sábado, abril 29, 2006

Medo X Esperança X Traição X Postura

Vocês se lembram há quatro anos durante a campanha para presidente aquela polêmica que deu aquela coisa da propaganda politica do medo contra a esperança? Pois é. Se não lembram vamos recordar: um dia apareceu na propaganda do José Serra aquela atriz, que já foi namoradinha do Brasil, a Regina Duarte, fazendo um papel mais deprimente que aquelas Helenas chatíssimas que o rei maior da alienação Manoel Carlos inventa para ela. Regina aparecia falando do medo que ela tinha de ver o país sendo presidido por uma pessoa sem estudo, sem preparo e semexperiência, por isso ela ia votar no Serra que tinha sido ministro e inventado os genéricos (excelente invenção pra um doutor antes de ser bacharel). Foi criticadíssima essa participação. Pouco depois, outra atriz, também Duarte, só que com mais a dizer, mulher corajosa, de atitude, inteligente e linda (com todo respeito, Oswaldo Montenegro). Era a Paloma Duarte, que apareceu na propaganda o Lula, o recado que ela trazia não diminuía os avanços alcançados pelo país em qualquer área, mas apontava as mazelas que ainda se impunham (e que ainda se impõem) ao nosso povo e da esperança que ela tinha de essa situação mudasse se o Brasil tivesse um governante mais preocupado com o povo pobre deste país e que tivesse uma outra lista de prioridades. Essa participação foi aplaudidíssima e não por acaso pertenceu a campanha vitoriosa.

O meu voto em particular não foi decidido por esse embate de atrizes, ela estava decidido desde quando eu aos 10 anos de idade acompanhei pela TV uma campannha maior e mais bonita 1989.
Nessa época eu vi realmente mobilização de um povo realmente esperançoso votando a maior parte deles pela primeira vez; os artistas, os intelectuais, os líderes de movimentos sociais, de associações de bairros, aquelas pessoas que se preocupam, aquela parcela da população que votaria com certeza mesmo que o voto não fosse obrigatório todos cantando que queriam que brilhasse a nossa estrela. Foi ali que decidi meu voto pelo Lula, mas lá ele perdeu pr'aquele político fabricado pelo Sr. Roberto, nosso antigo cidadão Kane.

O que seguiu aquela eleição com aquele governo de "marketismo" e depois de escândalos só me fez ficar ainda mais certo dos votos que eu viria a dar.

Mas enfim em 2002 Lula venceu. Era a chegada ao poder daquela parcela da população que queria distribuição de renda, educaçãoe saúde públicas de qualidade para o povo sofrido que faz a riqueza dessa nação. Era a hora de virar um país sério, onde trilharíamos, enfim, um caminho de desenvolvimento que troxesse benefício para todos os que participam dessa construção.

Pelo menos era pra ser. E seria não fosse a traição que sofremos do nosso candidato. A tão propalada mudança que esperávamos não veio. Veio uma outra em direção oposta, mais radicalismo em seguir regras ditadas por um mercado onde quem ganha mais é quem manda no jogo, e nenhum brasileiro manda no jogo, quem ganha um pouco são os mesmo que ganhavam antes, aquela velha classe dominante do Brasil. E quem financia esses ganhos? Os miseráveis, os pobres e a quase extinta classe média do país. Não bastasse isso, ainda fomos obrigados a ver que se houve alguma coisa em que nossos novos governantes mostraram ter bom tino foi em usar verbas públicas em benefício privado, coisa que fizeram da forma mais exageradamente grande que nem na época do império foi tão descabida. Nem na honestidade coisa que tinhamos certeza que teríamos fomos atendidos.

O resumo dessa história até aqui é esse: A Esperança venceu o Medo. A Traição venceu a Esperança.

Mas dos meus votos, não me arrependo não. Não compactuo com o que está aí, nem com o que antes estava. Aprendi com o que já aconteceu, como espero que também a sociedade brasileira aprenda, e acredito que um dia aprenderá. Meus candidatos doravante são aquelas pessoas que eram oposição no "governo só dos ricos", e que também são oposição no "governo ainda mais só dos ricos".

Assim quem sabe um dia A Postura vença a Traição.

Agradecido pelo tempo dedicado a esta leitura, fico a disposição para publicar seu artigo, diga ele o que disser. blogdoed@gmai.com .

ED


2 comentários:

Anônimo disse...

Quem realmente acompanhou a Campanha de 2002, quem "perdeu tempo" analisando as propostas e programas dos candidatos, já sabia que o Governo Lula não seria muito diferente do anterior. Ele próprio dizia isso. É só lembrar so episódio da "Carta Aberta ao Povo Brasileiro" em que deixava claro que não mudaria radicalmente os rumos da política econômica tucana. Passada a eleição, ficamos aguardando a grande transformação, o tal "espetáculo do crescimento" que nunca veio. Isso, aliado à famigerada paralisia de nossos congressistas que não fazem o que tem de fazer e, por causa disso, também impedem que nós façamos o nosso trabalho (melhor). Pra completar, a corrupção. Isto que era quase que uma antítese do PT até pouco tempo atrás, virou a sua maior marca em sua primeira experiência no comando da Nação. Escândalo após escândalo, chegamos à triste constatação de que PT e PSDB, de acordo com brilhante metáfora de um afamado sociólogo brasileiro (que depois darei o nome), são as torres gêmeas da política brasileira. E há bons argumentos para que se insinue que pelo menos uma delas pode começar a ruir nas próximas eleições.

ED disse...

Mendelson, foi brilhante seu comentário, mas preciso fazer apenas um pequeno questionamento, como nós pessoas que perderam tempo analisando as propostas dos candidatos em 2002 poderíamos imaginar que quando na carta aberta ao povo brasileiro que Lula disse que não faria grande mudanças na economia, que as poucas mudanças que le faria seriam em direção oposta ao que ele seu partido sempre pregaram? Levando nosso país a ser hoje uma economia ainda mais liberal do que quando o PFL fazia parte do governo que tanto era criticado pelo PT? Era realmente previsível que uma revolução socialista não aconteceria no governo de Lula isso era claro,mas um recrudescimento da implantação das políticas neoliberais eu não esperava. Talvez inexperiência minha....