quinta-feira, setembro 10, 2009

O Caso Piquet - Briatore / Triste Retrato de Nosso Tempo

A declaração do Piquezino a FIA:

"Eu, Nelson Ângelo Piquet, nascido em 25 de julho de 1985 em Heidelberg, Alemanha, morando atualmente em Mônaco, disse o que segue:




1 - Salvo prova em contrário, os fatos e declarações contidas neste depoimento são baseadas em fatos e assuntos de meu conhecimento. Acredito que os fatos e declarações contidos neste depoimento são verdadeiros e corretos. Sempre que quaisquer fatos ou declarações não estiverem dentro de meu próprio conhecimento, eles serão verdadeiros ao melhor de meu conhecimento e crença e, se este for o caso, indico a fonte deste conhecimento e desta crença.



2 - Faço esta declaração voluntariamente à FIA, a fim de permitir que ela exerça suas funções de supervisão e regulamentação no que diz respeito ao Mundial de Fórmula-1.



3 - Estou ciente de que existe um acordo entre os participantes do Mundial de F-1 e todos os titulares tem sua superlicença para assegurar a justiça e a legitimidade do campeonato, e estou ciente das consequências caso forneça à FIA informações falsas ou enganosas.



4 - Entendo que a minha declaração completa foi gravada áudio e que uma transcrição completa será disponibilizada para mim e para a FIA. O documento constitui um resumo dos principais pontos abordados durante minha declaração verbal.



5 - Gostaria de trazer os seguintes fatos ao conhecimento da FIA.



6 - Durante o GP de Cingapura, realizado no dia 28 de setembro de 2008, fui convidado pelo Sr. Flavio Briatore, que é tanto meu 'manager' quanto diretor da equipe Renault, e pelo Sr. Pat Symonds, diretor técnico da mesma equipe, a bater deliberadamente meu carro, a fim de influenciar positivamente o desempenho da Renault no evento em questão. Concordei com esta proposta e conduzi meu carro para acertar o muro, provocando um acidente entre as voltas 13 e 14.



7 - A proposta de provocar deliberadamente um acidente me foi feita pouco antes da corrida, quando fui convocado pelo Sr. Briatore e pelo Sr. Symonds no escritório do Sr. Briatore. O Sr. Symonds, na presença do Sr. Briatore, perguntou se eu estaria disposto a sacrificar minha corrida pela equipe por um safety car. Todo piloto sabe que o safety car entra na pista quando há um acidente que a bloqueia ou joga detritos, ou quando há um carro parado onde é difícil resgatá-lo, como foi o caso.



8 - No momento da conversa, estava em um estado mental e emocional muito frágil. Este estado de espírito foi provocado pelo estresse intenso causado pelo fato de que o Sr. Briatore se recusou a informar da existência da renovação de meu contrato de piloto para 2009, como habitualmente ocorre no meio da temporada (entre julho ou agosto). Ao contrário, o Sr. Briatore repetidamente pediu-me para assinar uma "opção", o que significava que eu não estava autorizado a negociar com outras equipes no mesmo período. Ele repetidamente me colocou sob pressão para prolongar a opção que tinha assinado, e iria me chamar regularmente em seu escritório para discutir a renovação, mesmo em dia de corrida - um momento que deveria ser apenas para concentração e relaxamento. Este esforço foi acentuado pelo fato de que, durante o GP de Cingapura, tinha me classificado em 16º no grid, então estava muito inseguro sobre meu futuro na Renault. Quando me pediram para bater o carro e provocar a entrada do 'safety car' a fim de ajudar a equipe, aceitei porque esperava que pudesse melhorar minha posição na equipe neste momento crítico da temporada. Em nenhum momento fui informado por qualquer pessoa que, ao concordar em provocar um incidente, eu teria garantido a renovação de meu contrato ou qualquer outra vantagem. No entanto, no contexto, pensei que seria útil para alcançar este objetivo. Por isso, concordei em provocar o incidente.



9- Após a reunião com o Sr. Briatore e o Sr. Symonds, o Sr. Symonds me puxou para um canto tranquilo e, usando um mapa, apontou-me para a curva exata da pista onde eu deveria bater. Esta curva foi escolhida porque aquele local específico não possui guindastes que permitiriam que um carro danificado pudesse ser rapidamente removido da pista, nem possui entradas laterais, o que permitiria que um fiscal pudesse empurrar rapidamente o carro para fora dela. Assim, considerou-se que um acidente neste lugar específico seria quase certo de provocar uma obstrução da pista e que, portanto, seria necessária a entrada do safety car a fim de permitir que a pista fosse limpa e para assegurar a continuidade da corrida.



