimos em uma possível interpretação jurídica.

Outra possibilidade aventada pelo pesquisador é um comentário feito no nome (real) de outra pessoa. Ainda que se use nome e sobrenome, "ninguém garante que seja a mesma (pessoa) que está falando. Isso não é mais crime eleitoral, mas de falsidade eleitoral", diz.

Ambas as possibilidade deve ser levadas em consideração pelos mais prevenidos. "Se fosse dar uma sugestão a um blogueiro, diria para assinar comentários com o próprio nome e moderar os que forem anônimos", explica. O conselho vale também para quem opera um fórum online ou comunidades em rede social destinados ao debate político.

Em um cenário menos extremo, Träsel pondera a possibilidade de contatar o candidato criticado por leitor anônimo para que haja uma resposta oficial logo que o comentário for ao ar, o que impediria a interpretação de difamação por parte do respectivo político.

Nem a lei, no entanto, pode impedir que blogs difamatórios sejam criados em serviços hospedados fora do Brasil ou com empresas sem operação no Brasil. Situações como essas que praticamente inviabilizariam a quebra de sigilo exigida pela Justiça para se chegar aos culpados e aplicar a punição prevista pela Constituição.

O cuidado, obviamente, se traduz em um esforço maior por parte daqueles que cuidam de blogs, comunidades em redes sociais e fóruns. "No final das contas, o blogueiro fica responsável pelo que está no site", sintetiza. O esforço, porém, é inimigo também da Justiça. "Quem vai fiscalizar isso?, questiona Träsel.

Direito de resposta
A questão levantada pelo pesquisador ecoa opinião do professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Massimo di Felice, ao comentar as dúvidas envolvidas na segunda restrição a blogueiros prevista no texto final da reforma eleitoral: o direito de resposta.

Ao prever que um blogueiro deve abrir seu blog à resposta de um candidato supostamente ofendido, usando o mesmo destaque e com o dobro de tempo de exposição do conteúdo original, a reforma eleitoral emula na internet restrições que fazem sentido em mídias analógicas - rádio e TV, por exemplo- , como espaço reduzido para programação.

Para que a lei se tornasse aplicável, Felice seria necessário rastrear toda a rede. "Quero ver quem vai ficar monitorando todo site e blog para ver se há ataques a um candidato. Na TV era fácil, são sete ou oito canais. Agora, é objetivamente inaplicável. Trata-se de uma lei cômica, coisa absolutamente hilária”, afirmou ele ao IDG Now!.

Para o blogueiro, na prática a distorção pode guiar os usuários mais precavidos a consultar advogados antes da publicação de conteúdos potencialmente ofensivos em uma plataforma de relativa relevância, para que não haja exploração indevida do artigo 58.

A impossibilidade de aplicação da lei tal como formulada, diz Felice, mostra como, por mais que na teoria haja perigos para blogueiros, a tendência na prática é haver sua aplicação em "casos muito extremos, com uma difamação muito grande", algo que deve ser punido a título de exemplo para os outros, afirma Träsel. Ainda assim, um pouco de cuidado não faz mal a ninguém.


Blogueiros relatam dificuldades enfrentadas por ações na Justiça no Brasil

Por Guilherme Felitti, do IDG Now!

Caso do Resenha 6, pressionado a tirar do ar post com críticas a bar, é exemplo mais recente do encontro entre blogs e tribunais no País.
A pressão dos sócios do bar São Bento sobre os responsáveis pelo Resenha em 6, blog que publicou crítica desfavorável ao estabelecimento, é o mais novo capítulo de um crescente fenômeno que deve deixar os blogueiros preocupados: o encontro entre blogs e tribunais.

O caso do Resenha em 6, que tirou o post original do ar e vem negociando com advogados do bar, é emblemático também por mostrar como a alardeada liberdade que blogs ofereceriam frente aos veículos já estabelecidos esbarra na capacidade financeira que blogueiros têm para custear suas defesas na Justiça.

O post original publicado por Raphael Quatrocci em 20 de setembro foi o gatilho para uma notificação extrajudicial enviada pela empresa Dinamite Itaim Choperia, que administra o bar, por criticar o atendimento do São Bento e chamá-lo de “pior bar do sistema solar”.

Além de citar o potencial enquadramento do blog por injúria e difamação, os sócios afirmam pela notificação que foram alvo de falsidade ideológica, já que um suposto administrador do bar comentou o post com ameaças a Rafael. A Dinamite defende que não tem nenhum funcionário de nome Jonas Steinmayer.

No dia seguinte à notificação, o Resenha em 6 tirou do ar não apenas o post original, mas também o comentário do suposto administrador e a mensagem no perfil do Twitter do blog com incentivo a comentários dos leitores.

“Ainda que com a consciência de não ter feito absolutamente nada de errado, não temos nenhuma intenção de entrar numa batalha jurídica - que, dependendo do caso, deve ser mais fácil de levar do que investir na qualidade do serviço”, afirma o post que explica o imbróglio.

Segundo o jornalista Juliano Barreto, criador do Resenha em 6, as advogadas tanto do blog como da empresa que administra o bar negociam para que o caso não vá à Justiça – a proposta do Resenha em 6 é republicar o post, sem o comentário do falso administrador.

