O Gênero ficção científica, é dentre todos, o que mais é capaz de gerar polêmica em seu público, por dois grandes motivos, o segundo é pela forma bem caracteristica em que a crítica da sociedade contemporânea a obra feita. O primeiro, e mais primordial, é a própria crítica. Assumindo, esta primeira premissa, fica fácil definir que o gênero teve, na história da humanidade, quatro grandes gênios: Júlio Verne, o precursor de todos eles, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Philip K. Dick, são os grandes representantes novescentistas (o século mais afeito a este tipo de linguagem).
(Aqui cabe explicar aos não iniciados, que o gênero ficção científica consiste em elaborar uma realidade alternativa, em via de regra no futuro,, e dentro desta realidade criar uma trama para destilar uma crítica consistente velada sobre uma característica presente e determinante da sociedade em que está inserido o autor da obra de ficção). Dentro disso os quatro nomes citados são grandes monstros sagrados incomparáveis, cada um em seu estilo característico, em especial, Philip K Dick, objeto deste ensaio.
Já li bastante coisa do Dick (entre elas: "Do Androids Dream of Eletric Sheep" ou numa tradução livre "Será que Andrides Sonham com Ovelhas Elétricas) e vi ainda algumas outras coisas adaptadas para o cinema. De tudo que eu vi, o Philip deve se nenhuma injustiça ser classificado como um gènio escritor de ficção científica ou, um esquizofrênico incontrolável (ou pelo menos integrante de um grupo de risco para assim ser classificado).
(Aqui cabe nova explicação; pela qualidade, profundidade ,tipo e enfoque das críticas realizadas em obras de ficção científica, os grupos de pessoas que se interessam pela obra são facilmente identificáveis e classificáveis como NERDS, ARTISTAS, FILÓSOFOS, LOUCOS ou cientistas que tenham em sua linha de pesquisa algum parâmetro similar ao de algo que tenha sido citado na obra), exatamente por isso as pessoas que tomam estas obras como referências importantes sejam, injustamente não levadas a sério pelas pessoas em geral, assim como seus autores, que muitas vezes ficaram estigmatizados como autores menores, pelos críticos de seu tempo.
Determinadas todas as qualidades da proposições filosóficas que Philip K Dick é capaz de nos colocar, e todas as condições que levam (ou levaram) os intelectuais (ou pseudo-intelectuais) a menosprezar sua obra, quero aqui dizer alguma coisa sobre o grande tratado de filosofia e sociologia que é "Do Androids Dream of Eletric Sheep". Quero dizer principalmente, que se trata de um livro que através das técnicas bem desenvolvidas de literatura de ficção científica, desnuda completamente a condição, os desejos e as necessidades humanas, em contraposição as regras determinações e politicas vigentes em seu tempo. Enfim, em toda sua obra Philip é genial, neste produto em especifico é simplesmente sublime.
Ridley Scott é um diretor de cinema raro. Não é um fantástico diretor de atores, como foi o sensacional Glauber Rocha, que definia cobrava e exigia cada detalhe das atuações. Não Scott pelo contrário dá toda liberdade para os atores viverem as realidades de seus personagens,nunca perdendo o controle sobre a história que será contada, porque todo o mundo em que se passa a história, o roteiro, os detalhes de como a história será contada e até a escolha do elenco que viverá os personagens da história ficam sob responsabilidade deste diretor, que sempre monta cenários perfeitos, com enquadramentos e ritmos muito bem colocados, para atores escolhidos com esmero inigualável. Enfim para sobrepujar este grande diretor em qualquer dos seus trabalhos, o mínimo que seria necessário é a genialidade, e essa pode ser suficiente para superá-lo em quase toda a sua obra, mas não no caso desta obra em que trato nestas linhas.
A história contada na tela Grande, de Deckard e os replicantes que ele é incumbido de caçar é simplesmente inigualável sobre todos os aspectos, não é somente uma obra prima do escritor do livro, do roteirista que adaptou, do diretor, do produtor, de um dos atores ou todos os atores; mas um caso único de obra prima de todos os envolvidos, desde o diretor aos contra-regrados atores aos figurinistas, do compositor da trilha sonora aos maquiadores. É insuperável.
Enfim, Blade Runner é uma história fantástica, contada por um sensacional contador de histórias, com uma equipe magnífica, numa jornada extremamente bem aventurada.
Para mim que conheço profundamente a obra, e já apreciei três versões que foram lançadas do Blade Runner e um documentário sobre a produção, além de diversos textos e outras críticas em mídias diversas, o que eu mais gostaria e desejo ver, seria a primeira versão (a de quatro horas), a totalmente sem cortes, que o Ridley e seus assistentes mais próximos viram antes de fazer os primeiros cortes para levar aos financiadores. Deve ser Quaquer coisa.
ED
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