10 - O Sr. Symonds também me disse em que volta exata, eu deveria provocar o incidente, de modo a proporcionar a meu companheiro de equipe, o Sr. Fernando Alonso, uma boa estratégia, já que ele faria seu reabastecimento pouco antes da entrada do safety car, durante a 12ª volta. A chave para a estratégia reside no fato de que o conhecimento de que o safety car entraria na pista entre as voltas 13 e 14 permitiu que a equipe fizesse no carro do Sr. Alonso uma estratégia agressiva de combustível, suficiente para chegar a 12 voltas, mas não muito mais. Isso permitiria que o Sr. Alonso ultrapassasse o máximo de carros possível, sabendo que os carros teriam dificuldade em recuperar o tempo perdido depois do pit stop devido à implantação posterior do safety car. A estratégia foi bem sucedida e o Sr. Alonso venceu o GP de Cingapura de F-1 de 2008.



11 - Durante as discussões, não foi feita qualquer menção de quaisquer preocupações no que diz respeito à segurança desta estratégia para mim, para os espectadores ou para os outros pilotos. O único comentário feito neste contexto foi realizado pelo Sr. Pat Symonds, que me alertou para "ter cuidado", dizendo que não deveria me ferir.



12 - Intencionalmente causei o acidente, deixando o carro sair lateralmente pouco antes da curva. A fim de me certificar que eu provocaria o acidente durante a volta certa, perguntei para a minha equipe por diversas vezes, através do rádio, para confirmar o número da volta, algo que não faria normalmente. Não me feri no acidente, nem ninguém.



13 - Após as discussões com o Sr. Briatore e o Sr. Symonds a "estratégia do acidente" nunca foi discutida novamente. O Sr. Briatore discretamente disse "obrigado" após o final da corrida, sem falar mais nada. Não sei se alguém tinha conhecimento da estratégia no início da corrida.



14 - Após a corrida, informei ao Sr. Felipe Vargas, amigo da família, o fato de que o acidente tinha sido intencional. O Sr. Vargas ainda informou meu pai, o Sr. Nelson Piquet, algum tempo depois.



15 - Depois da corrida, vários jornalistas perguntaram sobre o acidente e me questionaram se eu havia feito de propósito, porque sentiram que era "suspeito".



16 - Na minha equipe, o engenheiro do carro questionou a natureza do incidente, porque achou incomum, e respondi que tinha perdido o controle do carro. Acredito que um engenheiro inteligente notaria que os dados de telemetria indicariam que o acidente foi causado de propósito, já que continuei acelerando, enquanto que o "normal" seria frear o mais rapidamente possível.



Declaração de Verdade



Acredito e juro que os fatos citados nesta declaração são verdadeiros.



Este depoimento foi feito na sede da FIA em Paris, no dia 30 de julho de 2009, na presença do Sr. Alan Donnelly (chefe dos comissários da FIA), Sr. Martin Smith e Sr. Jacob Marsh (ambos investigadores da empresa Quest, mantidos pela FIA para ajudar na investigação). As notas foram tomadas pela Sra. Dondnique Costesec (Sidley Austin LLP).



Assinado:



Nelson Piquet Jr."


Por tudo que está aí, e pelo que isso envolve, creio que seja tudo verdade, devo dizer que torci muito para que não fosse, mas desde que o Reginaldo Leme revelou essa história na última corrida, eu meio que sabia que era verdade.

Então vamos partir daí, por que eu torci para que não fosse verdade? Porque o Piquet (pai) é na minha opinião o melhor piloto que eu vi, e eu  transferi, para o filho, a torcida, que eu já tinha para o pai.

Mas não mais, e agora eu vou explicar as diferenças das gerações...

O Piquet Senior, teve de brigar com o seu pai para ir ser piloto, se fez por si, sabia tudo de carro, modificou a história da fórmula 1 sendo responsável pela incorporação de um monte de tecnologias. Ganhou três títulos, era competitivo, e se não era simpático, pelo  menos era homem.

O Juninho, coitado. Teve tudo na mão. Equipe do papai e tudo mais. Chegou a fórmula 1 novo e com uma carreira vitoriosa. Mas ainda moleque e imaturo.