"Golpe do RH" no primeiro caso
Um dos primeiros casos em que um blog brasileiro se viu em problemas com a Justiça não teve notificação. O advogado Fernando Gouveia soube que a empresa de contabilidade de sua mãe (no nome de quem o domínio estava registrado) estava sendo processada após a publicação de um comentário anônimo no blog coletivo Imprensa Marrom, em agosto de 2004.

O problema estava em um post publicado cinco meses antes por uma colaboradora do blog (cujo nome Gouveia não releva) que criticava o “golpe do RH”, em que candidatos eram entrevistados para vagas que não existiam. O post não citava nomes de companhias.

“Nos comentários, leitores começaram a citar nomes de empresas em seus relatos (sobre o golpe) ou transcreviam trechos de fóruns. Um comentário anônimo usou o nome completo (do sócio da consultoria que processou o Imprensa Marrom) falando que ele era gay”, detalha Gouveia, cuja persona na internet brasileira é conhecida como Gravatai Merengue.

Dois anos depois, a juíza responsável pela audiência deu ganho de causa ao réu sem que a defesa fosse ouvida, condenando Gouveia a pagar três mil reais ao acusador. O blogueiro recorreu da decisão e o caso atualmente está parado no Tribunal de Justiça, esperando para que sua apelação seja julgada.

“Eu apelo para voltar o processo e ter uma audiência. Não apelo só pela minha inocência, mas peço um processo em que eu possa me explicar. Foi um caso meio estranho”, define ele, que teve de recorrer a um agravo de instrumento para que apenas o post, e não todo o blog, fosse tirado do ar até o veredicto final.

Em suas contas, o processo já lhe consumiu 3,5 mil reais dos encargos com advogado, além de viagens para São José dos Campos, onde a ação foi iniciada, e despesas jurídicas pelo recurso.

Na hipotética situação da Justiça considerar Gouveia culpado, a exclusão definitiva do post (que saiu do ar após a citação) ou mesmo do blog não será suficiente como punição, já que a ação pede indenização por danos morais – uma condenação na Justiça deverá elevar os gastos de Gouveia além dos milhares de reais já consumidos.

O caso A Nova Corja
Caso mais emblemático que o do Imprensa Marrom é do blog gaúcho A Nova Corja, focado principalmente em comentários sobre a política do Rio Grande do Sul. Criado em 2004, o A Nova Corja acabou em agosto de 2009 em função da rotina atribulada de seus colaboradores, mas o desgaste causado por quatro processos movidos contra o canal apressou o fim.

“O Rodrigo (Álvares, cofundador do blog) começou a trabalhar no jornal O Estado de S. Paulo. É inviável seguir o ritmo de redação e tocar um blog. Eu concluí minha tese de doutorado em agosto – comecei a escrever em 2008. Não teria como continuar. E teve muito gasto com advogado. Não foi o principal, mas ajudou”, afirma Walter Valdevino, blogueiro do A Nova Corja citado em todos os processos movidos.

Três dos processos foram movidos por dois jornalistas gaúchos, enquanto o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) conseguiu liminar que exigia que o blog retirasse do ar “dados do empresário que vendeu a casa para a (governadora do Rio Grande do Sul) Yeda Crusius”, com multa diária estipulada em mil reais por desobediência.

Como o domínio do blog estava em seu nome, Walter foi processado por um post escrito por Rodrigo, em ação criminal derrubada pela Justiça gaúcha em outubro de 2008. Ainda restam um processo civil, com audiência marcada para o 19 de outubro, e outra ação criminal, parada na Justiça até que os endereços corretos de todos responsáveis pelo A Nova Corja, fora Walter, sejam listados.

Segundo estimativas próprias, os custos envolvendo os processos (que vão da contratação de advogados à elaboração da defesa, passando pelas audiências) já consumiram mais de 10 mil reais, o que obrigou tanto Walter como Leandro Demori, outro blogueiro do A Nova Corja, a adquirirem empréstimos financeiros com amigos e familiares.

“É muita grana. É coisa para tornar inviável ter um blog independente. O único fator que segura (em situações envolvendo Justiça, como é seu caso) é estar vinculado a algum portal ou ter alguma estrutura jurídica por trás. A Nova Corja não tinha isto”, afirma Walter.


Guia legal para blogueiros
A Fundação da Fronteira Eletrônica (da sigla em inglês EFF), grupo criado nos Estados Unidos para proteger os direitos digitais dos cidadãos, criou um guia legal para blogueiros que pode ser usado como base para guiar a publicação de assuntos espinhosos. O documento, porém, é voltado exclusivamente para a legislação norte-americana. O Brasil não tem guia legal semelhante.

No documento, a EFF esclarece questões envolvendo processos por infração de direitos autorais, difamação e divulgação de informações privilegiadas, com tópicos exageradamente básicos que fundamentam todos os principais percalços que blogueiros podem enfrentar durante a atualização de seus blogs.

