quinta-feira, setembro 17, 2009

Kid A, Quase uma década… ou: Radiohead no Brasil



Um dia você acorda e descobre que a sua banda de rock foi escolhida por todos como a mais importante da sua década, o que você faria?

Thom Yorke e seus companheiros de banda, o Radiohead, preferiram se isolar e sumir por mais de dois anos. Após o desaparecimento eles tentaram graver um disco, mas a imensa sombra de seu trabalho anterior, o já clássico “Ok, Computer”, projetada sobre suas mentes fez os criativos “cabeças de radio” travarem.

Em quase sete meses de estúdio nada saía. Ou pior, o que saía soava ruim, abaixo das suas capacidades e a sombra ia aumentando, deixando o futuro da banda mais adorada do momento – e você tem que lembrar que essa década era a do rock agressivo dos grunge - negro.

Até que um dia Thom Yorke acordou com uma idéia genial: vamos gravar de uma forma nova: cada membro vai para um estúdio diferente – espalhado pelo mundo - os trechos do que é gravado por cada um, por dia, é enviado por computador. No outro dia, aquele trecho recebe novos intrumentos em outro estúdio e segue para outro até que a canção fique completa.

Como chamar uma idéia maluca como essas? Nome perfeito: “Kid A” – uma lenda entre os pesquisadores do genoma que afirmavam que os nazistas já haviam tentado a experiência de clonar um ser vivo, e que esse projeto se chamava Kid A.

E logo no título do álbum, o Radiohead dizia o que pretendia: achar um som tão perfeito quanto o do seu disco anterior, nem que pra isso seus membros se afastassem e tentassem o seu melhor de forma metódica e solitarias, como os cientistas o fazem.

“ ‘Kid A’ é o Revolver do Radiohead”.

Essa frase dita ou escrita em algum lugar no distante outubro de 2000, quando o disco foi lançado, sempre me pareceu bem intencionada, mas mal realizada. Explico: “Revolver” foi a revolução no som dos Beatles, esse passo já havia sido dado pela banda de Thom Yorke ao lançarem “Ok, Computer”.

Em “Kid A” eles conseguiram desconstruír o mito Radiohead em 10 canções, que não tocaram em canto nenhum e que não lideraram listas dos melhores dos críticos de plantão.




Ali você encontrava de tudo, assim como o “Magical Mistery Tour”, dos Beatles: banda moderna (“Everything In Its Right Place” e “Idioteque”), experimentalismo ao bom e velho estilo Kraftwerk (“Kid A” e “Treefingers”), rock com postura e balançado (“The National Athen”), músicas estranhas para se ouvir em dias de chuva (“How to Disapear Completely”, “In Limbo” e “Motion Picture Soudtrack”) - como só a banda de Yorke é capaz de fazer, viu Chris Martin? e ainda sobrou espaço para o próprio Radiohead (“Optimistic” e “Morning Bell”).

Era estranho? Sim, essa era a intenção. E genial? Claro, é Radiohead.

E “Kid A” fez algo pela banda que o já citado “Magical…” fez pelos 4 fantásticos: separou o jôio do trigo e somente, ou seja, os que realmente gostavam do Radiohead os seguiram. Nota 9,0!

Ah, mesmo mostrando que a intenção era ser anticomercial – como em certa parte de “Optimistic’ em que Yorke berra que aquilo era o anti marketing - a banda conseguiu atingir o primeiro lugar da Billboard daquele ano, mas foi apenas por uma semana.

Rodrigo Castro
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO artedamiseenscene.blogspot.com  EM 28/03/2009 POR BRENO YARED


2 comentários:

Daisy disse...

Lembrei do Motörhead. O baixista Lemmy Kilmister formou a banda ainda nos anos 60 e foi roadie do Jimi Hendrix (uau!). A maturidade chegou por aqui, mas ninguém tirará de mim os Rock'in Rio, onde um desfile de bandas passou por aqui, em três versões. Foi legal.
Abraço. :)

ED disse...

Fico feliz de vocë ter ido aos Rock'n Rio (e com um pouco de inveja também).

Agora vc lembrar do motorhead, me surpreendeu deveras... não esperava...