A atitude que ele tomou, se forçado, ou não, foi extremamente infeliz e sou obrigado a concordar com o que disse o Rubinho. Na carta acima ele diz sabe das consequencias de pestar informações falsas a FIA, mas será que ele não sabia das consequencias de cometer aquela fraude que ele agora assume. O pai dele teria dado uns sopapos no chefe, se isso lhe fosse sugerido, e creio que foi meninice do Júnior não fazê-lo. Ao topar uma coisa dessa, ele só por isso já demonstra uma fraqueza de caráter tremenda, que o coloca no mesmo patamar do Briatore, que há muito é sabido é o pior caráter de circo todo.

Ele ter feito questão de deixar pistas no caminho, e de  ter usado isso para manter o emprego, demonstrou que ele pelo menos não é um tapado completo, como o próprio Briatore demonstrou ser, ao não acreditar na ameaça que foi colocada pela família Piquet de revelar tudo.

Se a carreira do Briatore se acaba aqui (graças a deus), com a imagem de um total anti-ético e covarde. A do Nelsinho também se encerra... com a imagem de anti-ético, pau-mandado e dedo-duro. Ou seja, ao contrário do pai, não honra as calças que veste.

Que coisas estranhas,acontecem na fórmula 1, sempre aconteceram, o próprio Rubinho que o diga, o Schumacher que ganhou um título em cima do Hill e tentou ganhar outro em cima do Villeneuve causando acidentes (isso quando ele trabalhava para o Briatore). O Senna e o Prost em dois anos seguidos feraram um com o outro lá no Japão... enfim.

Mas penso que a ética do empregador nesse caso é essa:... se faz, mas não se denuncia. O Piquezinho não deve ser punido, pela delação premiada, será então um portador da super-licença desempregado, por ser completamente indigno de confiança.

O Nelsão, coitado, deve ter ficado puto, quando soube dessa história, fez o que pode para evitar o mal maior, mas quando o sangue subiu resolveu ferrar com o Briatore, e não acho que fez errado.

Agora ele talvez queira ter uma equipe para empregar  Juninho, mas aí nada será resolvido, porque continuará sendo um filhinho de papai que só tem emprego porque o papai manda. E isso não é uma característica de alguém que vá marcar alguma coisa.


3 comentários:

Dai disse...

Oi!
Obrigada pela citação. É sempre bom ver um espaço democrático sendo aberto hehe. Só não me lembro de onde nos conhecemos. A gente se conhece? :P

Fênix

Flaviano, O Flaivis disse...

Que belza de post Ed, parabéns!

A verdade é a seguintte:
O Nelsinho conseguiu jogar na lama tudo o que o pai conseguiu conquistar em sua brilhante carreira. E olha que foi só 1 ano e meio de F-1. Tudo que o o nome Piquet representou para o esporte motor mundial e para o esporte nacional vai ser apagado por conta de uma "borrada nas fraldas" de um garoto mimado. Só resta a dizer: - Sorte Nelson Piquet (o pai) você é um campeão e não merecia isso.
Sds,Flaivis

ED disse...

Agradecido pelas visitas, de vocês dois, venho dizer-lhes...

À Daisy, que bom que você gostou da abertura desse espaço democrático (é sempre bom que haja espaços democráticos, e que as pessoas gozem dele e o valorizem). De fato, não nos conhecemos, mas já trocamos uma idéia via blogs, li umtexto seu do Lavoura Arcaica (o livro), comentei e você agradeceu. Daí te indiquei o meu texto sobre o Lavoura Arcaica (o filme), você veio leu e comentou.

Como eu achei o seu texto bacana, tanto no escrever, quanto no pensar, comecei a acompanhar o teu blog, via googlereader... E neste momento de agora em que resolvi, tanto utilizar mais esse espaço, e essa idéia desse blog, resolvi escrever mais e integrá-lo mais a rede. Daí pus as indicações e os feeds dos blogs de amigos, de conhecidos, e os que uso como fonte e que acompanho. Dentre eles o seu, pessoa que gostaria inclusive de convidar para evedntualmente escrever aqui também. Um Abraço.

Ao Amigo Flaviano, quero dar os parabéns pelo herdeiro vindouro, agradecer a visita, o elogio ao texto, e sua inscrição para seguir o este humilde blog. Além de querer reiterar, o convite já feito para que venha integrar o time que aqui escreve, vindo abrilhantar este espaço. Saudações.