Pelo ineditismo em um setor que historicamente não havia sido confrontado tão explicitamente com os tribunais, os casos do Imprensa Marrom, do Resenha em 6 e, principalmente, do A Nova Corja abrem precedentes perigosos para a blogosfera no Brasil. Como Walter sintetiza, o caso do blog gaúcho dá a ideia de que, “com 3 ou 4 processos, você quebra alguém que está independente”.


Chaves é a cara da Globalização

Do Blog do Luis Nassif, por Alessandro

A coisa mais universal que existe na televisão é o Chaves. Não o Hugo Chavez. O Chaves mesmo, aquele programa do SBT.

Desde que sou criança é a mesma coisa… Sempre passando o Chaves. E, no entanto, impossível ver aquelas cenas e não parar nem que seja um pouquinho para ver. O Chaves é a cara da globalização. O programa é mexicano, mas não há quem diga isso. Ele poderia ser brasileiro, norte-americano, polonês, russo e até africano. A sua essência é universal: ingenuidade misturada com maldade, que dão um humor explosivo. Um programa sem retoques. Sem politicamente correto. Sem regras definidas pelos padrões de audiência.

Ali naquela vila, que bem poderia ser um cortiço da periferia de São Paulo, vive uma criança miserável, órfã e que apanha o dia todo: o Chaves. Ele é foco do programa, mas acaba servindo de escada para outro personagens, como Kiko – o almofadinha maldoso e O Sr. Madruga – um cara que goza de todos os predicados pejorativos e motivadores de preconceito: é vagal, fuma, bebe, tem tatuagem. Ao mesmo tempo, é um cara de uma bondade inacreditável.

Quem pesquisar na internet vai encontrar muita coisa sobre o programa e uma leitura muito mais completa e aprofundada das personagens. Até achei um cara que fez uma dissertação de mestrado sobre o programa.

O que mais me chama a atenção é a vanguarda na linguagem. O Programa que assistimos até hoje foi rodado nos anos 70 e início dos 80. E o desejo de fazer humor mostrando as coisas como elas são estão lá.

Sem hipocrisias e sem o falso “bom mocismo” que mediocrizam programas de TV. Muita gente criticava, no alvorecer do modismo da psicologia familiar para qualquer coisa, que o programa mostrava famílias desestruturadas, pessoas com vícios, relações de violência, opressão… enfim, coisas que ninguém jamais veria no mundo perfeito das novelas. Grande bobagem.

Claro que o programa tinha seus exageros, como no episódio em que o Sr. Madruga apaga uma bituca de cigarro na mão do Kiko. Mas olha: que era engraçado era.

E quem não acha, é porque é uma Gentalha, Gentalha!!!


terça-feira, outubro 06, 2009

Mais uma do Rio 2016

Do Blog do Juca Kfouri e da CBN:

Lição de cidadania


Enquanto alguns babam ovo e vêem bairrismo, ou espírito de porco, onde há apenas preocupação em fazer bom jornalismo, eis que a seção de cartas do carioquíssima "Globo" de ontem traz uma lição de cidadania.

As únicas três cartas que se referem a Olimpíada-2016 são exemplares, todas elas da Cidade Maravilhosa.

A leitora Nemoara M.M.Silva, diz: "Alô, governantes. Não façam das Olimpíadas em terras cariocas uma farra do boi. Nossa esperança é a de que a imprensa fique atenta. O Rio merece".

Já o leitor José Luiz de Jesus Salgado diz: "Num país onde existem corrupção e graves denúncias envolvendo pessoas e instituições públicas, esperamos que o planejamento e o trato com a coisa pública na Olimpíada de 2016 sejam feitos com transparência e seriedade, sem interesses escusos, para que estes não superem a vontade de sediar uma Olimpíada e o efetivo amor pelo esporte".

Finalmente, Elson de Azevedo Burity escreve: "No Pan de dois anos atrás prometeram urbanizar o bairro do Méier, do Engenho de Dentro e adjacências. O resultado pífio é aquilo que se vê até hoje: nada. Na Vila Olímpica, após serem vendidos todos os imóveis, cerca de 90% deles permanecem desocupados por falta de documentos da prefeitura. E o metrô ligando a Zona Sul à Barra da Tijuca? Vislumbra-se uma farra futura de corrupção, nepotismo e irresponsabilidade com o erário público".

São leitores dando exemplo a jornalistas, alguns que nem cariocas são, que só fazem babação.


Viagem ao tempo do double-deck

Por Bia Kunze no Tecnoblog




Minha sala de estar tem uma daquelas enormes estantes com rack que, além de abrigar TV, som, DVD player, etc, tem aqueles espaços para guardar coleção de CDs e DVDs. Esses espaços já estavam lotados faz tempo, mas não é por isso que os deixei de usar. É que comprar CD e DVD tem se tornado coisa cada vez mais rara, salvo um ou outro box de seriado ou sequências de filmes – a maioria, ganhos de presente.

