domingo, janeiro 17, 2010

Bono Vox, o embaixador da bobagem

por  Paulo Germano do blog fo remix e do jornal ZERO HORA

Mal começou o ano e, pelo amor de Deus, lá vem o Bono Vox dizendo bobagem. Pudera: quem mandou o New York Times ceder para ele um espaço de opinião? As pessoas deveriam ter aprendido, ainda nos anos 1980, que pedir a opinião do Bono Vox é pedir para ouvir bobagem. Mas, enfim, o cara é vocalista do U2…
Bono Vox escreveu um artigo, publicado no domingo, achincalhando quem baixa gratuitamente músicas na internet. Até existem argumentos razoáveis para condenar essa prática, mas Bono Vox prefere sustentar suas “teses” emraciocínios estapafúrdios. Por exemplo: “Uma década de compartilhamento e roubo de arquivos comprovou que os prejudicados são os artistas. Sobretudo os jovens compositores, que não conseguem se sustentar apenas com a venda de camisetas e de ingressos para shows.”
Mentira deslavada! Nenhum jovem compositor teria a petulância de reprovar o download gratuito, como o fazem veteranos feito Bono Vox e Caetano Veloso. Simplesmente porque jovens compositores devem suas carreiras à internet, devem suas vidas à internet, devem cada centavo que ganham à internet, afinal foi a internet que deu a eles o poder de atingir milhares de pessoas sem depender da boa vontade e do questionável aval das grandes gravadoras.
E, se existe um ponto positivo no download gratuito, é exatamente este: quem escolhe os artistas de sucesso agora é o público, e não meia dúzia de cartolas. Ao contrário do que afirma Bono, os artistas que publicamente condenam essa prática são milionários como ele — modelados em outra geração, resistem à adaptação a uma nova realidade fonográfica. E o Remix entende, até concorda com alguns argumentos contrários ao download gratuito. Mas discorda dessa hipocrisia fajuta de Bono Vox, que tenta defender os próprios interesses simulando uma defesa aos fracos e oprimidos.
Bono Vox consegue piorar as coisas ainda mais em outro trecho do texto. Diz que a ofensiva dos Estados Unidos contra a pedofilia na internet revela como “é totalmente possível controlar o conteúdo” que circula na rede. Mas que barbaridade! Logo Bono, que sempre se meteu a engajado — e sempre meteu o bedelho onde não é chamado —, agora compara a exploração de uma criança com a exploração de uma musiquinha do U2.
Deveria abrir a boca só pra cantar. E olhe lá.


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