domingo, janeiro 30, 2011

Rivaldo no São Paulo é conflito ético



Rivaldo é um baita sujeito. Humilde, sem afetações, vencedor.
Isso lhe garante a eterna admiração de quem gosta ou trabalha com futebol.
Mas não lhe dá imunidade ética para participar de uma transação esdrúxula como esta em que será jogador de um time e presidente (e dono) de outro no mesmo campeonato, ao mesmo tempo.
Não dá.
São Paulo e Mogi Mirim são concorrentes. Fazer vista grossa para isso sob o inconsciente argumento de que “o Mogi é pequeno, não vai chegar mesmo” é frágil e inaceitável.
Se Rivaldo tiver que enfrentar o time do qual é proprietário, quem garante que não vai mandar que ele facilite o jogo? Com que seriedade um funcionário dele vai marcá-lo?! Com que empenho o goleiro vai tentar evitar um gol do patrão? Quem vai poder confiar que o Mogi não vá ajudar ao São Paulo (ou vice-versa) contra outros adversários?
Não desconfio em nada do caráter de Rivaldo. Não mesmo. Acredito que o caso é de distração acomodada. Mas sua ida para o São Paulo, sem a desvinculação formal do Mogi, representa um óbvio conflito de interesses, que afeta a todos os outros clubes do Paulistão.
Será bom tecnicamente? Difícil adivinhar. Particularmente, acho improvável que Rivaldo ainda tenha grande relevância em campo para o tamanho do São Paulo. O prazo de validade parece vencido.

Mas se, quase aos 39 anos, ele não quer perder a oportunidade de jogar no Tricolor, que por sua vez quer aproveitar a chance de gastar pouco com um jogador consagrado, que sejam felizes.
Só não deveriam se submeter ao constrangimento que pode arranhar a credibilidade de todo um campeonato.
Rivaldo tem uma história limpa a zelar. E o São Paulo também.

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