Mas olhar aquele amontoado de coisas estava me incomodando mais a cada dia. Além de juntar poeira, já que eles nunca saíam dos seus nichos, estavam interferindo na decoração da sala. Por mais arrumadinhos que estivessem, iam contra meu senso de “clean”. Um belo dia, numa tarde de domingo, tirei tudo de lá (com direito a máscara, por causa da asma) e no lugar coloquei uns poucos objetos de decoração, porta-retratos, etc. Numa casa onde não há tapetes nem cortinas (apenas persianas), tive a sensação que desalojei de vez os últimos ácaros que coabitavam meu lar.

Olhei o aparelho de som. Ele tem uns 20 anos de uso, mas continua em excelentes condições. Na época em que foi comprado, era um arroubo de ousadia não vir com toca-discos. No lugar, ele orgulhosamente trazia uma enorme gaveta com capacidade para 5 CDs, para ouvir “horas de música ininterrupta sem repetição”. O supra-sumo da modernidade! Intimamente, dei risada. Estava com medo de apertar o botão do carrossel de CDs e uma aranha pular de lá de dentro. Hoje, praticamente só uso a saída auxiliar, devidamente ligada no computador-mediacenter.

Enchi um armário com os DVDs e CDs. Achei algumas coisas que nem lembrava mais que tinha. Filmes velhíssimos da Bette Davis e um do Rodolfo Valentino. (alguém conhece?) Discos do Legião Urbana. Trabalhos audiovisuais da época da faculdade de rádio e TV. Edição de colecionador de “Cantando na Chuva”, com pôster e tudo – presente do marido ainda quando nos conhecíamos. Uma coletânea “10 anos (!) sem Vinícius de Moraes”. DVDs de Cidadão Kane, O Iluminado e Um Estranho no Ninho, que já separei para rever na primeira oportunidade. Um CD do Netinho. (desculpem… é que ô-milaaaaaaa era música tema da minha turma nos tempos da faculdade de odonto).

Aquela faxina se transformou numa viagem no tempo. Boa parte do que eu mais ouvia em MP3 hoje eram coisas que já havia ripado desses CDs há muito tempo. Conversei com o marido, que já pretendia comprar um Time Capsule de 2 TB. Ele também tem uma biblioteca de mídia ótica respeitável. Agora reforçamos os planos e já o colocamos no orçamento para daqui uns meses. Aos poucos, converteremos tudo para digital e, excetuando-se as peças de valor sentimental (tipo o CD do Netinho ), vamos nos desfazer de tudo. Talvez doando para alguma instituição ou biblioteca pública…

A idéia do Time Capsule é ter um super-roteador com armazenamento de sobra e, a partir de qualquer computador da casa, acessar todo o conteúdo que estiver lá. Além de servir de backup para nossas máquinas. Mas, muito mais do que isso, poderemos também viajar e acessar nossas coisas de qualquer lugar, via MobileMe.

Olho para o aparelho de som ligado ao mediacenter na sala e reflito o quanto as coisas mudaram em tão pouco tempo. Como tudo ficou mais fácil, instantâneo e também – por que não – descartável. Há 20 anos consumíamos bem menos mídia que hoje, mas selecionávamos melhor.

Atualmente, na minha sala, a única reminiscência visível do passado é o duplo-deck de fitas cassete do aparelho de som. Até isso se transformou num paradigma: esses tudo-em-um vendiam horrores, todo mundo copiava vinis ou duplicava fitas cassete, mas nenhuma gravadora reclamava disso, lembram?

É. Como o mundo mudou…


Bia Kunze, também conhecida como Garota Sem Fio, teve seu primeiro celular 3 anos antes do seu primeiro PC. É dentista homecare, consultora e palestrante em tecnologia móvel e comentarista da rádio CBN. A paixão pela mobilidade é orgânica: ela não tem a menor paciência de ficar sentada na frente de um computador.


Política Brasileira (assunto para profissionais)

O Presidente Tancredo Neves era quem gostava de dizer que politica não é coisas para amadores, em especial no Brasil (e mais ainda aqui em Minas).

Achei interessantíssimo essas duas análises, uma do quadro, outra da primeira análise no quadro colocádo. Observem:

Do Jornal Valor:

Lula trabalha pela desistência de Serra
2010: Presidente e governistas estariam “espremendo” Serra até levar o governador a desistir de candidatura

Por Raymundo Costa, de Brasília

A troca de domicílio eleitoral de Ciro Gomes do Ceará para São Paulo provavelmente tirou um potencial candidato a presidente, na eleição de 2010, e revela que depois da escolha de Dilma Rousseff para concorrer à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu a retirada do governador José Serra (SP) da disputa como próximo objetivo.

Para se candidatar a presidente, Ciro não precisaria trocar de domicílio eleitoral. O deputado submeteu-se a uma decisão de Lula, na expectativa de que, mais tarde, possa compor uma improvável chapa com Dilma Rousseff ou mesmo ser candidato a presidente pelo PSB, na hipótese de os governistas julgarem necessário o lançamento de mais de um nome para assegurar um segundo turno com José Serra.

A candidatura a vice de Dilma é improvável porque isso retiraria da aliança o PMDB, o maior partido brasileiro. Ciro teria chance de habilitar-se a vice na eventualidade, hoje improvável, de o candidato do PSDB vir a ser o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Ao trocar de domicílio eleitoral, Ciro desgastou-se com os cearenses que o elegeram prefeito de Fortaleza, governador do Estado e deputado federal, além de lhe garantirem uma passagem pela Assembleia Legislativa. É uma jogada de risco, pois não se sabe qual será a reação dos paulistas.

O movimento da peça Ciro foi o principal lance de Lula, ao vencer o primeiro prazo importante para as eleições de 2010. O outro deu-se fora do campo governista: a filiação da ex-ministra Marina Silva ao PV. Ela dificilmente será uma nova Heloisa Helena (P-SOL), agressiva e sem estrutura. Marina é calma e mesmo num partido pequeno, deverá contar com o apoio de movimentos organizados como as ONGs ambientais. Deve ter menos problemas de financiamento de campanha do que Heloísa Helena. Lula preferia que Henrique Meirelles ficasse sem filiação partidária, mas ele decidiu ir para o PMDB.

A mudança de domicílio de Ciro foi decidida em reunião da cúpula do PSB com o presidente. Os dirigentes do partido ainda argumentaram que Ciro candidato a presidente serviria melhor aos interesses do Palácio do Planalto, pois assegurava a passagem de um aliado de Lula para o segundo turno. O presidente respondeu que compreendia o raciocínio dos pessebistas, mas que ele queria Ciro em São Paulo.

Ciro Gomes disse ao Valor que transferiu domicílio eleitoral para São Paulo, mas que a única certeza que tem é a de que será candidato a presidente da República. “Estou tão seguro disso como das duas outras vezes em que disputei (e perdeu)”, disse. O que ele não nega é que entra na campanha pronto para azucrinar Serra. “Vou dizer o que José Serra representa”. E o que o governador paulista representa? Segundo Ciro, “com todos os méritos que ele (Serra) tem, não pode fingir que não representa a volta da turma do Fernando Henrique Cardoso”. Basta observar, segundo o deputado, que Serra governa São Paulo “com a turma de FHC”. Entre outros, cita Andrea Matarazzo e Paulo Renato, ex-ministros tucanos. “O que Serra fez quando o câmbio estava apreciado?”.

O deputado e ex-ministro de Lula ri com desdém quando confrontado com informações segundo as quais não seria o Plano B de Lula na disputa presidencial. Ciro entende que a imprensa ainda não compreendeu e nem deu a devida importância ao que de fato está ocorrendo: eles (os governistas) estariam “espremendo” Serra até levar o governador a desistir de sua provável candidatura a presidente. “O Serra faz uma avaliação ciclotímica”, acredita o deputado. Nas últimas pesquisas feitas, Serra já perde para a soma dos outros candidatos. E ninguém esquece que ele já desistiu uma vez: em 2006 liderava as pesquisas, mas cedeu a vaga para Geraldo Alckmin.

Serra costuma dizer que não será candidato a qualquer custo e que só se decidirá por volta de março. É provável – é seu estilo deixar decisões como essa para o último minuto. Mas a direção tucana não vê um movimento sequer que a leve a especular a eventual desistência de Serra. Pelo contrário, e até com uma certa surpresa, vê o governador de São Paulo bem mais ativo, nas articulações internas, que Aécio Neves. O tucano mineiro trabalha mais no sentido de provar que é capaz de agregar mais apoios.

Semana passada, Aécio conversou com o presidente da República. Deixou claro que, se for o escolhido dos tucanos, não será um candidato antiLula. Ciro diz que, na eventualidade da candidatura Aécio, ele próprio vai repensar a sua. Ele acha que o governador de Minas seria um candidato forte, que de saída levaria 80% dos votos mineiros e não teria dificuldades no Sul, que já vota contra o PT. E na região Nordeste, reduto do lulismo, teria mais chances que Serra. Ciro diz que o país não deseja outro presidente de São Paulo, e que Lula pensa como ele, nesse aspecto em particular.

Aécio, de fato, ampliou o arco de suas articulações políticas fora do PSDB. Ele acena para os tucanos, por exemplo, com a possibilidade de fazer uma aliança com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O Rio é terreno minado para Serra. O governador de São Paulo havia estabelecido uma cabeça-de-ponte no Estado por intermédio do deputado Fernando Gabeira (PV). Mas o cenário muda com a candidatura de Marina Silva a presidente. Cabral, por seu turno, já não demonstra tanto entusiasmo com a candidatura Dilma, o que deve mudar se a ministra voltar a subir nas pesquisas de opinião, como esperam Lula e o PT.

Serra não tem como ignorar Ciro em seu quintal. Segundo os tucanos, a decisão de Lula deixou o governador incomodado. Menos pelo potencial eleitoral do deputado – ‘Ciro é mamão com açúcar’, dizem dirigentes do PSDB -, e mais pelo papel que ele vai desempenhar em São Paulo atacar o governador e baixar o nível da campanha, deixando para a candidata do governo o figurino ‘Dilminha paz e amor’. Partidos aliados dizem haver um acordo tácito Lula-Serra para manter elevado o nível da campanha eleitoral, em 2010. A prática aponta outra direção..

Pouco antes de mudar de domicílio, Ciro disse que Serra tinha alma mais feia do que o rosto. O deputado do PSB queixa-se de que a imprensa deu destaque a sua declaração, segundo ele publicada fora de contexto. No entanto, ignorou uma frase de Serra em que o governador diz que as críticas a um projeto do Palácio dos Bandeirantes não passavam de “trololó político”. Segundo o dicionário Aurélio, trololó significa “música de caráter ligeiro e fácil”. Mas na linguagem popularmente quer dizer “nádegas”. Trololó é uma expressão constante no vocabulário de Serra. “Trololó petista”, costuma dizer o governador.


Do Blog do Luis Nassif:
 
O quebra-cabeça das eleições
Luis Nassif


O quebra-cabeças político não é para qualquer um. O repórter colhe dados, informações, rumores e tem dificuldade para entender o jogo, quando há a necessidade de deduzir as peças que faltam. O analista recolhe dados incompletos, monta um quebra-cabeça com algumas peças, deduz as peças que faltam, para chegar à conclusão final.

O bom repórter, se não for analista, acaba se confundindo com os sinais.

É o que ocorre no Valor de hoje, com a matéria que afirma que a intenção da estratégia eleitoral de Lula é inviabilizar a candidatura José Serra.

O repórter juntou peças e raciocínios, alguns corretos, alguns incompletos, para chegar a uma conclusão errada.


Seu raciocínio:

1. Lula teria estimulado Ciro Gomes a mudar o domicílio para São Paulo (informação provavelmente correta).

2. Lula teria estimulado Marina Silva a se mudar para o PV (informação com baixa probabilidade de ser correta). Ambos – Ciro e Marina – tiram votos de José Serra.A evidência na qual o repórter se baseia é no fato de Marina não atacar o governo Lula. Ora, reside nessa estratégia sua única chance de capturar votos de dissidentes do PT que jamais aceitariam Serra. Se ela se tornasse uma antilulista, aí sim se poderia dizer que estaria disputando o espaço com Serra.

3. O papel de Ciro seria o de assumir a frente anti-Serra (provável), liberando Dilma Roussef para ser a conciliadora. Mais à frente, seria o vice de Dilma (muito cedo para essas certezas).

O raciocínio está certo quando apresenta o plano A (com Dilma) como o da conciliação) e o B (com Ciro) como o da guerra.

Mas não tem como combinar o fim do jogo, com Dilma e Ciro casando-se politicamente no final e sendo felizes para sempre. Foi dada a largada e só mais à frente se saberá qual alternativa está mais avançada, se A ou B. Tem-se uma obra aberta, que comportará vários finais.

4. A partir desses dados, como o alvo principal parece ser Serra, o repórter conclui que a estratégia de Lula será a de inviabilizar a candidatura Serra. Aí faltou a sutileza do analista.

O Planalto centrou a estratégia de ataque em São Paulo simplesmente porque São Paulo é a alma do PSDB nacional e o reduto do antilulismo mais intransigente.

Há uma dupla relação de causalidade nesse jogo.

* A força de Serra reside no antilulismo paulista. E sua imagem está fortemente blindada pela mídia.

* O crescimento do lulismo depende da derrubada dessa blindagem. E ninguém melhor que Ciro para ousar esse desafio.

O erro central da análise está justamente sua conclusão final. Interessa ao Planalto enfraquecer Serra (e, por tabela, o PSDB em São Paulo), mas não tirá-lo da disputa. Teme-se muito mais o fato novo – representado por Aécio – do que o candidato conhecido, com a imagem imprudentemente colada ao do político de maior rejeição da história moderna do país: Fernando Henrique Cardoso.

Comentário Meu:

Não Acredito, de fato, em toda essa orquestração observada pelo primeiro analista. De fato creio que as canditaturas de Marina Silva e Ciro Gomes, são, para o Lula mais problemas com que se deve lidar, do que ferramentas para minar uma eventual candidatura de José Serra. O mundo perfeito para a candidatura da Dilma, seria sim, a eleição plebsitária projetada por Lula e pelo PT. Marina aparece enfraquecendo a candidatura oficial, e o Ciro chega absorbendo em parte a aura da continuidade (atrapalhando Dilma ainda mais). A transferência do domicílio eleitoral do Ciro Gomes é uma forma de ele se manter como plano B de Lula à candidatura da Dilma, mas mantendo para si, também, a possibilidade de um plano alternativo, com uma possivel candidatura ao governo de São Paulo ungida com o apoio e a indicação do Presidente Lula.

Concodo com o Nasif em relação a candidatura do Aécio (que não está morta ainda, acreditem), e se para Biografia do Lula, seria interessante para ele poder dizer que não haveria opositores ao seu governo entre os candidatos a sucedê-lo. Porém o Risco (que já é grande) da candidatura de Dilma Roussef naufragar, torna-se ainda maior no caso da Candidatura do Governador de Minas que tem muitas boas relações entre expoentes da base que apoiaria a candidatura da Ministra.

Por fim, do meu ponto de vista, esse atribuo muito do quadro formado e das decisões tomadas, mais ao feeling dos envolvidos, do que a planejamentos e estratégias mirabolantes.


A Microsoft e os Danos do Monopólio

por Luis Nassif no seu Blog.

Li no excelente caderno Link, do Estadão, que o Xbox, da Microsoft, deixou de ser o campeão de problemas técnicos, entre os consoles de jogo.

Eu nem sabia disso. Acompanhei o inicio da guerra, o alarido infernal preconizando que a Microsoft bateria a Sony nesse campo. Mas só agora fico sabendo que seu aparelho foi o campeão de reclamações. E em uma nota que afirma que isso é passado. De um tempo para cá o Xbox teria dado a volta e tornou-se o aparelho com menor número de reclamações.

Daqui a algum tempo é possível que apareça outra matéria informando que em setembro de 2009 o Xbox ainda dava muitos problemas, mas agora…

Em outra revista leio que o aparelho que a Microsoft lançou com estardalhaço para concorrer com o iPod, detém parcelas insignificantes do mercado americano. Deverá ser desativado em breve.

Em uma outra matéria, a informação de que a Microsoft admite que o Windows Vista foi o maior fracasso (“menor sucesso”, como diz um executivo da empresa) da história da empresa. E o Windows Mobile, para celulares, caminha para a irrelevância.

Fica cada vez mais claro a extraordinária importância do marketing positivo na história da companhia.

Quando saíram os primeiros Outlooks, uma geringonça inadministrável, só se ficava sabendo dos defeitos e reclamações de uma versão quando eram lançadas novas versões corrigindo as anteriores.

Agora, será lançado o Windows 7. Um sucesso total, de acordo com as pesquisas que a empresa divulga – e são aceitas acriticamente pela mídia especializada. E me lembrei do extraordinário sucesso de público que foi o Windows Vista.

Li uma boa avaliação na Infoexame. Nada que me fizesse abrir mão do XP no Toshibão. E menos ainda dos meus Macs. A edição analisa a nova versão do OS do Mac e o Ubuntu. Terminei a leitura pensando em fazer uma nova tentativa com o Ubuntu em uma das partições do Toshibão.

O ponto mais interessante é que, enquanto a nova versão do OS-Leopard, da Apple, será lançada por menos de R$ 100,00, o Windows Vista terá o estratosférico preço de R$ 700,00. E porque isso? Porque o último monopólio que restou à Microsoft é das redes empresariais de grandes empresas que usam o Exchange. Se ela entrar na guerra de preços, garante o futuro, mas esmigalha o próximo balanço.

Já existe um movimento consistente – da Google à IBM – para oferecer redes virtuais como substituta das redes internas das empresas. Essa nova onda irá conquistar rapidamente pequenas e médias empresas. As grandes corporações exigirão níveis de segurança maiores. São elas o último reduto do poderio da outrora imbatível Microsoft, centrado em dois produtos básicos: o Exchange e o Office (incluindo o Messenger).

Toda a criatividade exibida antes de se tornar monopólio, exauriu-se com o monopólio. Cadê o OneNote, o Sharepoint, as comunidade de relacionamento, os produtos virtuais? Rompeu-se em um momento qualquer em que a competição deixou de ser a mola mestra da empresa, substituída por manobras jurídicas, conluio com setor público e abusos de poder de mercado.

Comentário Meu:

Desde de a fantástica jogada do Bill Gates de licenciar o DOS, gratuitamente, e abocanhar quase todo o mercado de sistemas operacionais no mundo, a microsoft nunca mais deu uma dentro (se analisarmos a qualidade de seus produtos). Enfim a Microsoft sempre foi uma empresa de excelente negociantes, mas não de programadores, programas e produtos top de linha.


A Olimpíada que perdemos. Sempre

Por Clóvis Rossi para a Folha de São Paulo


Não deixa de ser pedagógico o fato de as Nações Unidas terem divulgado o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) apenas 48 horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decretado que o Brasil passara a ser um país de "primeira classe", porque o Rio fora escolhido para sede da Olimpíada de 2016.

Não, presidente, o Brasil é de 75ª classe, a sua classificação no IDH, vexatória como sempre.

Aliás, toda vez que sai um ranking internacional que mede algum aspecto do desenvolvimento humano, o Brasil passa vergonha.

Ficou, desta vez, quase empatado com a Bósnia-Herzegovina. Ajuda-memória: a Bósnia-Herzegovina é aquele pedaço da antiga Iugoslávia que passou faz pouco menos de 20 anos por um genocídio --e nada é mais devastador para o desenvolvimento humano que uma guerra como aquela.

O Brasil, ao contrário, não tem uma guerra desse tipo desde a do Paraguai, no remoto século 19. Não obstante, empaca no desenvolvimento humano desde sempre.

O que torna ainda mais desagradável o resultado é o fato de que, nos 15 anos mais recentes, o país teve dois governos de eficiência acima do padrão usual e de proclamadas intenções sociais --algumas realizadas, outras nem tanto ou nada.

O Brasil de fato passou a ter, nos últimos anos, um peso internacional inédito na sua história, mas o IDH só dá total razão ao que escrevi domingo, para a Folha: "Nada de perder a perspectiva: os que fizeram a viagem [rumo à primeira classe] são poucos, pouquíssimos políticos, um bom número de diplomatas e funcionários públicos graduados, um número crescente mas ainda pequeno de empresários. É uma vanguarda que, se olhar para trás, verá que a grande massa ainda come poeira".

A ONU assinou embaixo. E de quebra desmontou a falácia dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como as grandes potências de um futuro próximo. A Rússia ficou pouco acima do Brasil, no 71º lugar; a China, bem abaixo, no 92º. A Índia, então, é de terceira classe no capítulo desenvolvimento humano (134º posto).

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "EnviadoEspecial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

Comentário do Maurício Noriega (de cujo Blog tive acesso a esse texto através do post O mais importante era ganhar outra Olimpíada):

Brilhante texto do Clóvis Rossi sobre a posição do Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Vale a pela ler aqui.


É ótimo ter os Jogos no Rio em 2016 e a Copa em 2014, mas só seremos um País de primeira classe quando vencermos essa outra Olimpíada, a da dignidade. O resto, inclusive a ilusão do pré-sal (uai, antes não era o etanol a nossa salvação?) é fanfarronice política.
 
Comentário Meu:
 
Ainda escreverei aqui sobre, a campanha a escolha e a realização dos jogos olímpicos no Rio em 2016. Mas é imprescindível a tomada de consciência de nós todos enquanto povo e enquanto nação das nossas prioridades verdadeiras.
 
Em tempo, Maurício Noriega é empregado das organizações Globo, a grande e maior patrocinadora dessa patriotada toda... meus parabéns pela postura...


segunda-feira, outubro 05, 2009

Jovem Nerd leva o prêmio VMB de Blog do Ano


Publicado Originalmente no Meu Dejavu do amigo Coutinho.



O Jovem Nerd ganhou nesta quinta-feira o prêmio VMB da MTV na categoria Blog do ano. Totalmente merecido para os caras mais bacanas da internet brasileiras. Parabéns @azaghal e @jovemnerd.


Jovem Nerd no VMB


A Lei de Lula

Publicado por Daisy Carvalho no Blog da Dai


Este aí é o Lúcifer. Ou melhor, hoje, depois de milhares de anos, passou a ser conhecido como Satanás, que significa adversário. Dependendo do ponto de visão, ele pode ser considerado parceiro, amigo, mestre. A conotação adversário, por exemplo, é pertinente a quem está do lado oposto. Se há adversário, significa que há dois lados.

O outro lado é Deus, o Todo-Poderoso. O que criou os céus e a terra, com tudo que há neles. Entretanto, para Satanás, Deus, seus anjos de luz, querubins, e seus seguidores na terra (homens), é que são seus adversários.

Teologicamente, ou melhor, do ponto de vista antropológico, não convém, por medidas cautelares da sociologia, que o homem por si só defina ou redefina o que certo e errado. Contudo, existe uma característica um tanto misteriosa pertinente à nossa existência, que é chamado pela psicologia e outras ciências de inconsciente coletivo.

Está contido num lado do cérebro humano há gerações. Alguns conceitos imutáveis de certo e errado, que vem associar-se espontaneamente aos mandamentos de Moisés. Isto é uma conotação do bom adversário. Não significando, todavia, que o homem há que definir-se: Deus ou Satanás.

O homem, ao contrário dos espíritos, convive, desde sua criação, com as moléculas da inconstância. Dubiedade faz parte do caráter humano. Dúvidas e crises existenciais. Nem mesmo um dos apóstolos de Jesus Cristo, o Judas Escariotes escapou de tal ameaça. O caráter não pode ser definitivo sem treinamento espiritual.

Fica claro, ao menos para mim, que a dificuldade que encontramos em aceitar Deus como mantenedor de nossa existência, talvez seja a dose excessiva de liberdade, o livre arbítrio pertinente à raça humana. Independente da religião, haverá nela o bem e o mal. É possível encontrar pessoas boas nas religiões mais dúbias em seu caráter formativo, como também, a exemplo de Judas, o mal habita em toda parte.

No final das contas, acredito que uso de imagens são de pouca valia. Já temos a propensão a crermos até em pedras e gravuras. A ilustração acima é só para somar ao post.

Ghandi teve um sonho que cresceu. Hitler também.

As novas políticas brasileiras apontam para uma guerra de religião. Desafetos do presidente Lula que não se sabe se está com os evangélicos ou com os umbandistas. De alguma forma, esse Deus que a tudo criou não está contido nesses homens dúbios.

Com relação a imagens, bom advertir que a gravura acima, segundo os Evangelhos, comete um erro – a chave que Satanás segura em sua mão não mais lhe pertenceria. Teria este sido derrotado pelo leão de Judá, que tomou-lhe a chave da vida e da morte, o que garantiria a salvação do homem.

Respeito as religiões. Da evangélica, mesmo não entendendo o Bispo Macedo que, dizem, destina quarenta por cento do dízimo arrecadado à TV Record – a qualquer manifestação. Porém, levantam-se dois lados dentro da política brasileira. Deus versus diabo?
Aguardemos.